Número de feminicídios cresce 17% na Bahia na comparação com 2018, diz SSP

Assaltos a ônibus aumentaram de 0,1% na comparação com o ano passado

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  • Gil Santos

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação SSP

O número de casos de feminicídio na Bahia cresceu 17% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 41 ocorrências em 2018 e 48 até junho deste ano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). O número de roubo a ônibus subiu 0,1%.

O aumento nos casos de mulheres assassinadas pelos companheiros foi mais significativo no interior do estado, onde passou de 37 para 42 situações. Na capital, o número saltou de 4 para 5 casos, e na Região Metropolitana de Salvador, que ano passado não registrou ocorrências, teve um homicídio desse tipo.

No dia 14 de julho, a manicure Joice Nascimento Oliveira, 21 anos, foi assassinada depois de receber cinco golpes de faca no pescoço. Segundo a família da jovem, o principal suspeito é o ex-namorado dela, que não aceitava o fim do relacionamento de dois anos. Joice já havia sido agredida pelo companheiro em outros momentos, mas nunca registrou queixa.

No mês passado, Adriel Montenegro dos Santos, 23 anos, foi condenado a 16 anos e 7 meses de prisão pela morte da ex-namorada Andreza Victória Paixão, 15 anos. O crime aconteceu em abril de 2017. Ele atirou na nuca da jovem porque não aceitava o fim do relacionamento.

Para o secretário da SSP, Maurício Barbosa, a polícia pode ajudar nesses casos oferecendo atendimento personalizado para as vítimas de agressão e auxiliando aquelas que têm uma medida protetiva contra o companheiro. Ele citou a Ronda Maria da Penha da Polícia Militar, que no primeiro semestre deste ano fez 5.344 fiscalizações, 13.130 rondas, atendeu 97 chamados de urgência e realizou 50 prisões.

“Na maioria das vezes são situações que não passam pelo crivo da polícia ou da justiça. São casos de crimes passionais que, infelizmente, não tem como a gente prevê. A Ronda Maria da Penha atua em 16 municípios, mas vamos ampliar para mais quatro cidades para que a gente consiga maior prevenção e fiscalização. O objetivo é verificar se as medidas protetivas estão sendo cumpridas pelos agressores”, disse.

Barbosa contou também que a SSP está capacitando os servidores para que eles ofereçam atendimento especializado nas delegacias para as mulheres vítimas de agressão. Atualmente, apenas 15 dos 417 municípios da Bahia tem uma Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Maurício Barbosa destacou a redução no número de homicídios (Foto: Divulgação SSP) Interior Uma das preocupações das autoridades é com a migração dos criminosos dos grandes centros urbanos para as cidades do interior do estado. Na semana passada, o Atlas da Violência apontou os municípios de Saubara e Tanquinho como dois exemplos de locais onde a criminalidade tem crescido.

A Polícia Militar está apostando em ações direcionadas para conter a criminalidade nas pequenas cidades. Segundo o comandante geral da PM, Anselmo Brandão, a corporação está mapeando 50 municípios onde o crime está em escalada maior e vai atacar diretamente esses locais.

“Em cada unidade do interior nós fazemos suplementação com tropas auxiliares, a exemplo de Rondesp e da Caatinga. Em breve vamos lançar a Ronda Rural. Teremos 50 viaturas a disposição para atuar em 50 locais que já identificamos que tem contribuído para o aumento dos índices. Vamos começar essa operação no ano que vem”, contou. Apenas 15 municípios da Bahia tem uma unidade da Deam (Foto: Arquivo CORREIO) O secretário Maurício Barbosa disse que a fuga dos bandidos para o interior do estado já era esperada e que a polícia está apostando no aumento do efetivo policial e do aparato de segurança para combater os criminosos.

“Infelizmente, essa é uma prática nacional, ou seja, quando as polícias vão atuando de forma mais firme nas grandes cidades eles tendem a escapar para municípios menores, e preferem os que ficam no entorno das unidades prisionais. Isso tem provocado o crescimento da violência nesses locais. O que a gente quer é reforçar o policiamento, as estruturas de segurança, reformando as delegacias, e contratando novos policiais”, disse.

Barbosa afirmou que até o final deste ano será lançado o edital para a contratação de 2 mil policiais militares e 500 bombeiros. O gestor contou também que após o edital da PM ser lançado, está previsto outro edital para a contratação de policiais civis. “É importante dizer que a gente precisa muito do auxílio da Justiça também, na obtenção dos mandados para que a gente possa prender esses criminosos”, afirmou. Polícia prometeu intensificar ações em pontos de ônibus (Foto: Arquivo CORREIO) Ônibus O número de assaltos a ônibus nos primeiros seis meses de 2019 foi similar ao de 2018. No ano passado foram 983 ocorrências, enquanto este ano 984 casos foram registrados. O aumento foi de 0,1%. O número é bastante distante da redução registrada de 2017 para 2018, quando esse tipo de crime caiu 37%.

O comandante geral da PM, Anselmo Brandão, contou que, assim como a mancha dos homicídios, os locais preferidos pelos assaltantes de coletivos mudam na medida que a polícia intensifica o policiamento nessas regiões. Ele acredita que o problema também é social.

“O roubo a coletivo é complexo. Primeiro, porque grande parte de seus autores são menores e parte deles são dependentes químicos. Eles são recorrentes, ou seja, a mesma pessoa praticando os delitos. Nós prendemos, mas, infelizmente, por uma questão judicial essas pessoas não ficam presas. Estamos identificando as manchas e potencializando o policiamento, como na Estação Iguatemi e região da Estação Pirajá, onde estão a maioria das ocorrências”, contou.

Já o número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) na Bahia diminuiu 16% na comparação entre o primeiro semestre de 2018 e os primeiros seis meses de 2019. Segundo os dados da SSP, foram registrados 3.079 casos de homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte em 2018. Este ano foram 586 ocorrências desse tipo em todo o estado. Na capital, foram 604 situações no ano passado e 499 em 2019. A redução em Salvador foi de 17,4%.