O acesso à educação serve também para corrigir injustiças

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  • Andreia Santana

Publicado em 10 de maio de 2020 às 09:30

- Atualizado há um ano

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve 5,1 milhões de inscritos em todo o Brasil na sua última edição. Apesar do método de seleção para o ensino superior ainda não ser o modelo perfeito e inclusivo pelo qual a sociedade anseia, o Enem se mostrou ao longo dos anos bem mais eficiente do que os antigos vestibulares, principalmente no acesso dos estudantes mais pobres às universidades públicas. 

O ministro da Educação Abraham Weintraub, no entanto, parece não entender para o quê serve o Enem. Ou mesmo para o quê serve o acesso à educação. Essa semana, em reunião no Senado, o titular do MEC afirmou que ‘apesar de existirem injustiças, o exame não foi feito para corrigir injustiças, mas para selecionar’. 

A resposta do ministro foi dada depois que senadores observaram que, em função da pandemia de coronavírus, os estudantes das escolas públicas ficariam em desvantagem em relação àqueles das escolas privadas, que estão tendo aulas online, justamente porque nem todos os alunos mais pobres têm computador ou qualquer dispositivo que permita o estudo remoto. 

A covid-19 fechou as escolas desde março e sem as aulas presenciais, todo um contingente de estudantes será prejudicado. Por conta disso, o Senado quer o adiamento das provas do Enem deste ano. Weintraub, no entanto, se recusa a suspender o exame alegando que os efeitos do coronavírus já terão se dissipado em novembro, quando devem ocorrer as provas tanto presenciais – nos dias 01 e 08 – quanto digitais – nos dias 22 e 29. Abraham Weintraub se reuniu com senadores para falar do Enem (Foto: Agência Brasil) O otimismo do ministro é necessário no seu papel de ocupante de cargo público. Ele precisa mesmo passar esperança para a população confinada e impaciente para que a vida volte ao curso rotineiro. No entanto, otimismo não vai resolver uma situação prática, a da reposição das aulas suspensas há dois meses e sabe-se lá por quanto tempo ainda para a frente. 

O Enem é uma prova grande, demorada, exaustiva e complexa. De fato, ela testa todo o conhecimento que o estudante acumula na vida acadêmica. Mas, ainda assim, o ano do exame é usado para revisões específicas, para enfatizar a importância de pegar todo esse conhecimento acumulado e correlacionar assuntos. Se fosse tão simples apenas lançar mão do acervo de disciplinas fixadas na memória ao longo dos anos, não seria necessário fazer revisão e se preparar para a prova.

Logo, as aulas fazem diferença e reposições às carreiras não vão dar conta de preparar adequadamente quem não pode estudar por não ter computador, smartphone ou mesmo uma biblioteca funcionando perto de casa, já que tudo o que não é essencial – basicamente farmácia, hospital e supermercado – não está aberto durante a quarentena.

As inscrições para o Enem 2020 começam na segunda-feira, 11, e vão até 22 de maio. Na reunião com o Senado ficou decidido que outro encontro com o MEC ocorrerá em agosto, para decidir sobre um possível adiamento ou não das provas. 

No encontro da última quarta-feira, Weintraub cometeu outro equívoco e confundiu oportunidade com inteligência. Na visão dele, o Enem seleciona ‘os mais inteligentes’ dos ‘menos inteligentes’. Mas, a crise do coronavírus só mostra que na verdade, a prova vai acabar virando exatamente o que eram os antigos vestibulares, uma disputa entre quem tem mais condições financeiras de estudar e quem não tem. E nesse tipo de mérito, não há justiça.

Outros destaques da semana Beneficiários da ajuda do governo marcaram lugar na fila da Caixa de forma inusitada (Foto: Blog do Valente) Bancos e capacetes para marcar lugar na fila

As regras de distanciamento social foram cumpridas com criatividade pelos beneficiários do auxílio do governo federal pago pela Caixa, em Santo Antônio de Jesus. Para evitar a proximidade física e que o coronavírus faça mais vítimas, as pessoas trocaram de lugar com objetos como capacetes, bancos plásticos e chinelos na fila interminável do banco. Regina Duarte é secretária especial da Cultura do governo Bolsonaro (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil) O fica e não fica de Regina

A semana começou com a secretária especial de Cultura, a atriz  Regina Duarte desautorizada na própria pasta. Em um único dia, o maestro Davi Mantovani, que havia sido exonerado por ela, foi renomeado e depois, teve a renomeação revogada. Nos bastidores da secretaria, comentava-se que o presidente Jair Bolsonaro não estava gostando do fato da atriz trabalhar de casa, já que ela tem 72 anos e é grupo de risco para a covid-19. Regina está cumprindo o isolamento  em sua casa, em São Paulo, mas o presidente é a favor de relaxar a quarentena. Os dois se reuniram na quarta-feira para falar sobre a permanência da atriz na pasta e ela  saiu do encontro com a certeza de que não será demitida. Mas, mal resolveu o imbróglio, se meteu em outro. Na quinta, ao dar entrevista para a CNN, minimizou as mortes da ditatura e os óbitos recentes de artistas pelo coronavírus: “Se você falar da vida, do lado tem a morte. Sempre houve tortura, censura. Sou leve, estou viva. Estamos vivos, vamos ficar vivos? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões”, disse.

As cinco mais lidas da semana:1 - Bairros de Salvador começam a entrar em lockdown no sábado (9) O anuncio do isolamento obrigatório que será adotado em alguns bairros de Salvador foi feito na quarta-feira pelo prefeito ACM Neto durante a inauguração de um posto de distribuição de alimentos, em Itapuã.

2 - Mulher descobre ser 'presidente da República' ao ter auxílio de R$ 600 negado Mesmo sem jamais ter concorrido ao cargo, a desempregada Adeyula Dias Barbosa Rodrigues, 31 anos, descobriu que era "presidente da República". A revelação ocorreu após ela ter tentado obter o auxílio emergencial. 

3 - Ainda não é lockdown: Centro, Boca do Rio e Plataforma terão bloqueios a partir de sábado (9) Em conjunto com o Governo do Estado, a Prefeitura de Salvador divulgou, na quinta-feira, que o Centro da cidade e os bairros da Boca do Rio e Plataforma terão medidas restritivas mais duras.

4 - Entenda o que é o lockdown, que começa a ser adotado em Salvador Lockdown é o nível mais alto de segurança e que pode ser necessário em situação de grave ameaça ao sistema de saúde. Em cidades do Rio, Pará e Maranhão a medida foi tomara para conter o novo vírus.

5 - STJ torna réus 4 desembargadores e 3 juízes por venda de decisões no TJ-BA A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta quarta-feira (6) tornar réus quatro desembargadores e três juízes do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA)