O esquecido futebol feminino

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  • Miro Palma

Publicado em 4 de abril de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A Copa América começa nesta quarta (4) e a seleção brasileira de futebol faz sua estreia no campeonato na quinta (5), no clássico diante da Argentina. Não está sabendo? Provavelmente porque estou falando da seleção feminina. Renegadas a eternas coadjuvantes no futebol brasileiro, as atletas e as mulheres seguem sem incentivo, apoio e visibilidade. Um exemplo claro desse descaso com a modalidade feminina acontece com a seleção brasileira. Uma das melhores seleções do mundo –  atualmente 9ª no ranking da Fifa – e com jogadoras importantes no cenário mundial como Formiga, Cristiane, Erika e Marta, o nosso time continua com uma estrutura medíocre se comparada a outras seleções e mais ainda ao irmão masculino. O fato da Copa América Feminina começar nesta quarta (4) e um ou outro veículo de comunicação ter dado um espacinho para o assunto mostra como elas são menosprezadas. E nós estamos falando do time em que joga a maior jogadora de futebol de todos os tempos: Marta. São cinco títulos de melhor do mundo. Nenhum outro jogador brasileiro conseguiu esse feito. Como ela, somente Messi e Cristiano Ronaldo alcançaram a marca. Ainda assim, como acontece com qualquer mulher em nossa sociedade desigual, elas não disfrutam dos mesmos louros da vitória. Além dos ganhos financeiros não serem nem de longe proporcionais, elas não recebem a mesma atenção, devoção, gratidão. Só lembram delas quando a seleção masculina vai mal. Aí vale riscar o nome de Neymar da camisa e escrever o de Marta. Mas, ir na loja disposto a comprar a camisa da jogadora, é esforço demais, não é mesmo? Cristiane, maior goleadora da história do futebol nos Jogos Olímpicos, maior de todas e de todos, reclamou desse abandono em recente entrevista para o jornal Correio do Estado. “Não tem que ser assim, o feminino tem que ser enxergado sem precisar de um tropeço do masculino”, disse a atleta, que já tinha até anunciado sua saída da seleção em 2017 devido às dificuldades encontradas. E se olharmos para os clubes, a palavra dificuldade ganha contornos ainda mais tristes. Dos 20 times que disputaram a série A do Brasileirão do ano passado, apenas oito tinham uma equipe feminina. E olha que a partir do ano que vem o clube que não tiver um time feminino vai ficar impedido de disputar a Copa Libertadores da América. Nem com a exigência implantada pela CBF, Conmebol e Fifa houve uma preocupação maior dos dirigentes com a modalidade. O Bahia, por exemplo, vai deixar para a última hora. Até hoje não tem um time feminino montado e nem previsão para estabelecê-lo. O Vitória, por sua vez, já tem uma equipe e ficou em terceiro lugar no último Campeonato Baiano. Mas, se você for buscar alguma informação no site do clube, desista, só vai achar algumas matérias se digitar “feminino” na busca. A equipe, inclusive, é encaixada na categoria de esportes olímpicos. A mudança desse cenário passa pelas mãos dos dirigentes de clubes, entidades e mídia em geral. A iniciativa da CBF, Conmebol e Fifa é louvável, mas de nada vai adiantar se os clubes cumprirem estritamente com a obrigação, sem enxergar o potencial que essas equipes podem alcançar e o retorno que trarão para suas agremiações. Mais ainda, se as entidades não se colocarem firmes como fiscalizadoras e parceiras das atletas e se a imprensa – e eu me enquadro nesse puxão de orelha – não voltar os olhos para a modalidade. Parafraseando a campanha das minhas colegas de profissão, deixa elas jogarem.*Miro Palma é subeditor do Esporte e escreve às quartas-feiras