Mulher trans morta no Largo do Tanque sofria violência doméstica, diz família

Familiares acreditam que companheiro é culpado; polícia diz que caso é investigado

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  • Luana Lisboa

Publicado em 27 de julho de 2022 às 14:26

. Crédito: Arquivo pessoal

A mulher morta a facadas, que teve o corpo encontrado no Largo do Tanque, em São Caetano, na terça-feira (26), vivia sob constantes ameaças e violência doméstica do companheiro. Deysianne França era uma mulher trans, atendida pelo Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTQIA+ do Estado da Bahia (CPDD), e demonstrava a vontade de se separar do parceiro, com quem morava no bairro do Lobato, em Salvador, segundo os relatos.

O tio da vítima conta que presenciou uma cena de ciúmes do companheiro da sobrinha no velório de seu próprio pai. "Ele prendia ela dentro de casa, impedia ela de estudar, e ela sempre me ligava dizendo que estava cansada e queria terminar. Quando o pai dela faleceu, ele teve uma crise de ciúmes no enterro, levou ela pro fundo do cemitério e começou a espancar ela", relata Ednaldo dos Anjos."Eu creio que foi ele quem fez esse homicídio, motivado com certeza, por ela querer sair de casa,  não querer mais convivência", afirma. A investigação do crime ainda está em andamento pela polícia.Aos 30 anos, Deysianne pretendia terminar o ensino médio e cursar uma faculdade. No entanto, tinha dificuldade de contato com a família, uma vez que o parceiro não permitia.

No CPDD, contava sobre seus sonhos e desejos. "Ela sempre dizia que queria emprego formal, e tinha sonhos, como qualquer outra pessoa. Era muito vaidosa, e tinha sonho de ter a casa dela", conta Renildo Barbosa, coordenador do centro.

A motivação e autoria são investigadas e a Polícia Civil não confirmou ter nenhum suspeito. Procurada, a corporação diz que não há nenhuma atualização sobre o caso. 

A Central de Atendimento à Mulher, acessível através do número 180, presta escuta às mulheres em situação de violência. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

* Com supervisão da subeditora Carol Neves