O importante é sorrir: conheça a história dos risos da capa do CORREIO de hoje

Sorriso é uma marca registrada do povo baiano

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  • Nilson Marinho

Publicado em 29 de março de 2019 às 04:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Sora Maia/ CORREIO

Uma escalação de um time de futebol jamais seria capaz de traduzir o que faz quase 3 milhões de soteropolitanos sorrirem. Mesmo assim, nós do CORREIO insistimos em convidar 11 pessoas numa tentativa de resumir esse  estado de espírito que, por aqui nas nossas terras, parece pulsar mais que em outros trópicos.

Sorrir é a única coisa que faz doer (os músculos da cara e da barriga) e, mesmo assim, a gente insiste em fazê-lo aflorar. E nós, baianos, não apenas sorrimos, precisamos de mais para demonstrar o prazer, a alegria e o contentamento de estar vivo. Rimos de corpo e alma, de dentro para fora. Sorria, leitor! Afinal, hoje Salvador faz 470 anos. 

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Daniele Nobre, uma deusa Uma deusa não tem motivos para não estar feliz. Onipresente e onipotente, o máximo que o mero humano pode se aproximar da divindade é na simples comparação entre um e outro. Muita sorte tem quem é comparada a elas. Daniele Nobre, 30 anos, por exemplo, é a Deusa do Ébano, título concedido pelos o que vivem entre o céu e a terra e que lhe faz todos os dias se orgulhar da sua cor e seus orixás. Foram oito tentativas até ver o seu nome anunciado como a mais bonita da Senzala do Barro Preto. Felicidade tamanha, compara, só quando conseguiu a formação de secretariada executiva, sendo a primeira da família a ter uma formação acadêmica. “Eu estou muito feliz. Ainda estou em êxtase. Sou feliz porque tive pessoas maravilhosas no decorrer do concurso, como a minha mãe, uma torcida incondicional”. Da sua mãe que é baiana de acarajé herda o riso fácil, o sorriso largo e a destreza de rir com o corpo inteiro.  Foto: Sora Maia/CORREIO Para Matheus Jácome, viver é sorrir Felicidade para o ator e o modelo Matheus Jácome, 22 anos, é questão de ser. Sorrir é consequência desse espírito. E se ele abre portas [para o show business] não há motivos para se zangar. Ao contrário disso, só se o personagem ou a passarela exigir. E há coisa que deixa o leonino mais feliz do que estar de bem com sua própria imagem? Não! “Só o fato de estar vivo é um motivo para sorrir, independente do que esteja acontecendo na sua vida. Ele quebra barreiras. Felicidade é uma coisa de momento e depende da companhia que te cerca”, disse. Natural da cidade de Senhor do Bonfim, na região norte do estado, Salvador tem sido o seu porto há um ano. Daqui, pretende navegar para outros mares em busca daquilo que contribui – e muito – para sua felicidade: a carreira.                                                          Foto: Sora Maia/CORREIO Ariane Senna quebra barreiras A psicóloga Ariane Senna é uma gigante, não apenas na sua estatura de pouco mais de 1,80 m, mas por ter resistido a tantos obstáculos impostos em sua vida desde muito pequena. Mas como se trata de um especial sobre a felicidade, deixaremos o azedume de lado e seguiremos apenas com as conquistas que mais lhe fazem se orgulhar de si mesma, como por exemplo, ser a primeira transexual a ter um diploma de nível superior em Salvador. Logo mais, se tudo der certo – e vai dar –, ela poderá comemorar outro título: a de mestre pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Fora o pioneirismo, poder ser ela mesma é um privilégio para poucas. “Me considero feliz porque poder ser quem é, é libertador. Escolhi ser por mim e não pela sociedade. Sou feliz porque, enquanto mulher trans, eu tenho adentrado em espaços antes negados.”, disse.                                                         Foto: Sora Maia/CORREIO

