O nosso investimento em um cenário de disrupção tecnológica  

Por Rafael Rios*

  • D
  • Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 15:03

- Atualizado há um ano

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O Banco Central mostrou em um dos seus relatórios recentes que o Brasil possui um dos sistemas bancários mais concentrados no mundo. Os cinco maiores bancos do país concentram cerca de 80% das operações financeiras. Este percentual nos coloca como o mais concentrado entre os emergentes.

Notamos o reflexo desta concentração em nosso dia-a-dia. A dificuldade na obtenção de crédito atinge o cidadão e as empresas, que acabam por se submeter muitas vezes a juros extorsivos, como as taxas do cheque especial e do cartão de crédito, que chegam a superar os 300% ao ano. No quesito investimentos, é raro obter taxas nos grandes bancos que superem minimamente a taxa do CDI. Apenas o Itaú - o maior deles - auferiu em 2017 cerca R$ 25 bilhões de lucro líquido, valor 12,3% superior ao do ano anterior.

“A sua margem é a minha oportunidade”. Esta frase é atribuída a Jeff Bezzos, fundador e atual CEO da Amazon. Não tenho dúvidas, ela teve papel relevante em inspirar a revolução que a empresa vem fazendo no varejo. Imaginemos o quanto de margem dos bancos não podem ser aproveitadas em novos modelos e oportunidades de negócio. Antigamente, para viabilizar uma operação bancária, a demanda por capilaridade era tremenda. Ter agência em toda a parte era fundamental para o negócio. Hoje fazemos praticamente tudo pela internet e pelo nosso celular.

As novas tecnologias abriram as portas do setor financeiro através das fintechs. Estas startups, dispostas a capturar parte da margem dos bancos e focadas no desenvolvimento de novas soluções, há 3 anos não totalizavam 100 no nosso país. No último levantamento da FintechLab, divulgado neste mês de agosto, já eram mais de 400. Empresas especializadas em meios de pagamento, empréstimos e investimentos que já chegam a valer mais de US$ 1 bihão, como o caso do Nubank, que já emitiu mais de 3 milhões de cartões de crédito.

Vimos recentemente iniciativas da própria esfera pública em fomentar este mercado, com o intuito de melhorar a eficiência do sistema financeiro e reduzir os juros. Em julho de 2017, a Comissão de Valores Mobiliários regulamentou o financiamento coletivo de empresas, também chamado de crowdfunding, através da Instrução CVM 588. Por meio desta regulação, empresas de pequeno porte podem captar até R$ 5 milhões com investidores de todo o Brasil em sites registrados na autarquia.

Para o investidor é oportunidade de rentabilizar melhor o seu capital, investindo de maneira segura, ágil e pouco burocrática. Além disso, o investimento através de plataformas de crowdfunding permite que se invista a partir de R$ 1 mil em um projeto no qual o investidor tenha mais simpatia, seja ele o desenvolvimento de uma choppeira inovadora ou na construção de um empreendimento imobiliário.

Com vistas oferecer uma nova forma de investimento imobiliário, a Bloxs (www.bloxs.com.br) é a primeira plataforma de crowdfunding de investimentos do Norte-Nordeste registrada pela CVM. Sediada em Salvador/BA e focada em financiar projetos imobiliários que atendam à redução do déficit habitacional das regiões mais necessitadas do país, fará a sua primeira captação no mês de setembro com um empreendimento no interior de Sergipe. Os projetos são selecionados com base em critérios que avaliam a rentabilidade oferecida ao investidor, a demanda de mercado e a solidez financeira da construtora.

Assim como a margem dos bancos geram oportunidades para as fintechs, é certo que parte dessa margem acaba se traduzindo em melhor rentabilidade para o investidor.

É possível hoje investir emprestando dinheiro diretamente para empresas, tendo retornos de 3 a 5 vezes superiores ao valor que o dinheiro rende na poupança. Em abril de 2018 o Conselho Monetário Nacional regulamentou - através da Resolução 4.656 - as Sociedades de Crédito Direto (SCD) e as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP), o que só trouxe benefícios ao investidor no sentido de saber que operações do tipo estão sendo acompanhadas ainda mais de perto pelos órgãos de controle.

A demanda por crédito no nosso ambiente produtivo é imensa. O atendimento à esta demanda parte de um sistema financeiro eficiente. Parte deste crédito sem dúvidas pode ser atendido diretamente pelo pequeno investidor que, a partir do momento que conheça e se aprofunde, terá no investimento, via crowdfunding ou via as SEP´s, uma alternativa rentável e segura.  *É administrador de empresas com especialização em Finanças e Gerenciamento de Projetos