‘Não faz sentido fazer o Carnaval tradicional’, diz prefeito Bruno Reis

Gestor apoiou a decisão do governador Rui Costa que cancelou a festa em toda a Bahia

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  • Gil Santos

Publicado em 28 de dezembro de 2021 às 14:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

O prefeito Bruno Reis (DEM) afirmou, nesta terça-feira (28), que sua opinião era de que não tinha mais como fazer o Carnaval de 2022, comentando o anúncio feito, há cinco dias, pelo governador Rui Costa (PT) que cancelou as festas na Bahia por conta da pandemia e do surto de gripe.

“O enfrentamento que estamos tendo em Salvador e em toda a Bahia, não só a chuva, mas também a gripe e a covid são preocupantes. Além disso, há tempos muitos artistas já tinham anunciado que não iriam participar do carnaval. Os principais artistas. Então, o carnaval por si só já não ia acontecer. O que vamos ver agora é quando é possível, e se é possível, fazer alguma coisa, mas quando o momento permitir”, disse.

Bruno Reis participou de um evento, no Rio Vermelho, para a assinatura de uma ordem de serviço para a construção e reconstrução de encostas e foi questionado por repórteres sobre a declaração do governador. No dia 23 de dezembro, Rui Costa fez uma publicação nas redes sociais em que dizia:

“A decisão está tomada: não haverá Carnaval na Bahia em fevereiro de 2022. Hoje temos 2,4 milhões de baianos com a vacina contra a #Covid em atraso. Além disso, estamos lidando com uma epidemia de gripe, que tem sobrecarregado o sistema de saúde”, afirmou.

O prefeito concordou com o gestor e disse que, além das questões sanitárias, a desistências de artistas e empresários deram os sinais de que a festa não aconteceria. "Nós não somos atores principais nesse processo. A prefeitura tem uma participação maior porque monta as estruturas, é responsável pelo transporte coletivo, pelo trânsito e pelas unidades de saúde, mas quem faz o carnaval são os artistas", contou.

Ele disse que o cenário ainda é incerto e voltou a afirmar que nas condições sanitárias atuais não é possível fazer o carnaval como baianos e turistas estão acostumados, ou seja, com grandes aglomerações nas ruas. A Câmara Municipal chegou a estabelecer o prazo de 15 de novembro para que a festa pudesse ser organizada, que foi esticado pela prefeitura até 30 de novembro, mas que também foi insuficiente.

“Passou novembro não tinha mais tempo hábil pra isso. Eu sempre disse, ‘a prefeitura tem condições de organizar um carnaval em 30 ou 45 dias, mas os outros atores não’. Eles foram desmobilizando e não faz mais sentido ter um carnaval nos moldes tradicionais. Agora, vamos ver o que é possível fazer e se é possível fazer alguma coisa para também, como estamos fazendo no réveillon, o carnaval poder ter algo que possa acontecer”, disse.

No dia 15 de dezembro uma reportagem do CORREIO mostrou que entidades de classe, como Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) e a Associação Baiana de Trios Independentes (ABTI), consideravam que não havia mais tempo hábil para organizar a festa e tinham o evento como perdido.

Confira o desenrolar dos fatos:

27 de setembro – A Câmara Municipal de Salvador faz uma audiência pública para discutir a possibilidade de eventos na cidade. Em outubro e novembro, ocorreram outros encontros, mas para debater exclusivamente a situação do carnaval, com a participação dos segmentos envolvidos na realização da festa;

15 de novembro – Esse foi o prazo estabelecido em uma das audiências para que houvesse uma decisão sobre a realização do Carnaval, mas governador e prefeito disseram que não seriam pressionados. Parlamentares voltaram atrás e afirmaram que cabia aos gestores decidir a melhor data;

21 de novembro – Manifestantes fazem protesto no Farol da Barra cobrando a realização da folia. Dentre os argumentos, eles disseram que festas e aglomerações já estavam acontecendo nos bairros e que o setor estava em uma profunda crise econômica;

23 de novembro – Uma carta do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia) enviada para uma das audiências reforça a necessidade de vacinar a população para que a folia aconteça com segurança e diz que em um evento do porte do Carnaval seria preciso imunizar pelo menos 90% dos participantes.

24 de novembro - Flora Gil, esposa e empresária do cantor Gilberto Gil, anunciou que não fará o Camarote Expresso 2222, por conta de questões sanitárias, como o risco de contaminação durante a folia;

3 de dezembro – A cantora Daniela Mercury anuncia que não fará nenhuma festa de rua no Carnaval de 2022, tanto em Salvador como em São Paulo. No mesmo dia o Bloco Eva, puxado pela Banda Eva com Felipe Pezzoni, anuncia que desistiu da festa por falta de tempo hábil para se organizar;

14 de dezembro - Bell Marques (blocos Camaleão, Vumbora e da Quinta) e Léo Santana (Bloco Nana) alegaram falta de tempo hábil para organizar o evento e adiam o Carnaval para 2023;

15 de dezembro – Entidades de classe como o Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) e a Associação Baiana de Trios Independentes (ABTI) avisam que o tempo se esgotou, e sugerem carnaval alternativo para não passar em branco.

23 de dezembro – Governador Rui Costa anuncia o cancelamento das festas de carnaval na Bahia por conta da pandemia e do surto de gripe que se espalha pelo estado.

28 de dezembro – O prefeito de Salvador, Bruno Reis, endossa o discurso do governador e acrescenta que a falta de tempo inviabilizaria a participação dos principais artistas e camarotes da folia, mas não descarta fazer alguma ação alternativa na data de Momo.