Vovô e o Ilê Tirando o Esporte Clube Vitória, que vai de mal a pior e que já não arranca mais o sorriso de orelha a orelha do Vovô do Ilê, só mesmo o grupo afro que é capaz de deixá-lo de bem com a vida. O criador e criatura aliás se confundem. Não há como imaginar a Senzala do Barro Preto sem a sua presença, e vice-versa. “Ter criado o Ilê, ajudado, contribuído para fazer com que o povo e a cidade de Salvador começassem a se reconhecer como cidade preta me deixa muito feliz”, disse Antônio Carlos dos Santos, 66, de batismo. Sem esquecer, claro, da sua mãe, a mãe Hilda Jitolú, que já não está mais entre nós, mas que, em vida, instruiu o filho com a sabedoria que é apenas reservada às ialorixás da Bahia.                                                         Foto: Sora Maia/CORREIO Dany Brugni está nos holofotes Nada pode ir bem se você não estiver em paz consigo mesmo, com o trabalho, com os seus. Esse é o mantra da modelo e empresária Dany Brugni, que prefere não revelar sua idade – coisa de passarela. É na sua família que ela cultiva os motivos para continuar caminhando fora dos holofotes, em especial sua filha, que começa a percorrer os passos da mãe. “O estado mor de felicidade é estar bem comigo, com o trabalho, com a família, se tem alguém da família que não está bem eu não consigo ser feliz”, revelou. Baiana, criada no Espírito Santo, Salvador abraçou a ela e o seu trabalho. “Sou muito grata, só tenho a agradecer”, completou.                                                         Foto: Sora Maia/CORREIO Adriana Regis é só simplicidade A empresária Adriana Regis, 44, sorri sem parar das 7 às 18h, depois disso a bateria vai descarregando. Também pudera. Sua vida, que é a movida a base dos 220 volts, é tão corrida como a própria fala. E como fala. Quando acorda, fala para si mesma quantos motivos tem para estar feliz; quando está no ‘insta’ lembra aos 25 mil seguidores da sua loja de roupas o quanto a vida pode lhe reservar boas coisas – e bons tecidos –; já no trabalho, não só vende como dá conselhos as suas clientes. Em um dia desses, numa breve pausa na rotina, o estado de plena satisfação veio com um prato de quiabada, acompanhado com uma ambrosia para arrematar o almoço. Reforçando o clichê: a felicidade está nas coisas simples da vida – e nas refeições também. “A felicidade começa logo pela manhã. O lance todo é esse: acordar de manhã e dizer o quanto o dia vai ser diferente. Temos picos de felicidade durante o dia. Esses dias, por exemplo, estava querendo conhecer um restaurante muito simples, a fim de comer uma quiabada. Ai, que delícia, meu dia podia acabar ali mesmo”, lembrou.                                                         Foto: Sora Maia/CORREIO Maria Eduarda adora cantar Aos quatro anos, galgando os primeiros passos na vida, Maria Eduarda Gomes Silva não tem muito o que se preocupar. Um ser tão diminuto não precisa de muito para ser feliz. Basta apenas a companhia da família e um tempo livre para brincar com o brinquedo preferido. Como as crianças de agora não são como de outrora, adiciona aí na listinha umas comprinhas, uns ‘itens básicos’ que toda blogueirinha mirim precisa ter para arrancar uns likes dos seus seguidores. No lar dela, muito antes de vir ao mundo, Duda já era esperada. A chegada da cegonha estava nos planos do papai e da mamãe. E como ela é filha única isso lhe garante atenção em tempo integral, lembra a mãe coruja. Antes que a gente esqueça, cantar é uma das expressões que também denota que a felicidade está presente na vida da pequena. “Ô sol vê se não esquece e me ilumina/ Preciso de você aqui/ Ô sol vê se enriquece a minha melanina /Só você me faz sorrir…”.                                                           Foto: Sora Maia/CORREIO Kika Maia espalha alegria Kika Maia, 42, é como um espelho, capaz de refletir aquilo que está em sua frente. Não à toa, trabalha com a aparência delas, prestando consultoria sobre moda e imagem. Se elas estão bem, de igual modo, ela estará. Sua felicidade pode tanto estar nisso, como nas coisas mais corriqueiras da rotina que só a nossa cidade litorânea pode proporcionar. Quando ainda frequentava as aulas de direito no bairro da Federação e morava no bairro do Iapi, por mais longe que fosse, decidiu que mudaria de roteiro só para ter o prazer de subir a Ladeira da Montanha e ter a sua disposição uma visão única da Baía de Todos-os-Santos. “Para mim Salvador nos dá essa felicidade, além das pessoas, que são muito humanas, a gente tem paisagens que nos confortam”.                                                            Foto: Sora Maia/CORREIO Alex Bispo desacelera O designer gráfico Alex Bispo, 37 anos, é uma cria do Curuzú. Lá aprendeu a hospitalidade e o riso fácil dos moradores do bairro cravado entre a Liberdade e a Avenida San Martin. Leva isso consigo para onde quer que vá, seja na Chapada Diamantina, onde tem passado a maior parte do tempo, ou em outras capitais do país, onde realiza eventuais trabalhos. Felicidade para ele é isso: uma ‘life style’ que seja possível desacelerar e levantar uns trocados trabalhando com que gosta, no meio do mato, se não for pedir demais. “Estou desacelerando, desacelerando, desacelerando um pouco mais (...) De grosso modo, o que me deixa feliz são os amigos que tenho. É um estado de espírito”.                                                           Foto: Sora Maia/CORREIO Luana Assis valoriza as relações Para a jornalista Luana Assis, 34 anos, felicidade é algo nada linear, ela vai e volta ao longo do dia. Ora está feliz, ora nem tanto. É como o clima de uma cidade tropical. Se num período do dia faz um sol de rachar, noutro o aguaceiro toma conta. Falando em tempo, Luana é responsável por traduzir as previsões dos meteorologistas pra uma leva de telespectadores. Isso, inclusive, é o que faz ela sorrir. E não há nenhum problema se alguém lhe dá o título de Maju Coutinho, pelo contrário, não há motivo para se chatear, afinal elas são poucas entre muitas a estar na telinha falando para milhares, milhões de pessoas. “A felicidade é vivida em momentos, o grande desafio é alcançar esse estado mesmo em meio a tantas as adversidades. O que me faz feliz é a relação que cultivo com as pessoas, as trocas que consigo estabelecer e faço muito isso através do meu trabalho”.                                                            Foto: Sora Maia/CORREIO Giulia Brugni observa os detalhes São os detalhes que chamam atenção da estudante Giulia Brugni, 17. Coisas simples do dia a dia, mas que são capazes de a deixar em estado de contemplação como, por exemplo, uma mensagem, um gesto, um riso que chega sem a gente esperar, sem horário e hora marcada para acontecer. “É também estar em paz em qualquer lugar que você estiver. Coisas simples como comer, ver um filme... Não permitindo que pessoas e situações controlem suas emoções”.   Foto: Sora Maia/CORREIO * Com supervisão do subeditor Miro Palma e do chefe de reportagem Jorge Gauthier