Nayambing Blues para você

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  • Kátia Borges

Publicado em 25 de dezembro de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Essa é uma daquelas músicas que a gente canta até perder a voz. Sine Calmon e Morrão Fumegante, fogo na Babilônia. Madrugada alta. Só os heróis da resistência ainda de pé. Suas mãos acariciam os cabelos de alguém que acabou de conhecer e que, agora, dorme feito um anjo em seu colo. Nayambing Blues para você.

Eu sempre dependi da bondade de estranhos, diz Francis DuBois em uma das cenas de Uma rua chamada pecado, de Tennessee Williams. Bondade é bom, meu bem, vamos juntos nesse bonde. Entre carne e peixe, num país de restos e ossos, onde comer é luxo. Uma nesga de mar na varanda insinua o Atlântico. E há azul em todo canto nessa cidade portuguesa do Brasil. Essa cidade, porto seguro entre os séculos. Os pés de lótus de Krishna. A canção antiga que sempre retorna. A voz terna de Caetano. As mãos de rosa de Iemanjá. De quando o jazz no Solar era o caminho na Contorno e o mar desenhava amores e surtos.

Nayambing Blues para você, meu rei. Durma sem pensar, sem pesar. Noites insones pesam muito. Alguns chegam tarde na festa e dançam envolvidos pela escuridão. Então o dia vem devagar e a luminosidade envolve tudo. É hora de acordar, juntar os cacos quebrados sem machucar demais as mãos. Que a sua vida tenha essa batida, primeira, essencial, que escutamos ainda no útero. Que os seus encontros sejam mais felizes. Que a vida ensine o que for preciso. Essa é uma daquelas músicas que a gente canta até perder a voz, reggae que se ergue mantra eterno em nós. Anjos dormem em nosso colo.

Na mala não leve a dor (nem cabe no trem). Dias de sol de domingo. Sábados delirantes em Salvador. Oxalá o amanhã dê conta de seguirmos. Lembra de quando havia tantos espaços em branco que só um desenho abstrato poderia ligar os pontos? Talvez seja assim, esse novo ano. Nayambing Blues para você, meu bem.