Neymar e Ronaldo: quantidade x qualidade em números

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Publicado em 10 de outubro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Neymar pode se igualar a Ronaldo hoje em número de gols marcados com a camisa da seleção brasileira. Se fizer um no amistoso contra Senegal, alcança os 62 do Fenômeno na contagem da Fifa – na da CBF, que inclui partidas contra clubes e combinados, Ronaldo tem 67. Paradoxalmente, é na igualdade dos números que se nota também toda a diferença.

Neymar se equipara a Ronaldo na frieza absoluta do número de gols, mas passa a léguas de distância do que cada um significou para a Seleção - e para o futebol mundial - até esse ponto da carreira. O camisa 10 atual conquistou o título da Copa das Confederações de 2013 e o da Olimpíada do Rio-2016. Dois torneios do segundo escalão da modalidade.

O atacante do presente é talentoso ao extremo e faz muitos gols, como a comparação com Ronaldo evidencia. Nos clubes em que passou, sempre deixou sua marca com títulos: Copa do Brasil de 2010 e Libertadores de 2011 com o Santos, Liga dos Campeões da Europa e Mundial com o Barcelona em 2015, isso sem falar no tri paulista, nos dois troféus do campeonato nacional na Espanha e dois na França, além de copas locais. 

Na Seleção, ele é a estrela solo da companhia, mas falta romper pelo menos uma barreira. Pesa contra Neymar o fato de não ter conseguido os dois objetivos pelo qual todo craque do quilate dele é cobrado em um país como o Brasil, de enorme tradição futebolística: ganhar uma Copa do Mundo e ser o melhor jogador do planeta.

Neymar tem 27 anos, idade com a qual Ronaldo conquistava a Copa de 2002 sendo o artilheiro e melhor jogador da competição disputada no Japão e na Coreia do Sul. Graças ao penta, o Fenômeno ressurgia das cinzas e, meses depois, seria eleito o melhor do mundo pela terceira vez na carreira. Tudo isso após duas cirurgias de ligamento cruzado anterior no joelho direito, em 1999 e em 2000 – uma lesão que na época assombrava a ponto de se questionar a capacidade de um atleta retornar à prática do esporte em alto rendimento.

Antes, Ronaldo ganhou o prêmio de melhor do mundo pela primeira vez em 1996, aos 20 anos, pelo Barcelona. É até hoje o jogador mais jovem a ter alcançado a marca. E repetiu a dose na temporada seguinte, com a camisa da Inter de Milão. Sem contar a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, aos 17 anos, quando não saiu do banco de reservas. 

As conquistas de Ronaldo, tanto individualmente quanto pela Seleção, fazem até os títulos pelos clubes, que são muito menos impactantes que os de Neymar, perderem força na comparação dos feitos. Ronaldo não ganhou Libertadores nem Liga dos Campeões. Os principais troféus dele são o Mundial de Clubes pelo Real Madrid (2002) e a Copa do Brasil por Cruzeiro (1993) e Corinthians (2009). Nessa mesma linha, as duas edições da Copa América vencidas em 1997 e 1999 parecem mera obrigação protocolar, afinal, o patamar do Brasil era mais alto.

Um atenuante para Neymar é que R9 contou com uma sorte que o camisa 10 não teve: a qualidade dos companheiros de ataque em campo, do naipe de Bebeto, Romário e Rivaldo. Além de ter o melhor do mundo pronto para decidir, a Seleção era mais forte porque tinha sempre mais de um craque por partida. Hoje não tem mais.

Herbem Gramacho é editor de Esporte.