Museu da Cultura Brasileira

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  • Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2019 às 05:01

- Atualizado há um ano

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O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com projeto formulado pelo antropólogo baiano Antônio Risério, introduziu um novo conceito museográfico, que aliou tecnologia e educação, com uma narrativa audiovisual e ambientes imersivos. Apesar de atualmente fechado, em decorrência de um incêndio ocorrido em 2015, deverá ser reaberto em 2020, totalmente restaurado e atualizado. Vencedor de vários prêmios internacionais, o museu, durante dez anos de funcionamento, recebeu mais de quatro milhões de visitantes. 

O conceito introduzido pelo Museu da Língua Portuguesa é hoje referência internacional e deve balizar novos projetos ainda em fase de planejamento e conceptualização. 

Em Lisboa, há mais de duas décadas, se discute a implantação de um museu dedicado à saga dos descobrimentos portugueses. Recentemente, numerosas controvérsias foram lançadas, dizendo respeito principalmente ao nome e ao enfoque temático do museu. Se no passado a palavra “descobrimento” era aceita pacificamente, hoje em dia já não encontra respaldo entre estudiosos e especialistas no tema. 

Nos últimos anos, numerosos museus em diferentes lugares do mundo têm sido espaços que divulgam novas formas de compreender a história, seja através de instalações permanentes, seja através de exposições temporárias. Os exemplos são variados e podemos destacar o National Museum of American History and Culture, em Washington, o International Slavery Museum, em Liverpool, e o museu Bartolomeu Dias, na África do Sul. 

Também em Salvador, primeira cidade e capital do Brasil, já se discute a oportunidade e viabilidade de se implantar um “Museu do Descobrimento”. Se a saga portuguesa teve origem em Lisboa, foi no litoral baiano que esta se configurou com maior impacto histórico. Salvador, hoje, detém o maior conjunto arquitetônico da época colonial e abriga, melhor que qualquer outra cidade do Brasil, um magnífico acervo cultural representativo das principais culturas que vieram a constituir nossa nação. 

Assim como ocorre em Lisboa, o termo Museu do Descobrimento se mostra inadequado e superado. Melhor seria a implantação de um museu voltado para a compreensão da formação da cultura brasileira, com o encontro dos exploradores portugueses com os ameríndios e posteriormente com populações de africanos trazidos para o Brasil, sendo então concebido dentro dessa visão de integração de culturas. 

Poderia se pensar para Salvador num Museu da Formação da Cultura Brasileira, inspirado no Museu da Língua Portuguesa, explorando inicialmente as vertentes das culturas ameríndia, portuguesa e africana.  

O grande desenvolvimento da tecnologia de navegação portuguesa, com ênfase nas grandes embarcações e instrumentos que possibilitaram a navegação transoceânica, as novas rotas de navegação e o comércio de especiarias. 

A cultura dos ameríndios que habitavam o Brasil na época da chegada dos conquistadores portugueses, com ênfase nos povos que habitavam na região que hoje constitui o estado da Bahia, principalmente as regiões de Porto Seguro e Salvador. A cultura dos povos indígenas atuais do Brasil, com destaque para a utilização de meios audiovisuais e interativos. 

A riqueza cultural dos povos africanos, sua culinária, adereços, dança, música e tradições religiosas. O candomblé, a capoeira, e o samba. Instrumentos musicais como o berimbau, cuíca, afoxé, atabaque, tambores e caxixi. 

Exposições temporárias poderiam expor o vasto acervo dos povos ameríndios existentes em outros museus de países latino-americanos, com destaque para mostras do Peru, México e Bolívia. O mesmo poderia ser feito em relação a museus africanos e de países onde a saga dos descobrimentos portugueses também ocorreu, com destaque para o Museu Bartolomeu de Gusmão, na África do Sul, o Museu de Jakarta, na Indonésia, e o Museu da América, em Madri. 

A implantação do museu seria importante fator para uma melhor compreensão da formação cultural brasileira e para o desenvolvimento do turismo em Salvador.    * Osvaldo Campos Magalhães é Engenheiro Civil e Mestre em Administração. Membro do Conselho de Infraestrutura da FIEB.