'Não recebi um convite, foi uma convocação', diz Burse na chegada ao Vitória

Treinador falou sobre situação difícil do Leão na Série C, mas vê espaço para time crescer

Publicado em 21 de junho de 2022 às 15:40

. Crédito: Divulgação/EC Vitória

Após comandar o primeiro treino como técnico do Vitória, João Burse foi apresentado oficialmente pela diretoria rubro-negra nesta terça-feira (21). O profissional comentou sobre a situação difícil que terá pela frente, já que restam apenas oito partidas para o fim da primeira fase da Série C, e o Leão está na briga contra a zona de rebaixamento. É o 16º colocado, com 11 pontos após 11 rodadas, e só está fora do Z4 devido ao saldo de gols.

Sobre as principais dificuldades do elenco, Burse falou destacou o aspecto psicológico e afirmou que o foco é dar confiança de volta aos jogadores. “A parte tática cuidamos no dia a dia, né? A gente precisa estar nesse convívio diário com os atletas. Mas o que é perceptível é a falta de confiança. Quando sofre um gol, de se abater por tomar o gol. Então acho que esse é o ponto que a gente vai atacar, para os outros atletas terem mais confiança. Se tomou gol, vai correr atrás, vai empatar, vai virar”, disse o novo treinador.

Essa não é a primeira passagem dele pelo Leão. Depois de trabalhar nas categorias de base, no time sub-23 e de assumir interinamente o elenco principal em 2018, João Burse afirmou que a oportunidade atual foi uma convocação.

“É motivo de muita alegria estar de volta onde eu considero como minha casa. Foram cinco anos aqui e tenho um carinho enorme pelo Vitória. Não recebi um convite, foi uma convocação porque sou Vitória de coração e tenho um amor muito grande por esse clube e por tudo que ele proporcionou na minha carreira”, declarou."Um clube da grandeza do Vitória tem que tá brigando lá em cima, em outra divisão, e é por isso que a gente a gente veio aqui com com bastante gana, bastante vontade de fazer um grande trabalho e fazer o Vitória sair dessa situação", afirmou Burse.Por ter trabalhado com os atletas da base, o treinador foi questionado sobre as oportunidades que dará aos mais jovens e preferiu não se comprometer. “Potencial, o Vitória sempre teve em categorias de base, a gente sabe disso. Então, tudo que a gente precisa agora é treinar dia a dia, eles darem essa resposta pra gente. Acho que o nosso grande erro, às vezes, é não saber o momento certo de colocar esse atleta, o momento de lidar com ele, passar o que pensa de futebol, de parte tática, o que o clube precisa no momento. Então, a gente está aí para dar confiança e que eles possam dar essa resposta. Independente se é da base, se são os atletas experientes, acho que nós como seres humanos precisamos o tempo todo estar motivados e com confiança para executar bem o trabalho”, explicou.

Confira outros trechos da coletiva de apresentação de João Burse:

A Série C já está acabando, faltam poucos jogos. O que te motivou a aceitar o convite e você acredita que dá para pensar no G8? Ou o objetivo é se afastar do Z4? Como eu disse, mesmo eu tendo saído do Vitória eu sempre acompanhei o Vitória. Acompanho todos os jogos e primeiro estou aqui porque eu acredito, eu acredito que a gente pode sair dessa situação, acredito que o Vitória é para estar lá em cima. Mas em relação ao G8, a gente tem que pensar no próximo jogo. Acho que é jogo a jogo, ter confiança nesses atletas para que a gente possa, primeiro, ganhar do Altos e depois pensar no próximo jogo. Eu acho que esse é o nosso maior objetivo. Pensar jogo a jogo para que a gente possa conseguir os objetivos em metas curtas.

Você falou do próximo jogo, que é contra o Altos do Piauí, sábado. O que já pode apresentar de novidade? A gente precisa estar mais concentrado. É o que eu tinha falado inicialmente aqui, mais concentrado em algumas situações. No último jogo o time fez um primeiro tempo, pelo menos até os 25 minutos, muito bom. E se tivesse feito um gol rapidamente, poderia ter sido um placar de dois, três a zero para o Vitória, porque a gente viu um Botafogo bem defensivo, bem acuado e acabou que no decorrer do jogo a gente viu que eles começaram a crescer. Então é isso que a gente vai passar para esses atletas, para eles serem mais constantes durante o jogo todo, do início ao fim.

Tudo que eu vou cobrar dos atletas nos jogos foi treinado. Não vou cobrar nada do qual não tenha sido treinado aqui diariamente. Então é esse treino que vai dar confiança para eles. Vamos dar alternativas diárias de situações, sistemas e analisar muito detalhadamente o nosso adversário para que a gente possa ver as fraquezas, as forças e para que possamos aproveitar os momentos de fragilidade do adversário e concluir em gols.

