O que aconteceu com a nova temporada de 'American Gods'?

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  • Carol Neves

Publicado em 25 de abril de 2019 às 20:42

- Atualizado há um ano

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Depois de um tumultuado período entre temporadas, "American Gods" voltou no início do mês. Infelizmente boa parte das suspeitas geradas pelas notícias no período de entresafra se provaram verdadeiras. A série voltou menos sutil, com alguns diálogos muito ruins e se arrastando interminavelmente. Continua visualmente bonita aqui e ali e tem um grande elenco, mas muita coisa se perdeu.

A história retoma com a grande reunião entre os deuses antigos (quase a versão de "Ultimato" da série!) e a expectativa de confronto com os novos deuses sempre no horizonte. Mas é preciso um trabalho mais elegante e, ao mesmo tempo, enérgico para que funcione uma temporada que é mais focada em mostrar os personagens entre um plot e outro que na própria história, muitas vezes. A qualidade e química do elenco leva adiante cenas que, de outro modo, naufragariam completamente - Emily Browning e Pablo Schreider, por exemplo, funcionam na road trip particular de Laura e Mad Sweeney. Isso ajuda um pouco a disfaçar as dificuldades do roteiro.

Que a nova temporada de "American Gods" seja assistível em qualquer medida é quase um milagre. Os showrunners originais, Bryan Fuller e Michael Green, deixaram a série depois de disputadas criativas e, segundo a imprensa americana, por exigirem um orçamento maior para as gravações. Com cada episódio saindo, reporta-se, a 10 milhões de dólares, a Starz preferiu dispensar os dois. Jesse Alexander, roteirista e produtor de "Hannibal", na qual trabalhou com Fuller, assumiu o comando, mas ainda durante as gravações foi afastado. Autor do livro que deu origem à série e produtor da adaptação, Neil Gaiman tentou assumir um controle maior.  (Foto: Divulgação) Muitas refilmagens, atores se recusando a gravar os diálogos recebidos e reescrevendo falas e até roteiros jogados diretamente no lixo foram rotina nessa temporada, segundo relatos. Em meio a divergências sobre o destino criativo da série, o episódio final da temporada teve mais de sete rascunhos. Uma das novas deusas da série, a atriz Gillian Anderson saiu, assim como a colega Kristin Chenoweth. 

De qualquer maneira, a série foi renovada para uma terceira temporada, com Charles Eglee como novo showrunner e produtor executivo - em seu currículo estão "The Walking Dead", "Hemlock Grove", "Dexter" e "The Shield".

Finais são difíceis Concluir uma série de muito sucesso é um trabalho complexo. Os showrunners de "Game of Thrones" sabem que o que acontecer na reta final pode mudar a maneira que as pessoas encaram o seriado como um todo. Isso aconteceu por exemplo com "Os Sopranos", série que foi citada por David Weiss e D.B. Benioff em entrevista à EW sobre a reta final.

Weiss fala que a expectativa é que todos gostem da conclusão de GoT, mas sabe que isso é humanamente impossível. "Nós queremos que as pessoas amem. Importa muito pra gente. Nós passamos 11 anos fazendo isso. Também sabemos que não importa o que fizermos, mesmo se for uma versão ótima, um certo número de pessoas vai odiar a melhor das versões possíveis. Não existe uma versão em que todo mundo diz: 'Tenho que admitir, eu concordo com todas as outras pessoas do planeta que esse é o jeito perfeito de fazer isso'. Isso é uma realidade impossível, não existe", diz.  "Game of Thrones" começou preparando terreno para batalha (Foto: Divulgação) Benioff sabe que Game of Thrones terá o privilégio, cada vez mais raro em uma época em que se vê TV de modo tão assíncrono, de ter seu final discutido mundo afora nos dias seguintes ao término por amigos, familiares, colegas de trabalho. "Sempre vou me lembrar de estar no metrô indo para o Yankees Stadium uns dias depois que o fim dos Sopranos foi ao ar. E tinham tipo três conversas diferentes no metrô e elas eram todas sobre a mesma coisa", diz ele, que, diga-se, é corretamente um dos entusiastas do final da série de David Chase.

A recepção aos dois primeiros episódios da temporada final de GoT mostra como é difícil agradar. Para muitos, a série já "desperdiçou" dois episódios em que "não aconteceu quase nada". Devagar com o andor, fã de "Game of Thrones". Todos queremos ver como será a guerra contra o Rei do Norte, se nossos heróis vão conseguir matá-lo, qual deles estará sentado no trono de ferro quando os créditos subirem pela última vez... Mas para chegar lá é preciso, bom, ter uma construção. Aparentemente muita gente queria já começar a temporada final na trincheira das muralhas, e isso era possível, mas perderíamos muito desenvolvimento. A pressa é um inimigo da série agora que restam apenas quatro episódios, mas quando as coisas são feitas na correria ficamos meio que como com o romance entre Daenerys e Jon. Era para a gente estar ligando muito mais pra esse casal, né? O terceiro episódio, com a maior batalha da história da série, será um prato cheio para esses amantes da ação. E o que vem depois, só esperando para ver.

Acertos Uma série bem menos badalada chegou a um final digno este mês. "You're the Worst", da FX, trazia um casal diferente como protagonistas. Gostei muito das duas primeiras temporadas e depois senti que o seriado deu uma patinada, mas com o horizonte já definido conseguiram fazer 13 episódios finais que respeitaram a história deles mesmos, com direito a uma conclusão não-mágica para a doença mental de Gretchen (não vai embora do nada! Vão ter dias bons e dias ruins!). 

A temporada abriu com um episódio que, até a cena final, não traz nenhum dos personagens tradicionais. Quase um conto que mostra ao mesmo tempo que a experiência de se apaixonar é igual para todos, mas também diferente para todos. Funciona também como uma brincadeira com os clichês das comédias românticas, que satiriza mas também reconhece que a série se utilizou deles, ainda que para subverter, ao longo de sua história. No restante da temporada, vimos duas timelines, com flashes do que estava acontecendo no futuro atiçando a curiosidade, até chegar à finale e ver tudo se juntar. De uma maneira que foi honesta e bonita. É tudo que se pode pedir. "You're The Worst" encerra bem sua história (Foto: Divulgação) Mais fim Também já há um indicativo de final para "Better Call Saul". O ator Giancarlo Esposito afirmou que devem ser seis temporadas - paramos na quarta, exibida em 2018 -, mas a informação não foi comentada oficialmente pela AMC. A spinoff nunca chegou ao nível de sucesso e prestígio de "Breaking Bad", mas também esbanjou qualidade e vai deixar a AMC sentindo falta de algo do tipo. A "era de ouro" do canal, com "Mad Men" e "Breaking Bad" passou e sabe-se lá se voltará com a mesma força, embora a emissora tenha produzido coisas boas como "Halt and Catch Fire", "Rubicon" e a própria "Better Call Saul", além do sucesso de audiência "The Walking Dead". Esse final, particularmente, tem uma expectativa ainda maior porque deve mostrar uma intersecção com a série-mãe "Breaking Bad".  Já vimos no último episódio exibido Jimmy usar o nome "Saul" e sua jornada para se tornar o advogado sem ética que conhecemos lá atrás está a mil.  Ator diz que "Better Call Saul" acabará na sexta temporada (Foto: Divulgação)