Nada de chorar no pé do caboclo! Cortejo da Independência reuniu pedidos pelo hexa

Comemoração do Dois de Julho teve cara diferente dos outros anos e mostrou torcedores satisfeitos com a Seleção

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 2 de julho de 2018 às 19:40

- Atualizado há um ano

Por trás da alegria do feriadão e da data cívica máxima da Bahia, mais uma comemoração tomou o largo do Campo Grande, na tarde desta segunda (2). A vitória brasileira - a seleção ganhou de 2x0 para o México - nesta manhã, na luta pelo hexa, foi o maior motivo de euforia em meio ao encerramento dos festejos ao Dois de Julho. Além de celebrar os heróis da luta baiana, os participantes do Cortejo da Independência aproveitaram para comemorar o desempenho dos jogadores em campo e para pedir pelo hexa.

Neste Dois de Julho, a festa cívica não veio somente com um gostinho diferente, mas também com uma outra cara. Ao invés do branco visível nas roupas, os pontinhos verdes e amarelos foram em um número bem maior e se aglomeravam na Praça 2 de Julho, aguardando o carro do caboclo, conhecido por receber pedidos do povo após a solenidade. Maria Cristina, 54 e Veraiudes Santana , 63, foram pedir por mais gols e pelo hexa (Foto: Vanessa Brunt/CORREIO) Geralmente, é ali, na frente do carro simbólico, que as lágrimas rolam soltas em todos os anos. É lá mesmo, aos pés do caboclo, que os problemas são desaguados e as tristezas vem à tona. Mas depois do Brasil passar para as quartas de final, o clima foi outro. Maria Cristina, 54 e Veraiudes Santana , 63, eram só sorrisos, assim como todos ao redor. “Viemos caminhando e pedindo o hexa. Agora vou pedir ainda mais pro caboclo! Hoje é dia de agradecer e pedir mais gols”, conta Maria. Apesar das piadas sobre as constantes quedas de Neymar e das discordâncias entre uns e outros, era unânime: todo mundo que ia fazer um pedido pro caboclo, dessa vez, ia pedir também epo hexa e, claro, não ia esquecer de agradecer pelo alívio.  Para Anderson Borges, 40, esse foi o melhor desempenho do Brasil na Copa (Foto: Vanessa Brunt/CORREIO) “Que susto! O começo do jogo foi tenso. Depois acordamos e mostramos o que somos. O Brasil ainda é o melhor”, disse Anderson Borges, 40, que levou a filha Malu, 2 anos, para curtir o clima da praça, mesmo não tendo o costume de estar presente na festa da independência. “O clima aqui tesá de tanta alegria que não teve jeito. Moramos perto, vi a animação e desci correndo”, comentou. Luana e Mariana vão todos os anos para o cortejo e afirmaram que a energia desta segunda foi diferente (Foto: Vanessa Brunt/CORREIO) Já Luana Simões e Mariana Cardoso, ambas de 27 anos, comparecem todos os anos para o cortejo e puderam afirmar que, de fato, a energia estava bem diferente dessa vez. “O cortejo tem sempre essa pegada de comemoração, mas de uma forma mais melancólica, com reflexão dos problemas e esses pedidos mais dolorosos pro caboclo. Hoje não está assim não. Hoje, a galera está só na alegria e na gratidão. O jogo foi bonito”, conta Luana. Para o pequeno Lucas, de 7 anos – que foi com a família –, Willian foi o melhor jogador da partida (Foto: Vanessa Brunt/CORREIO) Falando em jogo bonito, Ionara martins, 27, e Edilson Souza, 33, também trouxeram seus dois pequenos para curtir o momento em clima de Copa. Lucas, 7 anos, afirmou: “Willian foi brilhante! Foi o melhor jogador”, comemorou. O outro filho do casal, que veio cantarolando pela Casa Pia, escola participante do Cortejo, também pulava de alegria pelo mesmo motivo. “A gente vai ganhar!”. Paulo Renês, 65, estava na fila do carro simbólico para pedir o hexa (Foto: Vanessa Brunt/CORREIO) “Mostramos o poder da coletividade hoje, viu? Tivemos jogadores que se destacaram, mas todos se ajudaram para isso. Teve muito passe de bola, gols que não foram só pra brilhar a estrela de um, mas de vários... Foi um lembrete do que o Brasil já foi em outras Copas, nas quais venceu”, disse Paulo Renês, 65, que estava na fila do carro simbólico para demonstrar sua gratidão e pedir pelo troféu. Popó foi o convidado do ano para levar a Tocha da Independência e também apareceu em clima de Copa e satisfação com a Seleção (Foto: Vanessa Brunt/CORREIO) Popó destacou o papel das mulheres na Independência Em meio às cores da bandeira do país, que apareciam espalhadas nos corpos das pessoas por todo o Campo Grande, o governador Rui Costa, o prefeito ACM Neto e o vice-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Adolfo Menezes, hastearam a bandeira do Brasil, de Salvador e da Bahia, pouco antes da Tocha da Independência receber o seu fogo aceso. A pira foi acesa por volta das 17h por Popó, tetracampeão mundial em duas categorias diferentes de boxe que, desta vez, veio vestido como jogador de futebol. Com a camisa da Seleção, Acelino Popó Freitas também não saiu do clima de festa e de Copa e afirmou:“É uma honra ter sido escolhido para este momento, principalmente em uma fase de tamanha alegria, onde vemos nosso time nos representando tão bem, com garra e com sede - como hoje”, declarou Popó.Mas, ainda que todos os holofotes estivesse voltados para o futebol, Popó não esqueceu de destacar o papel das mulheres na luta pela independência: “Foram as mulheres que deram, de fato, o nosso grito de independência, e são elas que continuam dando, através de tantas lutas”, disse, relembrando as guerreiras da Independência, representadas por Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa, mulheres que participaram da luta pela libertação.

*Sob a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier