O melhor convívio entre as novas torcidas do bem

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  • Paulo Leandro

Publicado em 2 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Já imaginaram como seria se o futebol e a vida imitassem um ao outro, tendo por base os valores da cidadania? Em campo e fora dele, poderíamos respeitar as torcedoras e as mulheres; e admirar todas as etnias, cuidando mais das que vêm sendo garfadas.

Descendentes indígenas e soteroafricanos assistiriam aos jogos adquirindo ingressos e carteirinhas de sócios a preços mais em conta, considerando toda a dor imposta a seus antepassados tupinambás, yorubás, povo de fon, oiô, iorubás, haussás e tantos outros.

Portugal, Espanha, Holanda, França e corsários em geral poderiam fazer uma vaquinha para pagar parte dos tesouros que pilharam para investir no mercantilismo. Até hoje, nos levam a Embraer, o petróleo... mas isso é coisa dos U. S. A.: “America first!”

E se cada torcedor/torcedora e cidadão/cidadã pudessem curtir os cuidados do corpo livremente? E que bom seria praticar suas crenças (ou não) à vontade sem fundamentalismos de um deus melhor que o dos outros?

Estes aspectos da imaginação de um mundo ideal podem não estar tão longe assim de serem experimentados. O movimento agora vem da arquibancada para o mundo aquém-catracas eletrônicas.

Já temos o registro de 28 clubes dotados de grupos de torcedores que têm como pressuposto a sabedoria de construir o bom convívio tendo como principal direito a alegria de torcer – e viver!

São torcedores que estão verificando juntos se vale a pena continuarmos nos hostilizando. E mais: investigando quem se beneficia deste ódio, hoje capaz de impedir até a presença simultânea de torcedores de times rivais, asfixiando os clássicos.

Entre os clubes, estão os nossos Bahia, com o Esquadrão Popular, que abriga o grupo Bahia antiFa, e o Vitória, com a Brigada Carlos Marighella e a Frente Popular, já institucionalizada no Conselho do clube.

O Núcleo de Ações Afirmativas do Bahia é referência no incentivo à nova torcida cidadã em gestação. Há clubes de todas as séries nestes coletivos, desde o campeão Palmeiras aos sobreviventes Ferroviário do Ceará e São José paulista.

Quanto mais os articuladores do ódio defendem racismo, misoginia e homofobia, mais cresce o número de torcedores libertários. Os milicianos dos estádios perdem espaço para a volta do conceito de desporto, ou seu reaproveitamento parcial.

 Os torcedores de cabeça boa reconstroem o cenário em que vencedores e vencidos não precisam fazer da bola uma guerra. Desmoralizam tanto a pecha de ‘alienados’, imposta pela esquerda caduca, quanto a ‘anomia’ ou desajuste social, dos hitlers tropicais.

Parte desta nova proposta de união vem sendo semeada por pesquisadores de futebol das universidades, como a professora PhD Rosana da Câmara Teixeira, cuja dissertação de mestrado produziu conhecimento sobre as torcidas jovens cariocas.

A continuarem crescendo, as novas torcidas vão trocar de lugar com a política tradicional, pois a representação convencional via partidos tem se tornado uma briga de fanáticos, destoando da cidadania.

Os novos coletivos de torcedores ensinam que o melhor convívio permite a todas e a todos alegrar-se ou entristecer-se com os resultados dos times, conforme nossas escolhas. Vamos torcer em paz, juntos e separados! É o adeus à guerra entre torcidas!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade