Mudança climática: O risco que afeta a todos nós

Emissão de gases do efeito estufa representa série de ameaças à população. Casos de dengue tendem a aumentar

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  • Murilo Gitel

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (foto: Arquivo CORREIO)

Quem é que não gosta de passar o dia sob a paisagem paradisíaca do Porto da Barra? O que pouca gente sabe é que os prazeres proporcionados por aquela que já foi considerada a terceira melhor praia urbana do mundo correm risco de desaparecer. O responsável? O aquecimento global, processo de mudança da temperatura média da atmosfera e dos oceanos que está em processo acelerado graças às atividades humanas que emitem gases do efeito estufa (GEE). 

Funciona assim: o acúmulo de altas concentrações de GEE na atmosfera bloqueia o calor emitido pelo sol e o prende na superfície terrestre, o que aumenta a temperatura média da Terra. 

Mas o que o Porto da Barra tem a ver com isso? É que de acordo com estudos do professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) José Maria Landim, que é doutor em Geologia Marinha, o aumento do nível do mar deverá atingir de 0,5 a 1 metro nos próximos 80 anos. Embora pareça pouco, essa mudança seria suficiente para ‘engolir’ as praias com faixa de terra mais curtas, o que, além de afetar um dos lugares mais famosos da cidade, também atingiria praias nas áreas mais baixas de Salvador.

“As avenidas Oceânica e Otávio Mangabeira avançaram na faixa de areia, diminuindo a largura das praias, que não terão para onde recuar com o avanço do mar”, observa Landim. 

O aquecimento global é, de acordo com Landim, o principal responsável pelo aumento do nível dos oceanos. “Isto decorrerá, principalmente, por não haver espaço para as praias migrarem no sentido do continente”, projeta o especialista. 

Saúde Além de aumentar a intensidade, frequência e impacto de eventos climáticos extremos (sejam de frio ou calor), o aquecimento global também representa consequências nocivas à saúde humana, como problemas cardiovasculares, respiratórios e até mesmo desnutrição, apenas para citar alguns.

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma das doenças potencializadas pelo aquecimento global, segundo dados do estudo publicado na revista científica Lancet. O trabalho revelou que a capacidade de o inseto transmitir a doença aumentou, globalmente, 9,4% desde 1950 como resultado do aumento das temperaturas. O cenário ficou mais acentuado a partir de 1990 – de lá para cá sua capacidade de transmissão cresceu 3%. O número anual de casos de dengue, de acordo com o estudo, dobrou em cada década desde 1990, atingindo 58,4 milhões de registros em 2013, com 10 mil mortes no mundo.

Cidades Parte considerável das soluções contra o aquecimento global está nos centros urbanos. “O tempo de adaptar as cidades para essa realidade é agora. Há uma oportunidade de tornar os municípios mais sustentáveis, saudáveis e verdes”, defende a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz-BA, Nelzair Viana. Ela coordenou um estudo que mostrou que a redução das emissões de gases poluentes despejados pelos ônibus da capital na atmosfera obteve resultados diretos na saúde pública.

A substituição de 20% da frota pela tecnologia padrão Euro VI (com filtro de partículas) evitou uma média de dez óbitos na cidade por agravamento de problemas cardiovasculares e respiratórios decorrentes da poluição do ar. “Quando saem pelo escapamento dos veículos, as partículas do diesel mais poluente penetram no pulmão e no sangue. Demonstramos que se 100% da frota utilizasse um filtro (padrão Euro VI) , um total de 68 mortes seriam evitadas”, explica a especialista.  

Consequências do aquecimento global 

 Desertificação dos solos   

Escassez de recursos hídricos   

Extinção de espécies animais  

Aumento do nível dos oceanos   

Alta de preço dos alimentos   

Aumento na proliferação de doenças  

Migrações forçadas  

Queda da produtividade no ambiente de trabalho   

fonte  Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês)