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Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2019 às 16:11
- Atualizado há 2 anos
As forças de segurança no Brasil em 2018 mataram seis vezes mais do que a polícia norte-americana, é o que aponta pesquisa levantada pelo Fórum de Segurança Pública. A Constituição Federal brasileira estabelece no artigo 144 a segurança pública como um dever do Estado e tem como finalidade a preservação da ordem pública, das pessoas e do patrimônio.>
No entanto, os números relacionados ao crime e à ação policial demonstram que a polícia se tornou mais letal nas ações que executa. De acordo com matéria publicada no portal G1 houve um acréscimo de 18% no número de vítimas civis no país em 2018.>
“Esses dados chamam a atenção para o fato de que caso nada seja feito, a letalidade policial poderá se tornar incontrolável”, enfatiza Carlos Eduardo Rodrigues Bandeira, advogado especialista em direito penal.>
Quando a ação policial não é considerada crime O código penal brasileiro no artigo 23, inciso III, respalda a ação policial letal e não a considerada crime quando o agente de segurança pública a pratica como ato em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular do direito.>
“Nesses casos, todos os elementos devem levar a crer que não existiram alternativas além do uso da força e da letalidade”, explica o especialista em direito penal. Por outro lado, mesmo que cada caso necessite de avaliação empírica, o que não deve ocorrer sob nenhuma hipótese é o estímulo à letalidade policial sem motivo.>
“Isso porque a Constituição e o Código Penal brasileiro autorizam a ação policial e não a ação de vigilantes, os chamados justiceiros”. De fato, o termo justiceiro é usado para denominar o indivíduo que atua de forma paramilitar e com sentimento de vingança, não de justiça.>
“O aumento ou estímulo ao aparecimento de justiceiros representa mais do que rombos na justiça penal, mas uma forma de falência do próprio estado democrático de direito”, reitera Bandeira.>
O perigo está na vida fora de serviço Outra questão importante é que, segundo dados do Fórum de Segurança Pública, a maioria dos policiais que perderam a vida em ações criminosas estava fora de serviço Carlos Eduardo Bandeira reitera que o problema maior para a vida dos agentes de segurança não repousa nas ações policiais, mas na vida como cidadão comum.>
Ou seja, essas pessoas foram mortas fora do serviço público, como resultado das deficiências das políticas de segurança pública. “O que merece ser repensado não é a maior letalidade policial, mas a política de segurança em nível macro para garantir a vida desses agentes fora de suas funções”, diz.>
Ações letais não devem ser estimuladas O especialista afirma ainda que as forças policiais são essenciais em qualquer sociedade, mas ações letais devem ser desestimuladas antes que se tornem algo incontrolável e se revertam contra o próprio estado democrático de direito.>
“A função principal das forças de segurança é auxiliar a justiça na manutenção da ordem e não ser o martelo dessa justiça que seria utilizado para reprimir na função tripla de juiz, júri e carrasco”, conclui.>