'Não quero viver com medo', diz empresária agredida pelo ex em Alagoinhas

Clara Martins vive em abrigo do Estado e agora faz vaquinha para recomeçar a vida

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  • Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2022 às 16:55

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Foram dois anos de sofrimento, agressões e violência psicológica, além de ter seu patrimônio todo roubado em Alagoinhas, a 108km de Salvador. Clara Martins agora tem a liberdade de recomeçar a vida, longe do seu agressor, que está preso. A empresária, que conheceu o ex-companheiro por meio de um aplicativo de relacionamento, hoje tenta mostrar para outras mulheres que estão vivendo da mesma forma, que a melhor saída é denunciar.

Longe dos filhos, da família, morando em um abrigo do Estado em outra cidade, a empresária está pronta para mudar de vida e tentar voltar à normalidade, sem precisar se esconder. Clara ainda se recupera dos traumas físicos e psicológicos que sofreu, além de um aborto devido às agressões, mas não pretende seguir no anonimato. Com a ajuda de pessoas próximas, ela iniciou uma vaquinha virtual, a fim de recomeçar. 

"Não quero viver com medo. Além de sofrer abusos, ser vítima de tantas agressões psicológicas, físicas, sexuais e patrimoniais, ainda tem que se privar de um lugar que a gente gosta? Ainda estou estudando o que vai ser melhor pra mim e para os meus filhos. Inicialmente, a vaquinha é para me ajudar", conta.

Clara ainda está sem a guarda dos filhos, que perdeu logo após o agressor fazer de tudo para que as crianças ficassem afastadas do pai delas, ex-marido da empresária. Emocionada, ela revela que não conseguiu vê-los ainda e não sabe quando vai ter o tão esperado reencontro, já que ainda está debilitada e muito machucada.

"Acabou que as crianças hoje estão sob a guarda do pai, porque [ele] conseguiu provar que estavam em risco ao meu lado e percebeu o comportamento do agressor. Mas entendo que tem que ser assim, até por questão emocional para eles não verem a mãe tão machucada. Eu preciso fortalecer meu emocional, o meu corpo, para poder ter o reencontro", lamenta. (Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal) Apesar de estar vivendo em um abrigo, longe de todo mundo, Clara consegue ter um pouco de tranquilidade com a patrulha da ronda Maria da Penha, que está sempre supervisionando o local, evitando que o agressor, caso seja solto, não a procure na primeira oportunidade. Sem ressentimento, a empresária não deseja que o ex-companheiro tenha a mesma sensação que ela teve nesses dois anos de tortura. "O passado não vai ser corrigido. As vidas não serão mais as mesmas. Existem sequelas que ficam, psicológicas, emocionais, e tem momentos que eu me vejo tendo pesadelo, chorando muito, vivendo um dia após o outro. Então, eu não desejo nem pra ele o que ele fez pra mim".A fim de tentar resgatar a guarda, ao menos, compartilhada dos filhos, ter sua vida de volta e sem pesadelos, Clara criou a vaquinha #AjudeClaraMartins. Ela pede qualquer quantia para conseguir retomar os projetos pessoais, profissionais e seguir com a carreira, já que até contas em seu nome, o agressor realizou. Atualmente, ela tem apenas um fogão, geladeira e máquina de lavar para mobiliar a futura casa.   Vaquinha virtual para arrecadar ajuda finaneira (Foto: Divulgação) "Descobri que um dos abusos que também sofri foi o abuso patrimonial, ou seja, ele abriu contas em meu nome, alterou questões da minha empresa. E isso me gerou dívidas, as quais eu nem tinha conhecimento. Alugou veículo com o nome da minha empresa, com nome de funcionários dele. Então, tudo isso me prejudicou, minhas contas estão desativadas, eu preciso dessa ajuda inicial para justamente sair hoje do abrigo onde estou, poder alugar uma casa, poder pagar impostos, para recomeçar", ressalta. Para ajudar Clara Martins com qualquer valor, a chave pix é [email protected].

A empresária ainda salienta que é necessário observar o comportamento da mulher que está sendo agredida. Segundo ela, o medo fala mais alto e, muitas vezes, as vítimas não denunciam.  

"Se ver um hematoma, não pergunta porque ela não vai dizer. Eu não dizia, porque eu tinha medo do agressor, dizia que eu tinha caído, me machuquei sozinha. Então, viu um hematoma, sentiu um comportamento diferente da mulher, está vendo que ela está afastada dos amigos, está vendo que ela está agindo como não agiria na normalidade, são sinais que o outro tem que perceber que ela é uma vítima e está sofrendo com um relacionamento abusivo", reforça."Ligue 180, 190, denuncia anônima e deixa Deus e a Justiça cumprirem os papéis".