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Nelson Cadena
Publicado em 3 de setembro de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A Associação Bahiana dos Cronistas Desportivos, uma das três mais antigas entidades de jornalistas do país, completou em plena pandemia um século de vida; a precederam apenas a Associação Brasileira de Imprensa-ABI, fundada em 1908, e a Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro-ACERJ, fundada em 1917. A nossa A.B.C.D nasceu em 7 de março de 1920 por iniciativa de Benjamim Bompet, cronista do jornal A Manhã e de A Tarde e, antes disso, em 1914, meio volante do Black and White, time de futebol da segunda divisão e, após, em 1915, do time da Associação Atlética da Bahia.>
Bompet era também um aficionado pelo teatro e em finais da década de 1920 fundou a agência teatral Ferbon, que estreou no Politeama agenciando a Companhia de Revistas Sketchs e bailados Otilia Amorim. Um mês após o marco inaugural a Associação promovia um grande evento para o público: um jogo de futebol entre times de senhoritas, atração no contexto de uma festa realizada no Ground do Rio Vermelho e que contou com provas atléticas, jogos de tênis e um concurso de misses. Mais tarde a A.B.C.D, para estimular seus associados, criou o concurso de palpites. O jornalista que mais pontuasse, nas suas previsões para os páreos das regatas da Ribeira, recebia uma medalha de ouro.>
Formaram a primeira diretoria da A.B.C.D, eleita para o período 1920-1922, Clodoaldo de Marques Porto, jogador e juiz de futebol como Bompet; cronista de O Pierrot; Aurélio Faria, jornalista de O Tempo; J. Burgos Menezes, cronista de A Tarde e como diretor-secretário o jovem Hermes Lima de O Imparcial, futuro ministro de João Goulart, também ministro do STJ e notável escritor, membro da Academia Brasileira de Letras; e antes disso, um dos presos políticos, 13 anos recolhido, mais perseguidos pela ditadura Vargas. Esta diretoria teve o mérito de impulsionar o Torneio Início, competição de mata-mata, criada em 1919, através de uma rica premiação oferecida por comerciantes.>
A segunda diretoria da A.B.C.D empossou o jornalista e jogador do Ipiranga, José Bastos, como presidente (em 1926 foi um dos fundadores da famosa Academia dos Rebeldes da qual faziam parte Jorge Amado e Edison Carneiro) e Ranulfo Oliveira, repórter de A Tarde___ futuro diretor do jornal e presidente da ABI por 39 anos__ como vice-presidente. A chapa eleita para o período 1922-1924, incluía ainda Amado Coutinho, então cronista do Diário de Notícias; Rivaldo de Mattos Moreira e mais os pioneiros Burgos de Menezes e Marques Porto.>
Em 1926, Ranulfo Oliveira foi escolhido por Simões Filho como o novo redator-chefe de A Tarde; continuou na diretoria da A.B.C.D, então presidida pelo Dr. Mello Barreto Filho da agência de notícias Americana e da qual faziam parte: Carlos Spínola, também da Americana e representante na Bahia de O Malho e O.E. S.P; Florêncio Santos, de O Imparcial; Derval Gramacho e o poeta Áureo Contreiras, da revista Renascença; Aristóteles Gomes, de A Tarde, dentre outros.>
Em 1928, Ranulfo assume a presidência da assembleia geral da entidade e o Dr. Macedo Guimarães, representante do Jornal do Brasil, a diretoria executiva, tendo como vice o proprietário do Diário de Notícias, Altamirando Requião. Na sua centenária trajetória a A.B.C.D contou, entre seus presidentes, dentre outros, com os jornalistas Genaro Nunes; Nelton França; Luiz Monteiro Menezes da Costa; Genésio Ramos; Cleo Meirelles; Walfredo Reis; Moacyr Neri; Antônio Roberto Pellegrino; Antônio Mattos e Jorge Vital de Lima, que a presidiu por mais de vinte anos. Atualmente é dirigida pelo ex-jogador e radialista Dito Lopes.>
Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras>