MP denuncia professor acusado de abuso sexual contra ex-aluna

'Eu vou lutar até o fim', diz mãe da adolescente

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 26 de maio de 2021 às 15:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O Ministério Público estadual (MP) ofereceu à Justiça uma denúncia contra o professor da Escola Adventista de Paripe acusado de abusar sexualmente de uma ex-aluna.  A medida foi tomada nesta terça-feira (25). Agora, cabe ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA) acatar ou não a denúncia.  “É a justiça sendo feita. E eu vou lutar até o fim. Espero que ele seja punido com todo o rigor da lei para que nunca mais cometa esse crime”, declarou a mãe da menina, advogada Gizella Santos da Costa, 42, na manhã desta quarta-feira (26). A filha dela cursava o 6º e o 7º ano quando teve as partes íntimas tocadas pelo acusado nos corredores da escola e na própria sala de aula. Por conta dos abusos, a fiha dela teve depressão e síndrome de pânico e ainda hoje precisa de medicamentos para lidar com o trauma.   No dia 11 deste mês, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra à Criança e o Adolescente (Dercca), indiciou o professor pelo crime de estupro de vulnerável, encaminhando o inquérito ao MP. Por sua vez, o MP divulgou nesta manhã a seguinte nota: “O Ministério Público estadual ofereceu ontem, dia 25, denúncia por crime de estupro de vulnerável quanto ao caso de suposta violência sexual cometida contra uma então estudante, quando possuía dez anos de idade, em uma unidade escolar de Salvador entre os anos de 2016 e 2017. O MP não concederá entrevistas em razão do processo correr em sigilo, por envolver vítima menor de dezoito anos à época dos fatos”.  A escola, instituição tradicional em Salvador, faz parte da Rede de Educação Adventista, que adota um ensino baseado em princípios bíblicos. Procurada pela reportagem, a Rede de Educação Adventista, que atua há mais de 120 anos no Brasil com Educação Infantil ao Ensino Superior, informou que ao tomar conhecimento dos fatos, afastou e demitiu o professor. "A escola afastou o professor suspeito e, posteriormente, realizou a demissão. E está colaborando com as autoridades policiais, inclusive prestando esclarecimentos. O professor foi ouvido pelo conselho escolar e alegou inocência. A escola continuou apurando responsabilidades. O afastamento aconteceu por ocasião de uma comunicação detalhada da parte da mãe (de uma das alunas)", disse comunicado enviado pela unidade de ensino. A Rede de Educação Adventista disse ainda que o comportamento vai de encontro aos princípios ensinados pela escola e "exatamente por isso a escola está colaborando com as autoridades policiais prestando esclarecimentos e colaborando com as apurações".  A unidade informou ainda que vai reestruturar a central de relacionamento já existente, para melhorar o diálogo com pais e alunos, inclusive com aqueles que já fizeram parte da instituição. "A ideia é ampliar possibilidades de escuta e de assistência aos pais em situações semelhantes.  Além disso, como parte do Plano de Ensino, já ocorre o trabalho com temas que combatem toda e qualquer forma de abuso Isso envolve o  cuidado na adoção do material didático, que reforça a conscientização aos alunos, como, também, a realização de oficinas, palestra, escolas de pais, e formações docentes que abordem esses temas importantes para a formação integral do indivíduo". Por fim, a Adventista informou que "a escola vê com grande preocupação, e se coloca à disposição e incentiva os pais a apresentarem denúncias para ajudar na apuração e no enfrentamento ao problema". O CORREIO tentou  contato com o professor por uma rede social, mas não obteve sucesso, porque o perfil foi deletado. A reportagem também tentou o contato de advogados do professor, mas, também, sem sucesso.  O nome do professor não será revelado nesta reportagem, por se tratar de um indiciado, sem ter ocorrido condenação ainda. Flagra O CORREIO conversou com uma testemunha ouvida no inquérito da Dercca, que terá seu nome e sexo preservados nesta reportagem. A pessoa afirma que ouviu relatos de abuso sexual de pelos menos quatro meninas, que dizem ter sido vítimas do mesmo professor. Sobre uma delas, a pessoa entrevistada diz que flagrou parte do ato. “Quando cheguei na sala vi a menina totalmente constrangida e ele passando a mãos sobre os ombros dela”, contou a testemunha, que acrescentou ainda que o comportamento do acusado no dia a dia era questionado pelos alunos.“Ele falava várias frases com conotações sexuais para as meninas, muitas sequer entendiam. Lembro de uma certa vez que ele disse: ‘Vocês chegaram aqui com uns limões e hoje estão com uns melões’. Ele fala dos seios das meninas e ninguém intendia o porquê o professor falava essas coisas”, lembrou. 

Ainda segundo a testemunha, algumas meninas vítimas do acusado confidenciaram lhe confidenciaram as violências. “Mas nenhuma outra teve a coragem de falar para a mãe como fez essa que denunciou ele. Muitas até hoje sofrem caladas ou compartilham entre si o aconteceu, mas não falam para os pais, por vergonha”, disse. 

O CORREIO tentou contato com o professor por uma rede social, mas não obteve sucesso, porque o perfil foi deletado. O nome dele será preservado por ainda não ter ocorrido uma condenação.