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Donaldson Gomes
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
“Em um estado do tamanho da Bahia, não dá para resolver tudo a do Centro Administrativo da Bahia, em Salvador”, avaliou o ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo da Bahia ACM Neto (Democratas/União Brasil), durante um almoço-debate promovido pelo Lide Bahia ontem, no Fera Palace Hotel. O evento foi o primeiro de uma série que o grupo empresarial pretende realizar com os pré-candidatos ao governo do estado. >
ACM Neto contou que durante este ano se dedicou a percorrer todas as regiões da Bahia. “Eu tenho um conhecimento profundo de Salvador, então optei por percorrer o estado, olhar de perto a realidade, atualizar o conhecimento que eu tenho da Bahia e também discutir os problemas com as pessoas”, contou. >
O ex-prefeito fez questão de ressaltar que constatou alguns avanços resultantes da gestão pública estadual nos últimos anos, porém destacou a segurança pública e a educação como “áreas essenciais” em que a Bahia estaria aquém do seu potencial. “Faço questão de mostrar que houve coisas positivas, e eu irei dar continuidade a elas. No entanto, pretendo fazer algumas perguntas. Uma delas é, será que, no que é essencial, nós demos o salto que o potencial do nosso estado permitiria? Eu acho que não”, disse. >
“Será que nós temos um governo que entende as vocações da Bahia e trabalha para desenvolve-las? A democracia nos permite esses questionamentos e, se esta for a vontade do povo, a alternância e a renovação”, complementou.>
Em relação à segurança, ele citou que o estado ocupa o posto de “campeão de homicídios”, respondendo por 14% do total registrado no Brasil. Na área educacional, o ex-prefeito apontou dados que colocam a Bahia como o pior ensino médio nacional. “Aqui no Nordeste, temos o Ceará que é uma referência em educação, Pernambuco que é referência no ensino médio. São com as crianças desses estados que as nossas irão competir quando forem buscar espaço no mercado de trabalho”, disse. >
Para financiar as mudanças na área educacional, o pré-candidato citou uma ação judicial vencida pelo estado que permitirá o investimento de R$ 9 bilhões na área. Ele acredita que o volume de recursos, se bem utilizado, poderá financiar uma grande transformação na realidade educacional da Bahia. >
Na área econômica, ACM Neto frisou a necessidade de diminuir a concentração de renda e a desigualdade, com estratégias voltadas a desenvolver as vocações regionais e de maneira descentralizada. "Vamos buscar investimentos, ampliação de serviços, sempre de maneiras complementares”. >
Ele avaliou a necessidade de melhorar o ambiente de negócios no estado e torna-lo mais atrativo para novos investimentos. “Ao longo dos anos fomos perdendo espaços numa economia globalizada e com gargalos que não foram enfrentados”, acredita. “A gente vai no Oeste e há um sentimento de não pertencimento. A distância territorial não é desculpa para isso”, ponderou. Para essa integração, ele aposta na digitalização do governo, a exemplo do que realizou na Prefeitura de Salvador. “Deixei a cidade com todos os seus processos digitalizados”, lembra. >
Setor produtivo Mário Dantas, presidente do Lide Bahia, falou sobre a importância do estabelecimento de um bom diálogo entre o setor privado e o público. Segundo ele, este é o objetivo do encontro realizado ontem e com os próximos, com os demais pré-candidatos. “Estamos iniciando esses diálogos e a pauta principal serão os modelos para o desenvolvimento econômico do nosso estado”, explicou. >
Para Dantas, o espaço vai servir não apenas para ouvir as ideias dos pré-candidatos, mas também apresentar propostas. “Nós, com muita satisfação, representantes de todos os setores da economia. Acreditamos que todos aqui tem condições de apresentar contribuições para este debate”, ressaltou Mário Dantas. >
“O modelo de desenvolvimento ideal precisa se voltar para as vocações da Bahia. Veja o exemplo da República Dominicana, que adotou como modelo de desenvolvimento para o país o turismo e tomou medidas estruturantes para que isso acontecesse. Isso deve ser fonte de inspiração para a Bahia”, acredita. >
Presidente da Fecomércio-Ba, Carlos Andrade destacou que a grande prioridade do setor produtivo na interação com o poder público é viabilizar a criação de empregos e renda. “Estamos buscando dialogar com os políticos, que são os administradores. O Brasil precisa de diálogo, sem radicalização. Este é o caminho para superarmos a mancha negra do desemprego que hoje atinge cerca de 13 milhões de pessoas”, acredita. >
Humberto Miranda, presidente da Faeb destacou o movimento de crescimento da agropecuária baiana nos últimos anos. Entretanto, ele considera que a contribuição do campo pode ser ainda maior no combate às desigualdades. “Na hora que começarmos a utilizar melhor o semiárido, que corresponde a quase 70% do nosso território, poderemos começar a pensar em ter um desenvolvimento uniforme e igualitário”, avalia. “Precisamos ter sempre um diálogo aberto. Acho que o setor produtivo precisa ter uma mesa de diálogo contínua com os governantes”. >
Para o presidente da Fieb, Ricardo Alban, o ano de 2022 deverá ser desafiador no cenário político. “Nós, como indústria, entendemos que estamos atrás de outros estados em termos de uma política industrial. Acho que precisamos pensar o desenvolvimento de maneira mais pragmática e pensar o desenvolvimento como um projeto de Estado e não de governo”, destacou. >