Ney Matogrosso com ginga pra dar e vender

Cantor volta a Salvador neste domingo (22) com o elogiado show Bloco na Rua

  • Foto do(a) author(a) Ana Pereira
  • Ana Pereira

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marcos Hermes/divulgação

Nem tente resistir. Basta Ney Matogrosso começar a cantar os primeiros versos da marcha Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua, de Sérgio Sampaio, que você já estará cantarolando e sacolejando com ele. E como o show que o cantor faz hoje (22) em Salvador será na Concha Acústica do TCA, ficará mais fácil se soltar.

A canção de 1972, que marcou muitos carnavais, foi escolhida pelo artista para batizar o espetáculo Bloco na Rua, que estreou em janeiro e já esteve no Teatro Castro Alves em abril passado. Sorte nossa que Ney voltou tão rápido com o show, já apontado pela crítica como um dos melhores de 2019.

Aos 78 anos, completados no dia 01 de agosto, e pleno no palco, Ney oferece ao público um espetáculo cuidadoso, ao mesmo tempo popular e sofisticado. A música tema, por exemplo, ganhou uma versão mais pop, com acentos eletrônicos. E é com ela que o cantor abre o repertório afetivo, envelopado no figurino dourado e sensual criado pelo estilista Ocimar Versolato (1961-2017). .

A seleção  musical, escolhida cuidadosamente, é um dos destaque de Bloco na Rua. Em sua última passagem por aqui, Ney nos contou que começou a pensar no roteiro ainda na turnê anterior, do show Atento aos Sinais - que ficou cinco anos na estrada. E que depois de Sérgio Sampaio, partiu para compositores que ama, como Itamar Assumpção e Alzira Espindola (Já Sei), Cazuza (Mais Feliz), Rita Lee (Jardins da Babilônia e Corista do Rock), Caetano Veloso (Como Dois e Dois)  e Hebert Viana (O Beco), entre outros.

De seu repertório clássico, estão lá Sangue Latino (Paulo Mendonça e João Ricardo) e Pavão Misterioso (Ednardo). Outro grande momento do show é a interpretação de Tem Gente Com Fome, do poeta  Solano Trindade (1908-1974),  que ajudou no tom politizado do espetáculo. “Tentei gravá-la na época dos Secos e Molhados, mas foi censurada pela ditadura. Resolvi cantar quando soube que há no Brasil 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza”, disse Ney em entrevista ao CORREIO em abril.

Talvez na Concha a luz e o cenário do show percam um pouco do seu impacto, mas a sonoridade, com certeza, será a mesma. Com direção musical de Sacha Amback (que também assume os teclados) o show alterna  momentos românticos a explosivos, mantendo um acento rocker.

Ney estará acompanhado da mesma banda que esteve com ele na última turnê: além de Sacha Amback, Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Mauricio Negão (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone). Imperdível.

SERVIÇO

Show: Bloco na Rua

Quando: domingo (22), às 19h

Onde: Concha Acústica do TCA.

Ingresso: R$ 150 |  R$ 75 (plateia) e R$ 300 | R$ 150 (camarote)