O Bahia de Feira pode vir a ser o terceiro Reich do futebol baiano?

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  • Paulo Leandro

Publicado em 10 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há 10 meses

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Desde que me entendo por cronista esportivo, e lá se vão 10 mil e 35 anos atrás, ouço a mesma resenha: precisamos de uma terceira força no futebol baiano.

Neste tempo todo, já tivemos pencas de candidatos; Flu de Feira, campeão em 63 e 69, deu xabu; Galícia, primeiro tri, campeão de 68, demolidor, desbancou o Bahia na Taça de Ouro de 80 e foi vice outras vezes, nada; Atlético de Alagoinhas de Merica e Dendê, armou ótimos times, necas; Colo-Colo de Ilhéus, campeão batendo o Vitória no Barradão em 2006, sumiu; até o Guarani de Brotas, campeão de 46, já botou e tirou o corpo fora; e tantos e tantos outros.

Gastaria todo nosso espaço de 3 mil e 200 toques que o editor amigão nos concedeu, na reestreia aqui no Correio líder, só para citar nossos fantasmas. Maldição! Nenhum time se firma como terceira força pra dar testa a Bahia e Vitória a fim de animar nosso morno estadual.

O candidato da vez é o Bahia de Feira, que também foi campeão na casa do Vitória em 2011. Tremendão, fundado como time do povo da maior cidade do interior, é mais antigo que o Flu e montou estrutura de líder. Deu 2x0 no Bahia em Salvador, coisa que o Vitória perdeu o costume, voltando aquele perfil anterior ao Gigante, mais pra pichane que leão.

Hoje, ao receber a visita do Nego, o novo candidato a III Reich (referência ao nosso nazismo em flor) tem a boa chance de detonar o Decano e mostrar que tem armamento para construir sua arena alternativa ao poderio da dupla Ba-Vi.

Um pedregulho na chuteira dos bambambans do nosso futebolzinho bambo, cujo deserto de times do interior na Série B e participações meeiras na A dizem bem o tamanhinho da nossa bola, meio murcha, quase furada.

Mesmo que o III Reich de Feira não resista mil anos, como era a pretensão original, que ao menos possa alcançar e se firmar na Série B nacional, juntinho com o Vitória ioiô, se for o caso, já em 2021.

Vizinhos da Confederação do Equador têm mais história. O Ceará já botou o Icasa, que se fartava de deixar o Bahia de quatro; Alagoas tinha o ASA, de Arapiraca, só não troque a ordem das sílabas; Pernambuco, Salgueiro; e Rio Grande do Norte, Baraúnas. A gente só goza, e muito rapidinho, na Copa do Brasil, quando uma Juazeirense dá uma alegria de nada e empata com o Vasco.

Parêntese: falando em Vasco, a gente podia parar de dar força a time de fora. Lá em Lençóis, minha cidade-refúgio, tem torcida uniformizada do Palmeiras e até de um time da Rússia! Não bastasse a cidade vizinha com nome de Palmeiras! O povo mesmo parece que não quer saber de curtir nossos clubes.

Tive a tristeza (sou Vitória) de entregar aos players do Bahia de Feira a taça de campeão baiano na festa dos melhores promovida pela Rede Bahia há uns anos. Xinguei João Neto, o artilheiro, no pé do ouvido, e ralhei com seus companheiros, e até o treinador, muito competente, esqueço o nome agora, Arnaldo... Tudo na dimensão da zombaria, na paz de oferecer a outra face que os vices acumulados terminam nos acostumando.

Pelo bem do nosso desporto, e infelizmente para meu Negão, hoje, quero ver o Bahia de Feira nos fazer acreditar, como há 10 mil e 35 anos, que temos espaço sim para acolher uma terceira força a fim de dar umas calorias a este nosso futebolzinho tão mal digerido.

Salve o Tremendão de Feira!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.