Você tem um desafio muito grande pela frente, um tiro muito curto, apenas oito jogos. Quem já te conhece sabe o seu estilo de trabalho, inclusive nessa questão mais tática. Você acha que isso vai ser a maior dificuldade? Passar o conhecimento do seu sistema de jogo aos atletas? O que nos deixa contente é ter a semana para trabalhar. Consegui desde ontem estar dentro de campo, já dando algumas situações e conceitos, de como a gente pensa futebol. E é um grupo trabalhador demais, então a gente rapidamente vai conseguir passar o que pensamos sobre futebol e dar confiança para eles. Porque ninguém esquece de jogar futebol, então se os atletas precisam de confiança, é o que a gente vai passar para eles para que a gente possa no sábado começar a nossa subida.

Queria que você falasse para o torcedor se hoje você é um treinador melhor, mais preparado em relação a sua última passagem, em 2018, e lembrasse também qual o seu estilo de jogo. Como é que você entende futebol? Propositivo, reativo, equilibrado, como você vê o jogo? A gente está sempre evoluindo e o grande motivo da minha saída para o Cianorte foi justamente para continuar crescendo, para continuar evoluindo. Em três anos atingimos todos os objetivos que a gente se propôs no Cianorte: no primeiro ano era chegar entre os quatro e chegamos, no segundo ano era chegar até a terceira fase da Copa do Brasil e atingimos o objetivo, além de arrecadar quase R$ 3 milhões para o clube. Então todos os objetivos que foram traçados no Cianorte foram alcançados. Então estou ainda mais preparado para que possamos ir em busca dos nossos objetivos aqui no Vitória.

Ontem você comandou um treino aqui na Toca do Leão. Qual a primeira conversa que teve com os jogadores? É o que eu sempre cobro de todos os times que eu comando: a intensidade, concentração, é viver aquele momento ali para que eles possam dar tudo no treinamento, né? E senti uma energia muito boa em relação aos atletas. São atletas trabalhadores, que querem vencer, que estão incomodados de estar numa situação como essa. Então a gente vem pra somar e dar conteúdo para que eles possam rapidamente sair dessa situação.

O diretor Rodrigo Pastana, na sua última entrevista, falou que o Vitória não tem um psicólogo. A gente sabe a necessidade que o time tem de ter um psicólogo, e sabemos também que existem treinadores que têm esse perfil de dar uma motivada, aquela conversa mais forte. Você pensa em requisitar à diretoria um psicólogo ou você que vai ser o psicólogo do Vitória nesse momento delicado? Eu acho que é importante ter sempre esse tipo de profissional, sem dúvida. Mas independente disso, cada atleta precisa ter a sua autocrítica, saber o que ele precisa melhorar, o que ele precisa dar de resposta. Estamos aqui para dar saídas, alternativas para que ele possa novamente voltar a performar, voltar a dar resposta dentro de campo. Então falta de trabalho não é, porque esses atletas são trabalhadores e já percebi no primeiro treino que fiz aqui ontem. Temos que dar novas alternativas para eles, novas situações e estratégias para o grupo tirar o máximo deles.

Em relação aos casos de indisciplina, ao número de cartões amarelos e vermelhos que a equipe do Vitória tem levado constantemente, que tipo de conversa já teve com esses jogadores para não diminuir o ímpeto de competitividade dentro de campo, mas para não tomar cartões bobos? Isso é uma uma preocupação de nós treinadores sempre, né? A gente tem que ter esse equilíbrio do time, não deixar de ser competitivo, e para ser competitivo, às vezes, vai passar do ponto e chegar um pouco mais firme, vai tomar um cartão, mas concordo que tem que ter uma atenção especial para não tomar cartões bobos. Cartões por reclamação, por chutar bola para fora… então esse tipo de situação a gente sempre vai conversar com os atletas.

Parte da torcida pergunta por que Thiaguinho não joga, e eu pergunto a você: já tem alguma informação do Thiaguinho, atacante campeão baiano? Foi passado algo para você sobre isso, você já conhece o atleta? Enfim, qual é a situação que vai dar a ele a oportunidade de jogar. Acompanhei o Campeonato Baiano e vi os jogos do Thiaguinho. E é no dia a dia que ele vai me mostrar, assim como todos os outros jogadores, e fazer com que isso lhe dê oportunidades. Se ele me mostrar, seja ele da base, seja o Thiaguinho, seja quem for, se me der confiança para colocar dentro do campo, vai ter essa oportunidade. Pode ter certeza.

Você não é muito adepto da tática do mistério, de fechar treinos. Agora como membro da comissão técnica, não sei se isso é ordem da diretoria ou do próprio Rodrigo [Pastana] ou de Fábio Mota, enfim. Na sua cabeça você pretende liberar pelo menos um dia para a imprensa poder acompanhar os treinos? Eu, como treinador, não vejo problema nisso, não sei em relação à diretoria. Na véspera, quando eu faço jogadas ensaiadas, é uma coisa que se tiver imprensa também eu só peço para não filmar tudo. Mas não tenho problema nenhum em relação a abrir o treino, eu acho que é até importante justamente para acompanhar, ver o que a gente está fazendo diariamente para depois poder dar uma opinião com mais embasamento.