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Nós, 54% da população, estamos cansados de não nos vermos representados

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2018 às 05:05

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

14 DE MARÇO DE 2018, 22:30

Estou num curso e as mensagens no meu whatsapp não param de chegar. 10, 20, 50,100 já perdi a conta.

Mensagens de diversos grupos e pessoas. Aos poucos me dou conta que acabou de ocorrer um grave assassinato. De uma MULHER NEGRA BRASILEIRA. Mais uma para a estatística.

Imediatamente pensei na morte como uma forma de apagamento e silenciamento.

Segundo a física quântica, tudo está interligado.

A morte e a invisibilidade de negras e negros nos espaços e estruturas de poder, na política, nas chefias das grandes empresas, na publicidade, imprensa, no audiovisual produzido no Brasil. Enfim. Em TODOS os lugares. Faz parte do nosso racismo estrutural. Como já disse, tudo está interligado.

O fato é que, quando uma mulher negra atinge um determinado patamar ou poder de voz, ela é silenciada, interrompida ou morta por quem por algum motivo se sente ameaçado.

Imediatamente, também comecei a pensar no conceito de família. Segundo o dicionário, família é o conjunto formado pelos pais e filhos, é o conjunto formado por duas pessoas ligadas pelo casamento e seus eventuais descendentes, conjunto de pessoas que têm um ancestral comum, conjunto de pessoas que vivem na mesma casa, ou que têm a mesma raça ou estirpe.

Logo, em seguida, voltou em minha cabeça as palavras silenciamento e apagamento.

Se formos perceber tudo que se é produzido em audiovisual no Brasil (campanhas publicitárias, novelas, séries e filmes), vamos evidenciar que esse mesmo silenciamento e apagamento acontecem nessas produções.

É como se nós, negros, fôssemos apagados, silenciados e não tivéssemos direitos de sequer termos uma família, em contradição à nossa realidade brasileira.

É com se nós, negros, não tivéssemos o direito ao afeto, união, amor, continuidade de gerações. A família simboliza os valores e a força que o ser humano quando nasce tem na sua história. E isso nós negros temos de sobra!

Ter uma família simboliza que você amará e será amado pelos seus, ela é a base e o reflexo das pessoas que nos tornamos. Em família aprende-se noções básicas de amor, respeito, fé, compartilhamento, solidariedade, companheirismo e outros sentimentos nobres.

Quando famílias negras de 54% da população não têm o direito de se verem representadas no audiovisual simboliza imageticamente este apagamento e silenciamento que estamos, infelizmente, presenciando na nossa história.

E você que está lendo deve estar se perguntando: 'O que isso tem a ver com as marcas?' Senso de propósito, meu caro.

As marcas e empresas já se deram conta da importância de incutirem no seu DNA o senso de PROPÓSITO. Propósito da diversidade, do feminino, das questões do LGBT, da criança e adolescente, dentre outros.

Nós, 54% da população, estamos cansados de não nos vermos representados e as inúmeras marchas que ocorreram no Brasil por conta do assassinato de mais uma MULHER NEGRA simbolizam justamente isso, já que ela, com o seu propósito era uma porta voz dos negros, LGBT’s, excluídos e maioria populacional.

Marielle Franco presente!

Maria Gal é atriz.