Nath Finanças: 'A gente precisa de dinheiro e suporte para tirar nossas ideias do papel'

Empresária e educadora financeira escolheu evento em Salvador para ser o primeiro patrocinado por sua empresa

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  • Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2022 às 06:00

. Crédito: Pedro Campos/Divulgação

Se quiser falar de amor, fale com o Marcinho. Mas se você quer conversar sobre finanças de uma maneira franca, aberta, educativa e libertadora, aí a conversa é com uma conterrânea do MC, na Baixada Fluminense: Nathália Rodrigues, 23, mais conhecida como Nath Finanças. Orientadora financeira e administradora por formação, Nath sempre quis descomplicar a vida financeira das pessoas, principalmente das pessoas de baixa renda. E mostrar que, sim, é possível se organizar - tudo isso sem estereótipos, sem sacrifícios descabidos, adequando a capacidade de investimento para cada pessoa. E, inclusive, entendendo a vida de quem não tem condições de investir. Ela dialoga principalmente com o público de baixa renda, sejam estudantes, estagiários, desempregados ou trabalhadores que ganham um salário mínimo. Mas seu objetivo é que todos os seus seguidores saiam do vermelho e passem a usar o dinheiro da melhor maneira possível, mantendo a saúde mental e financeira.

Sua empresa nasceu no YouTube, com ela, ainda estudante, dando dicas de organização financeira para seu público. Com didática e carisma, cresceu. Virou empresária e já é uma das vozes mais relevantes da atualidade no Brasil quando o assunto é educação financeira fácil, prática e acessível. À frente de sua marca Nath Finanças como CEO e fundadora, há três anos desenvolve e amplia seu projeto de falar com um público diverso, de várias idades. Nathália tem contribuído com conhecimento para quem nunca estudou ou não sabe por onde começar para cuidar de seu dinheiro. O passo da vez é financiar iniciativas de pessoas negras por todo o Brasil, e Salvador foi a primeira escolhida para receber a força de Nathália, que ainda não conhece a terrinha, mas patrocinou o evento Dendê Sounds, na última semana. A Dendê teve uma grade composta somente por artistas independentes e negras, de diversos estilos musicais. Uma equipe igualmente negra. Black Money em sua essência. O CORREIO conversou com Nath Finanças, que falou sobre o porquê de escolher Salvador, seus sonhos daqui pra frente e muito mais. Confira o bate-papo.

CORREIO: Nath, o que te chamou atenção na Dendê Sounds e por que motivo decidiu fazer desse evento o primeiro a apoiar com sua empresa? NF: Um dos meus objetivos como empresária é apoiar iniciativas que valorizam a diversidade, principalmente, as que são idealizadas por mulheres negras e indígenas. Quando a Jéssica Dantas [idealizadora do evento] entrou em contato comigo, ela estava muito preparada e eu senti que era o momento de fazer meu primeiro patrocínio. O Dendê Sounds surgiu como uma ótima oportunidade de encorajar mulheres que organizam eventos como esse e inspirar pessoas com capital a investirem em iniciativas lideradas por elas. Além disso, arte e a música movem pessoas e me incentivam a seguir com meu trabalho todos os dias, o hip hop e o rap são minhas grandes paixões.

CORREIO: Qual a importância da circulação desse dinheiro entre pessoas negras e a participação de empresas no fomento à cultura brasileira? NF: A gente precisa de dinheiro e suporte para poder tirar nossas ideias do papel, mas sabemos que as oportunidades não são iguais. Quando investimos em pessoas negras, criamos uma rede de apoio e isso é fundamental para conseguirmos crescer. Pra mim, é importante fazer não somente o dinheiro circular, mas ecoar a realidade de que as pessoas pretas precisam estar envolvidas em todas as etapas do processo e serem justamente remuneradas por isso. 

CORREIO: Já veio a Salvador alguma vez? Tem algum tipo de relação com a cidade? Caso ainda não tenha vindo aqui, quando pretende colar? Quando vier, avisa que ajudo no roteiro! NF: Nunca visitei a Bahia, meu sonho é visitar e tenho planos de ir ainda este ano! Carioca, Nath pretende conhecer Salvador ainda em 2022 (Foto: Pedro Campos/Divulgação) CORREIO: Você fala bastante sobre educação financeira e isso é importante também para o meio cultural, concorda? Acha que é importante que iniciativas financeiras se organizem também financeiramente para conseguir mais apoios e serem mais atrativos para investidoras? NF: Concordo, a educação financeira também é importante para o meio cultural. A questão não é só trazer mais atrativos para investidores, mas alcançar e criar oportunidades para o público-alvo. A gente precisa fazer com que as pessoas se interessem pelo nosso conteúdo para depois ir atrás de patrocínio. É preciso investimento para colocar essas iniciativas no ar, mas começar com um conteúdo orgânico e gratuito faz muita diferença. 

CORREIO: Vi que você tem um projeto de grupo de estudos sobre educação financeira, que já esgotou e precisa abrir até nova sala. Fala um pouco mais desse projeto?NF: As pessoas se beneficiam da educação financeira em todos os momentos da vida e, em particular agora, momento que vivemos uma crise tão séria no Brasil. O grupo vem para ser um guia para quem sabe que precisa de conhecimento para navegar melhor. A intenção é atingir quem nunca teve contato com educação financeira e precisa de orientação, aprofundar conteúdos que eu já faço e abrir conversas a partir dele. E isso é só o começo.

CORREIO: Hoje, olhando para a sua vida como está, os planos que você conseguiu realizar pessoalmente e coletivamente, qual a sensação que tem sobre si mesma?NF: A minha sensação é de felicidade, de agradecimento e de dever cumprido, porque já existiam pessoas falando sobre finanças na internet, mas para outro público. Ter conquistado um espaço de conversa e troca com pessoas de baixa renda, que também precisam de orientação, me deixa muito honrada. Eu quero muito continuar ajudando meu público a entender educação financeira e a questionar algumas questões relacionadas a finanças. Nathalia fez sucesso com vídeos ensinando educação financeira para público de baixa renda e hoje é empresária no setor (Foto: Pedro Campos/Divulgação) CORREIO: Quais são os sonhos de Nath Finanças daqui pra frente? Você, que é tão organizada, sabe onde quer estar daqui a 5, 10 anos? NF: Eu tenho muitos sonhos e planos. Tenho a intenção de criar um instituto para ajudar pessoas de baixa renda de forma gratuita e alcançar esse público que não tem internet ou que ainda não conhece meu trabalho. Quero também dar continuidade aos meus estudos e realizar um intercâmbio para poder trazer novas ideias, conteúdos e formas de ajudar a solucionar problemas. Eu ainda quero falar sobre consultoria financeira para quem é empreendedor e MEI e sobre educação financeira para crianças. É isso que eu vejo no futuro: uma empresa grande, alcançando ainda mais pessoas.

CORREIO: Uma pergunta boba, mas que sempre gosto de fazer: qual a pergunta que você sempre quis responder, mas foi pouco ou nunca perguntada?NF: Nunca perguntam qual a diferença entre a Nathalia Rodrigues e a Nath Finanças. A Nathalia Rodrigues é a pessoa que fala sobre educação financeira, que sonha. Já Nath Finanças é uma empresa que  tem um impacto social e que ajuda e influencia outras pessoas.