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Hugo Brito
Publicado em 24 de junho de 2021 às 05:02
- Atualizado há um ano
No final de abril escrevi aqui na coluna sobre uma reclamação de Zuckeberg (Facebook) depois que a Apple implementou uma ferramenta que deu aos usuários a decisão de impedir aplicativos, mesmo já estando instalados, de seguir e registrar suas atividades. O argumento do Facebook fundamentou-se na linha de acusar a empresa comandada por Tim Cook (Apple) de estar interferindo na liberdade do mercado e, a Apple, rebateu que estava exatamente prezando pela liberdade de escolha de seus usuários.
Mas como o mundo dá voltas esse mês foi a empresa de Zuckeberg que baixou o cajado da censura, tirando páginas que usavam ferramentas da brasileira mLabs do ar, alegando que infringiam as regras da empresa. O estranho é que as 332 mil páginas, que usam as ferramentas de gestão de redes sociais da mLabs estão funcionando há anos.
A tal “liberdade” e a proteção dela Tanto no episódio da ação da Apple como na do Facebook, o que existe é algo que já cometei algumas vezes por aqui.
A internet e a tecnologia atrelada a ela não é livre, não é grátis e não é democrática. Não dá para assistir a todos esses movimentos sem lembrar de Tristan Harris, co-fundador e presidente do Centro para a Tecnologia Humana, aquele que foi executivo do Google e que falou no documentário “O dilema das redes sociais” a frase de maior impacto, que vira e mexe cito aqui: "Quando você não paga pelo produto, significa que você é o produto”.
Resumindo, toda vez que temos gigantes da tecnologia brigando e impondo regras de “defesa” da liberdade, é prudente lembrar que os produtos que oferecem são “gratuitos” e que, liberdade e privacidade são coisas cada vez mais utópicas na sociedade conectada em que vivemos.
O cajado da LGPD É por isso que, não tem jeito, chega o momento do estado colocar o seu cajado em ação e impedir que as empresas façam o que bem entendem. Aqui no Brasil quem promete aumentar esse controle é a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), regulando o uso das redes e dos dados pessoais que circulam pelos inúmeros aplicativos e bancos e dados de empresas mas, é claro, nesse movimento de “proteção” é preciso ficar atento também.
Os interesses que movem o jogo político, bem conhecidos por todos nós, vêm sempre usando a mesma abordagem das gigantes da tecnologia, a de “fazer cumprir a lei”, “proteger o povo e a liberdade", “proteger o dinheiro público”, etc, etc. Mas basta olhar para o recente processo das vacinas no Brasil, ou ir puxando pela memória para outros momentos da história de qualquer país, para se ver que não é bem assim, nunca foi nem nunca será.
O que nos resta como sociedade, seja no contato com mega empresas de tecnologia, seja com a política, é procurar evitar agir com inocência, lutar pela transparência e entender que sempre que é levantada a bandeira da defesa da liberdade, infelizmente, tem alguém ganhando com ela… e geralmente não somos nós.