Nem a morte me fará desistir de amar: 'de onde eu estiver, estarei amando tudo o que vivi'

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  • Edgard Abbehusen

Publicado em 8 de novembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Eu sou o resultado de uma conta que não fecha, pois nada do que sinto é exatamente como sinto. É sempre mais e maior do que eu. E entre todas as lembranças, paixões e amores, eu sou o fogo que queima e me faz arder em intensidade.

Sou a impulsividade irresponsável, mas lúcida. O que tem que ir, mesmo quando não sabe para onde vai. Eu sou a razão que foge das minhas mãos quando eu me ajoelhava e pedia para alguém que não merecia ficasse comigo mais um pouco.

Eu sou o muito que falta do amor próprio que sinto. Mas sigo aprendendo a cada lágrima derramada. As minhas desilusões são mares de água salgada que liberta. E no final de tudo o que me dói, o meu perdão vai para todos.

Não consigo me calar quando sinto. E quando digo, eu grito. Avanço por todos os cantos e aprendo cada detalhe dos corpos que se encontram com a minha boca. Viajo por pernas, coxas, suor e olhares. Olho para trás e tudo o que aprendi transformo em lição de vida. O medo tenta me pegar pelo braço, mas a minha maré sempre é a mais agitada.

Mesmo abatido, cansado e ferido eu me entrego. O meu relógio biológico fica no coração e faz milagres com o tempo. Não tem hora, nem dia e nem lugar pro amor me despertar. Não tem história que me faça desistir de tentar. E sempre me acabo e me lambuzo amando mais, melhor e com mais vontade.

Reciprocidade? Bobagem. O ser amado é a consequência da inexperiência dos corações distraídos, muitas vezes imaturos, que não sabem ao certo o que fazer com o tanto que recebem. Já eu sempre sei o que fazer: Eu amo. E recomeço todo o amor que sinto quando é preciso.

Creio que nem a morte me fará desistir de amar. De onde eu estiver, estarei amando tudo o que vivi. Como um milagre fazendo do amor a luz que me deixará eterno na saudade de quem eu amei de verdade.

*Edgard Abbehusen é escritor, compositor, redator, baiano, criador de conteúdo afetivo e  autor de livros; Ele  publica textos exclusivos aos domingos no site do CORREIO e redes sociais Acompanhe Edgard no Twitter e Instagram