Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Números são da as Estatísticas do Cadastro Central de Empresas, divulgada pelo IBGE
Vinicius Nascimento
Publicado em 25 de junho de 2021 às 05:15
- Atualizado há um ano
Cresceu o número de empresas, mas o número de pessoas ocupadas, assalariadas e a própria média salarial paga por essas organizações caiu entre 2018 e 2019 na Bahia. Os números são informações das Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre), divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira de São João (24).
De acordo com a pesquisa, o Estado registrou mais 7.099 unidades locais formais. Na ocasião, foram 251.438 empresas, representando um crescimento de 2,9% quando comparado ao ano anterior.
Só que, na contramão desses dados, a Bahia tinha menos 3.597 pessoas ocupadas entre um ano e outro, uma queda de 0,1%. A pesquisa também indica que o número de assalariados também caiu: 4.902 pessoas a menos estão nessa condição, representando uma queda de 0,2%.
Com todo esse contexto, o montante pago em salários por essas empresas também caiu. Mais de R$ 821 milhões a menos foram pagos, queda superior a 1% e acima da média nacional que foi de 0,7%.
Em 2019, a Bahia pagava em média 2,5 salários mínimos. Isso representa o 7º pior valor pago em geral no Brasil. Líder no quesito, o Distrito Federal pagava uma média de 5,3 salários mínimos, enquanto do outro lado da escala a Paraíba pagava média de 2,2 salários.
Gerente do Cempre 2019, Thiago Ferreira explica que o fenômeno registrado na Bahia seguiu a tendência nacional. No Brasil, o número de organizações com pelo menos um ocupado cresceu 3,4% em 2019.
"O destaque é que após três anos consecutivos de queda, o número de organizações voltou a crescer no país, chegando a 5,2 milhões de unidades ativas que ocuparam 53,2 milhões de pessoas. Dessas, 46,2 milhões são assalariadas e receberam R$ 1,8 trilhão. Isso equivale a 3 salários mínimos mensais por empregado [na média nacional]. Porém, observamos que o total de salários pagos caiu 0,7% e o salário médio mensal caiu 3,5%", disse.
O gerente afirmou que esta edição da pesquisa incorporou informações provenientes do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), que está substituindo gradativamente a Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
O pessoal assalariado cresceu 1,7% (758,6 mil pessoas) e o número de sócios e proprietários aumentou 3,6% (244,1 mil pessoas). No país, o total de salários e outras remunerações caiu 0,7%, em termos reais, mas o salário médio mensal caiu ainda mais: 3,5%. De 2018 para 2019, as Atividades administrativas e serviços complementares criaram 188 mil postos de trabalho, enquanto o setor de Educação perdeu quase 40 mil.
Como abrir MEI O desemprego, agravado durante a pandemia, fez com que muitos soteropolitanos empreendessem mais na pandemia e isso fez o número de Microempreendedores individuais (MEI) crescer 22% somente no último ano. O último levantamento da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz-BA) apontou que o já são mais de 127 mil microempreendedores somente em Salvador, contra 103.628 em janeiro de 2020.
Com o alto índice de desemprego no estado - que atingiu em 2020 uma taxa média de desocupação de 19,8%, e se tornou líder do desemprego no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, muitas pessoas resolveram empreender e registrar seu negócio. As perspectivas para o Brasil em 2021 não são boas: devemos ter a maior 14ª maior taxa de desemprego do mundo.
Esse é um dos principais motivos que a gestora do MEI na Bahia, Valquíria de Pádua, atribui ao crescimento. “Com a pandemia, muitas pessoas perderam o emprego e viram uma oportunidade de renda fazendo alguma atividade informalmente, e a facilidade que a formalização do MEI permite. Ele é gratuito, a pessoa vai estar formalizada e com vários direitos garantidos”, avalia Valquíria.
Valquíria Pádua defende que ter o registro de microempreendedor é só vantagem. “Um CNPJ abre portas, permite que tenha uma conta de pessoa jurídica, com tarifas diferenciadas, acesso a créditos com juros diferenciados. Facilita muito a questão do dia a dia da empresa, o recolhimento dos impostos, que é simplificado, de maneira única e de valor fixo. Ele mesmo entra no portal do MEI, imprime o boleto, os impostos, paga, não precisa de um contador, e está assistido pela previdência e licença maternidade”, argumenta. A renda anual deve ser de até R$ 81 mil, para poder realizar o cadastro.
