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O Atlético que me perdoe, mas o Fortaleza também é campeão


 

  • Paulo Leandro

Publicado em 08/12/2021 às 05:06:00
Atualizado em 22/04/2023 às 18:15:05
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Coberta de méritos e louros a glória do Atlético Mineiro, salve, salve, a ambiguidade original, o complementar necessário, quando se une a força e a objetividade do Incrível Hulk à fragilidade corpórea e ao talento artístico de Reinaldo, considerando o Galo, uma Esparta e uma Atenas, ambas vitoriosas a seu modo e em louvor às deusas e aos deuses.

No entanto, com sua licença do regulamento da CBF, vamos declarar aqui, nesta coluna, Atlético Mineiro e Fortaleza campeões, considerando o critério pétreo de os leões tricolores aproximarem-se do inigualável Vitória, dono da campanha top da Região Nordeste na era pontos corridos (59).

O Fortaleza é campeão por equidade, já cumpriu os 12 trabalhos: oito anos de degredo na Série C, dedicando-se ao cuidado em organizar a administração; pacificou ânimos tomados por ímpeto ou desejo; e principalmente, soube investir no plantel, com foco mais na formação de um bom time e menos no atendimento à demanda de mercadores de bagres.

Qualquer clube de pouco dinheiro e distante geopoliticamente do centro de decisões e de repercussões midiáticas (Rio-São Paulo); apito surdo para dar pitaco em tabela, regulamento ou arbitragem; enfim, qualquer clube na condição de “menor” ou “raça inferior” na mecânica ariana do fútilball, precisa aprender com o Fortaleza.

Qual teria sido o feitiço de um clube periférico, embora de grande potencial, cujo mérito foi lançar a magia da forma sobre a matéria incerta, daí resultando uma agremiação composta, um novo Fortaleza, construído a partir das mesmas condições de tantos outros?

Tantos outros seriam “fortaleza”! O Vitória poderia. E tem bem mais estrutura, salvo engano, um estádio particular, o quarto do país. Uma torcida doida que aceita até paletar da Paralela para Canabrava se não tiver transporte. O poder simbólico de pai do desporto (1899). No entanto, seu destino foi o Hades da Série C... de Cérbero.

O Sport ‘Ricife’ caiu. O Náutico fez menção de subir e depois arriou o motor. O Santa Cruz seria um saveiro singrando ao sabor dos ventos, alçando ditoso caminho da D para a A; logo depois, em engano alucinatório, fez o contrário, e da A sumiu na movediça Série D.

Fosse a humildade um valor, estaríamos todos organizando visitas a Fortaleza para conhecer melhor este clube capaz de encontrar a saída, reforçando a hipótese de ter harmonizado as relações ao honrar compromissos de pagar em dia sem enganar os irmãozinhos.

Quem é o alquimista responsável por esta batida de essência a tal ponto de enfrentar o Fortaleza, sem temer, qualquer time brasileiro da atualidade? A Libertadores vem aí para verificar melhor se há razões para botar tanta fé no time das iracemas.

Ganha o cidadão-torcedor brasileiro a alegria de admirar o novo mapa do fútil-ball com a presença de um clube de Fortaleza entre os phd, quem sabe a bola pode mostrar como o mundo da diversidade e da inclusão nos ajuda a vencer a realidade, unindo o Brasil em vez de desunir!

Post scriptum: Agora que já enchemos a bola do Fortaleza, faça-nos o favor o time cearense de permitir ao Bahia sua permanência na Série A, como já o fizera na temporada passada. Assim, irmanados, seremos mais fortes na temporada 2022. Muito grato, forte abraço, feliz Natal!

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.