O Bahia perdeu o que tinha de melhor

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Publicado em 14 de novembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Difícil explicar a má fase do Bahia no Brasileirão por apenas um fator. A julgar pelas entrevistas coletivas recentes, o técnico Roger Machado tem apontado o desgaste físico causado por dois jogos semanais como principal motivo para a queda de rendimento. Mas, se fosse só isso, boa parte dos outros 19 times da competição estariam passando pelo mesmo problema, afinal, poucos têm um elenco com fartas opções de qualidade como Palmeiras e Flamengo.

Como observador externo – e carente de informações internas que podem ser relevantes -, arrisco uma outra justificativa. O declínio do Bahia aconteceu porque o time perdeu o que teve de melhor ao longo da maior parte do campeonato: a concentração do início ao fim da partida.

Na verdade, essa possibilidade não elimina a hipótese levantada por Roger, que pode ser complementar. A forma como o Bahia joga é cruel com os jogadores do ponto de vista físico, por exigir altíssima intensidade dos pontas, dos laterais e também do centroavante, que recua até antes do meio-campo para deixar a equipe compactada na hora em que o adversário ataca. Ao longo de 90 minutos, eles vão e vêm inúmeras vezes e são responsáveis pelo modelo “encaixado” que o Bahia exibiu na maior parte da Série A. Em um momento de queda de preparo físico, é difícil que o jogo flua como antes.

O que tem acontecido é que os jogadores não têm cumprido a estratégia à risca. Não é por não saber o que devem fazer em campo; eles sabem, tanto que ainda fazem na maior parte do tempo. Mas momentos de desconcentração têm proporcionado espaços para os adversários que antes não apareciam, o que gera gols e resulta no prejuízo escancarado na tabela. 

Casos recentes: no gol de empate do Cruzeiro, por exemplo, Artur se permitiu um instante de descanso e parou de acompanhar Sassá, que dominou e chutou de fora da área sem ser pressionado. Ao longo do ano, Artur e Élber tornaram-se titulares e fundamentais no funcionamento coletivo da equipe por conseguirem defender com a mesma voracidade que atacam. E bastou um instante de relaxamento no Mineirão para 90 minutos irem por água abaixo.

Contra o Flamengo, Moisés não marcou quem deveria (Gabigol) em nenhum dos três gols. No primeiro, ele observou à distância o cruzamento para Reinier, marcado também à distância por Lucas Fonseca; no segundo, cochilou enquanto o artilheiro do Brasileirão passou por trás e serviu Bruno Henrique (em lance que Artur também se desligou e deu as costas para a bola no início da jogada); no terceiro, teve um tempo de reação muito maior que o do atacante, que estava atento ao rebote da falta e ele não estava. O mesmo Moisés já havia falhado no gol da Chapecoense na Fonte Nova, no jogo anterior. E contra o Santos na Vila Belmiro... O mesmo Moisés que era formidável defensivamente até um ou dois meses.

Assim como Moisés, Lucas Fonseca também exibiu uma queda acentuada de produção individual no segundo turno, muitas vezes por falta de velocidade para acompanhar ou se antecipar à jogada, vide os dois gols de Guerrero para o Internacional e o de Reinier do Flamengo. Mas, por falta de opção no caso do lateral e talvez de confiança no caso do zagueiro capitão do time, Roger tem mantido a dupla como titular.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.