Assine

O melhor mando de campo dos últimos tempos da última semana


 

Publicado em 24/10/2019 às 05:00:00
Atualizado em 20/04/2023 às 10:29:04
. Crédito: .

“É com satisfação que o Esporte Clube Vitória e a Itaipava Arena Fonte Nova comunicam a celebração do contrato de parceria, na data de hoje (9/9), para a realização de jogos pelos próximos três anos. O primeiro jogo já acontecerá neste sábado (14/9), às 16h30, contra o Guarani”.

“CONFIRMADO: O Leão vai jogar no Santuário até o fim do campeonato! A pedido do clube, a CBF divulgou hoje as mudanças do mando de campo para as próximas três partidas do Vitória em casa. Com isso, o rubro-negro realizará todos os confrontos restantes no Barradão”.

Da satisfação pela chegada até a exclamação em letras maiúsculas pela saída passaram-se apenas 44 dias. Foi o quanto durou, oficialmente, a mudança de campo do Vitória para a Fonte Nova. Na prática, levou menos tempo, já que a última partida do Leão na Arena foi o empate de 2x2 com o Sport, no dia 3 de outubro. Cinco dias depois, o clube preferiu enfrentar o Oeste no Barradão. O anúncio dessa mudança foi feito no dia 1º de outubro.

Ou seja, antes mesmo de enfrentar o Sport, o Vitória já havia chegado à conclusão de voltar para seu estádio – ainda que não de forma definitiva. A mudança inicial foi feita pensando na possibilidade de arrecadação maior para amenizar a crise financeira e deu de cara com a cruel realidade: não é o estádio que carrega o torcedor, é o time.

E, de maneira igualmente cruel, o time não fez a parte dele e deixou o torcedor na mão. Este, castigado desde o ano passado com resultados abaixo da média, até pagou para ver na estreia, mas a derrota para o então lanterna Guarani por 1x0 enterrou qualquer esperança. 

Os 17 mil daquele dia minguaram para 6 mil no jogo seguinte, empate em 0x0 contra o Atlético Goianiense. E ficaram na faixa de 7 mil contra o Sport, outro empate, por 2x2, com gol sofrido nos acréscimos depois de estar vencendo por 2x0. Saldo final: o Vitória não ganhou nenhum dos três jogos na Fonte Nova. E a perspectiva de ganho financeiro foi pelo ralo. Duas dessas partidas registraram renda negativa no borderô.

Em meio a esse vai-não-vai, o clube utiliza suas ferramentas de comunicação na tentativa de motivar o torcedor com o que tem. Se é pra ir para a Fonte Nova, é a casa de veraneio, a Arena das goleadas históricas por 5x1 e 7x3 no Bahia. Se é para voltar ao Barradão, é o santuário, o maior centroavante da história do Vitória.

Ambos estão corretos enquanto argumentos publicitários, porém a propaganda esbarra no óbvio: o produto oferecido não deixa perspectiva de uma evolução no campeonato que vá além de meramente escapar do rebaixamento à Série C.

Diferente do que aconteceu com o Náutico quando retornou da Arena de Pernambuco para os Aflitos, o Vitória deu mostras, nesta Série B, que o mando de campo não contribuiu para melhora significativa da equipe. Nem indo para a Fonte Nova nem voltando para o Barradão. A diretoria talvez imaginasse isso, o elenco também. Já o torcedor que se iludiu não se frustre. Afinal, a essência de torcer é sonhar, acreditar. Ainda mais nesse momento em que a realidade se apresenta dura demais. 

PS: O Vitória criou três novos planos de associação somente para se adequar à setorização da Fonte Nova. Depois reclama porque o programa não emplaca.

Herbem Gramacho é editor de Esporte.