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Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 04:50
- Atualizado há um ano
A alta taxa de ocupação nas UTIs pediátricas, quadro que beira o colapso em boa parte do país, tornou-se uma das principais fontes de preocupação para quem atua na linha de frente da pandemia. Sobretudo, diante da lenta adesão à vacina infantil. Quase 30 dias após a entrada do público de 5 a 11 anos no programa nacional de imunização contra a doença, pouco mais de três milhões de doses foram aplicadas nessa faixa em todo o Brasil, de acordo com o último balanço divulgado pelos estados. O número baixo contrasta com a capacidade do sistema de saúde em absorver a demanda adicional. O que pode atrasar os esforços empreendidos para frear a transmissão do coronavírus, além de elevar o grau de exposição das crianças à covid.
Desde 14 de janeiro, quando a primeira dose da vacina infantil foi aplicada, a média é de 125 mil crianças imunizadas por dia. Em contrapartida, o Ministério da Saúde tem condições de atender mais um milhão delas a cada 24 horas - contingente cerca de dez vezes maior que o atual. No momento em que a Ômicron avança de modo descontrolado e as hospitalizações em leitos pediátricos crescem vertiginosamente, aumentar a escala de proteção no público de menor idade virou tarefa inadiável para as autoridades responsáveis pelo combate à doença. Ainda mais no período de retomada das aulas presenciais nas redes pública e privada de ensino.
Entre as causas para que vacinação infantil caminhe a passos curto, está a demora do governo federal em efetivar o ingresso das crianças na fila, fruto da injustificável resistência do Palácio do Planalto em incluir os mais novos no programa. Com isso, perdeu-se o timing de negociação junto aos dois laboratórios com imunizantes autorizados pela Anvisa para esse público: primeiro, com a Pfizer; depois, com o Instituto Butantan, fabricante nacional da Coronavac. Tal falha pode ser corrigida de forma rápida. Basta apenas empenho, algo que o Ministério da Saúde garantiu empregar a partir de agora. Contudo, o estoque abaixo do ideal não é a grande trava a ser rompida.
A rejeição à vacinação infantil virou o obstáculo mais difícil de transpor na cruzada para acelerar a blindagem desse público contra o vírus. Vencê-lo requer doses substanciais de persistência e força máxima para drenar o combustível que o sustenta. No caso, a avalanche de desinformação que desaba, sem tréguas, sobre os imunizantes destinados às crianças. Em sua imensa maioria, a recusa é atribuída ao medo de reações adversas nos filhos, cuja origem está na falsa percepção de que as vacinas não são seguras ou eficientes. O temor é alimentado pela disseminação massiva de conteúdos criados somente para demonizar a imunização nessa faixa etária, obviamente fraudulentos ou desprovidos de quaisquer dados confiáveis.
No vale-tudo, inventam-se relatos de mortes, paradas cardiorrespiratórias, crises de mal súbito e doenças graves, estudos de pesquisadores renomados que sequer existem, reportagens, vídeos, cards e toda a sorte de munição utilizada na indústria das fake news. Dia após dia, surgem postagens do tipo em grupos abrigados nos aplicativos de mensagens instantâneas, já que as redes sociais redobraram a caçada e endureceram o jogo contra disseminadores de mentiras na pandemia. Mesmo com o apoio dispensado pela imprensa, agências de checagem, cientistas, influenciadores e personalidades das mais variadas esferas, gente que se dedica diuturnamente a desmontar falsidades, a luta ainda é desigual.
Para reverter o cenário desfavorável, é necessário falar mais e em maior volume sobre o que é realidade nas vacinas infantis. É fato que elas só foram autorizadas para uso no Brasil após avaliação criteriosa feita pelos técnicos da Anvisa, órgão reconhecido mundialmente pela seriedade e competência em vigilância sanitária e farmacológica. É também verdade que não há até hoje reação adversa significativa confirmada em vacinados dos 5 aos 11 anos contra o coronavírus. Por fim, é mais que provado que quase todas as mortes e internações graves em 2022 se deram em não imunizados ou com ciclo incompleto. Fatia na qual as crianças estão inseridas.