O inadiável pacto pela vida

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  • Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2021 às 05:55

- Atualizado há um ano

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As cortinas caíram. O mundo se revelou. As fronteiras mudaram de lugar, estão permeáveis e, por essa razão, é mais fácil conhecermos a opinião e os feitos uns dos outros, sobretudo por meio das tecnologias. Esse novo paradigma tecnológico viabilizou o aprofundamento das relações humanas, ampliou a dimensão do aprendizado e possibilitou que o pensamento global, através da interculturalidade, estivesse disponível para o aprimoramento das experiências regionais, resguardadas as singularidades locais e identitárias. Tudo deve ser encarado com humildade, isenção de ânimo e discernimento para não descartar possibilidades de soluções, ou pelo menos de mitigação dos inúmeros percalços que a pandemia deflagrou. A convulsão social e a avalanche de problemas que assolam nosso país requer serenidade e sobretudo crença na nossa capacidade de regeneração. O aprendizado com o outro, o intercâmbio de saberes e viveres se apresenta como uma via da racionalidade na busca de soluções, economizando recursos de toda ordem, inclusive o tempo. Ouvir, observar e dialogar permite a análise criteriosa dos resultados potencialmente úteis para situações similares ou análogas. Vivemos um momento inquietante em que aprender com a experiência torna-se um verbo no imperativo. Acima de muitas prioridades, situamo-nos diante de perdas significativas como a do trabalho, a da condição de sustento, da interrupção de projetos, da ausência, da urgência pela cura da saúde física e mental. Diante de tantos desafios, torna-se inadiável o desenho de soluções através de caminhos inusitados. A obviedade de outrora não se sustenta mais. Há cerca de um ano nos esbarramos na nossa própria vulnerabilidade, com efemeridade da experiência humana. O cenário nos coloca diante da constatação que, apesar das diferenças ideológicas, políticas, culturais e religiosas há um nexo que nos une e, em simultâneo, deve nutrir um projeto comum: a preservação da vida. A preservação da vida requer, sobretudo, empatia e pensamento coletivo, juntando todas as forças possíveis para que os projetos de todas as pessoas não sejam interrompidos, que todas as famílias vivam com dignidade, que o trabalho não seja abortado e que as crianças e jovens retomem, com saúde, os espaços que lhes pertencem por direito: as escolas. Como educadora, não posso omitir-me diante da tragédia silenciosa da educação. O futuro nos reserva a árdua tarefa de colocar nossas crianças e jovens num patamar aceitável de conhecimentos diante das rupturas presentes, prepará-los para um mundo novo, provavelmente com privações e desafios impensados. A escola não é somente o lugar de construção de conhecimento. A escola é antes de tudo o lugar de construção de humanidades e constituição da identidade pessoal, social e política das gerações. Fechadas, as escolas não podem cumprir seu papel nuclear, tampouco contribuir para o fortalecimento socioemocional de seus alunos, instrumentá-los para a resiliência e motivá-los no cultivo da esperança. Urge aparar as arestas, rever precedências e estabelecer metas para a educação, o que dará a todos uma perspectiva razoável para a abertura facultativa das escolas, no momento correto. No entanto, esse esforço não é prerrogativa somente de uns e nem pode ser realizado como a reprodução do “cabo de guerra”, quando cada grupo busca seu prêmio à força. Esta não é uma brincadeira e nem o prêmio pode ser de um ou apenas de alguns vencedores. É preciso um acordo entre o poder público e a sociedade civil na totalidade para que seja possível a consumação de uma política sanitária que nos leve a um porto seguro. O prêmio precisa ser de todos. Após tanto sofrimento da população brasileira, espera-se atitudes estruturadas, coerentes e assertivas do poder público, bem como comprometimento e cooperação da sociedade civil. Impossível considerar uma solução sem a união como prerrogativa. O momento exige exemplos de responsabilidade, seriedade, coerência e coragem. Essas são as forças que irão conduzir o nosso país na superação deste momento. Certamente, num país democrático como o nosso, as pautas políticas e ideológicas terão espaço e tempo para debates, consensos e discordâncias, pois fazem parte da construção social da humanidade. Entretanto, isso só será possível se estivermos vivos!

Viviane Brito é  CEO do Villa Global Education