Mulher expulsa de ônibus após espirro presta queixa e vai para casa de acolhimento

Cíntia dos Santos aceitou tratamento anti-drogas

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  • Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2020 às 16:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Vitor Santos/Sempre

Depois de ter sido agredida e expulsa de um ônibus por estar sem máscara na quarta-feira (6), Cíntia Santos, de 27 anos, prestou queixa na delegacia contra os agressores, realizou exame de corpo de delito e aceitou uma vaga na Unidade de Acolhimento Institucional, em Ipitanga, voltada para usuários de drogas.

Moradora do bairro de Cajazeiras, ela chegou a ser internada no Hospital Eládio Lasserre depois do episódio que aconteceu a bordo de um coletivo na Estação Pirajá e agora está sendo apoiada pela Secretaria Municipal de Promoção Social de Combate à Pobreza (Sempre).

Na Unidade de Acolhimento, Cintia será encaminhada para iniciar o tratamento contra o uso de drogas e receberá atendimento de equipes multidisciplinares compostas por assistente social, auxiliar de enfermagem, cuidador, educador social e psicólogo. De acordo com a secretaria, no local são ofertados três refeições diárias, além de disponibilização de kits de higiene pessoal.  

Após conversar com Cíntia, a secretária de Promoção Social Ana Paula Matos declarou que está confiante no tratamento.“Esse é um momento muito difícil e delicado para todos nós. A violência contra a mulher precisa ser combatida e punida com todo o rigor. A nossa torcida é que Cintia consiga se livrar da dependência química e resgatar a autonomia dela em nossa unidade de acolhimento. Ela foi muito elogiada pelas pessoas na comunidade. Vi nos olhos dela que realmente deseja mudar e acreditamos muito nisso”, afirmou.

Líder comunitária do bairro de Cajazeiras, Bárbara Trindade também deu depoimento a favor de Cíntia. "Ela é uma pessoa maravilhosa, do bem. Ela usa drogas, mas é trabalhadora, não faz coisas erradas e tem uma mãe sofrida", disse ela, que ajudou a prestar assistência à família. Segundo Bárbara, Cíntia tem dois filhos e um foi fruto de um estupro, o que a teria motivado a iniciar o uso de drogas.

A mãe da assistida, Amaltina Felipe dos Santos, sofreu ao ver o vídeo da filha sendo agredida e agradeceu pelo acolhimento de Cíntia. “Essa vaga na unidade é o meu melhor presente de Dia das Mães que eu poderia ganhar. Não a vejo como uma usuária de drogas. Ela é e será para sempre a minha menina. Agradeço a todos os envolvidos pela oportunidade que estão dando a ela e o apoio a todos nós”, declarou.

O uso da máscara é obrigatório nos coletivos de Salvador desde o dia 23 de abril. Cíntia entrou de máscara do coletivo, mas em seguida afirmou estar passando mal e tirou a proteção do rosto. Testemunhas contaram que um passageiro discutiu com ela e logo em seguida teve início a agressão.

Em entrevista à TV Bahia na ocasião, Amaltina disse: "Quando eu vi aquele vídeo, para mim ali, meu mundo naquele momento acabou. Perguntei a mim e a Deus, ali dentro daquele ônibus, será que só tinha bicho? Porque o que fizeram com minha filha, ali estava sendo um bocado de bicho. Que entrou um bicho e os outros bicho foram pra matar. Esse rapaz de blusa amarela foi o que agrediu mais a minha filha. Eu lhe entrego na mão de Deus. Agora, queria te perguntar uma coisa: Tu tem mãe? Tu tem filhos?", questionou.

Assistência à família

Para além do acolhimento e da oportunidade de tratamento, assistentes sociais e técnicos do Centro de Referência e Assistência Social (Cras) da Sempre também acompanham de perto a família, formada por três adultos e duas crianças. Eles receberão ainda cesta básica e kit limpeza à família para minimizar os impactos provenientes da insegurança alimentar. O Cras Cajazeiras intermediará o recebimento de benefícios sociais.