O cadastro no MEI é gratuito e demora cerca de 15 minutos para ser finalizado. O empreendedor deve acessar o site portaldoempreendedor.gov.br. Quem é MEI pode ter apenas um funcionário, pode ter somente um estabelecimento e não pode ser sócio, titular ou administrador de outra empresa.
Além dos direitos, o MEI tem certos deveres, como o pagamento mensal de boletos do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). "Ele precisa pagar mensalmente o boleto DAS, onde estão os impostos e onde recolhe o INSS dele. Esse valor é fixo e varia de R$ 56 a R$ 61, com vencimento todo dia 20. Ele tem que ficar atento que anualmente ele é obrigado a declarar o faturamento bruto, sempre referente ao ano anterior. Se ele não faz, pode pagar juros e corre o risco de ter o CNPJ cancelado”, orienta Valquíria.
A especialista em gestão estratégica e marketing digital para pequenas empresas Flávia Paixão, diz que, a partir do momento que a pessoa decide empreender, vale a pena ter o registro de MEI – muitos só fazem após certo tempo já exercendo a atividade. “Quando a pessoa faz o MEI, ela sente que tem um negócio, então já muda a postura dela, não é somente uma brincadeira aquilo ali. Quando você pensa em levar a sério o negócio, vale criar, porque é uma forma de começar com o custo menor”, defende Flávia. Se a pessoa desistir no meio do caminho, é só cancelar. Mas é essencial para uma mudança de postura e se tornar uma empresa. “Ter o CNPJ é o primeiro passo para separar a pessoa física da pessoa jurídica e a pessoa veja aquela atividade como um negócio, com menor custo e burocracia”, ratifica Paixão. Ela reforça que a inscrição é gratuita pois vê muitos sites fraudulentos, que inclusive aparecem primeiro no ranking de busca do Google, tentando pegar os dados da pessoa - além do dinheiro – na inscrição do MEI. “Eles chegam a cobrar R$ 250 a 300” alerta Flávia.
Para quem quiser empreender, ela aconselha estudar a área e estar sempre aberto a novos conceitos. “As pessoas precisam ter vontade de aprender e estudar, porque ela precisa se preparar para ter um negócio. A pessoa pode saber fazer bolo, mas não sabe como faz uma formação de preço, não sabe usar as redes sociais e não entende as ferramentas, nem negociação”, norteia Flávia.Passo-a-passo 1. Acesse o Portal do Empreendedor clicando neste link
2. Na página 'Quero ser MEI', clique em 'Formalize-se
3. Se ainda não tiver um cadastro no site do governo, clique em "Crie sua conta gov.br". Se já tiver, insira seu CPF e senha nos campos específicos
4. Depois, caso seja solicitado, insira o número do recibo da sua última declaração de imposto de renda ou do título de eleitor.
5. Em caso de estrangeiros, outras informações devem ser solicitadas, como país de nacionalidade e dados de identificação civil. São aceitos os seguintes documentos emitidos pela Polícia Federal: Carteira Nacional de Registro Migratório, Documento Provisório de Registro Nacional Migratório e Protocolo de Solicitação de Refúgio.
6. Depois, é só conferir os dados que serão apresentados pelo sistema, preencher as informações solicitadas e concluir a inscrição.Mulheres seguem recebendo menos que homens no Brasil A pesquisa também indicou que as mulheres fecharam o ano de 2019 ganhando menos e ocupando menos espaço no mercado de trabalho quando comparadas aos homens. Foram 55,2% dos assalariados homens e 44,8% mulheres. O salário médio no sexo masculino era de R$ 3.188,03 enquanto delas era em média R$ 2.713,92 - uma diferença de 17,5%. As mulheres receberam, em média, 85,1% do salário médio mensal dos homens, segundo a pesquisa.
Os números escancaram o que o Fórum Econômico Mundial aponta: o Brasil é o 17º país com maior desigualdade salarial entre gêneros entre as 149 nações da lista do Fórum elaborada em 2018.
Um outro dado levantado pela pesquisa que chama atenção é que a educação teve a maior perda de pessoas ocupadas assalariadas entre 2018 e 2019. A pesquisa aponta que especialmente nas atividades de ensino médio houve redução em todo o país. Por outro lado, os maiores aumentos em assalariados foram em Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (11,3%) e em Informação e comunicação (6,0%)
As Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados criaram 14,8% dos novos empregos e o Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, 13,5%.