O que eu vou ser quando ele crescer?

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  • Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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(ilustração/Morgana Miranda) Há memórias que se apegam à nossa mente nos primeiros anos de vida e caminham conosco para sempre. Lembro-me claramente de ouvir várias vezes uma pergunta no decorrer da minha infância e adolescência: "O que você vai ser quando crescer?”

Por um tempo minha resposta foi que seria médico, bombeiro e astronauta. Não necessariamente nesta ordem, mas por algum motivo eu pensava que a combinação destas três profissões devia ser muito legal. "Um médico que salva pessoas de incêndios e ainda descobre novos planetas espaço afora." Não tinha como não ser incrível.

Os anos se passaram e essa pergunta sempre ecoou dentro de mim. A busca por compreender qual é o meu propósito nesta vida é uma constante em meus pensamentos. A criança virou um adolescente pensativo, depois um jovem empreendedor inquieto, casou-se com uma mulher incrível aos 30 e um tempo depois foi abençoado com a mais desafiadora missão de sua vida: ser PAI.

Nesta semana, meu filho completa 3 anos de vida. Seu nome é Bento. Sei que pode parecer suspeito o que vou dizer mas: ele é demais! Um garotinho inteligente, bem humorado, absurdamente carinhoso, de sorriso fácil depois dos primeiros minutos de timidez, o que o torna ainda mais apaixonante. Fico impressionado como não consigo mais me lembrar de mim antes de sua chegada. Não sou psicólogo ou estudioso da área, mas minha sensação é que quando somos impactados por um evento muito marcante de amor nossa memória se renova. É como se todas as coisas se tornassem novas a partir daquele acontecimento. Seria a vida nos dando um refresco na tensão de nossos rodos cotidianos pessoais?! Não sei explicar, mas é incrível.

O fato é, meu filho está crescendo. Não sei se acontece na casa de vocês, mas aqui em casa esse crescimento está rápido demais. Ano passado ele nem falava direito, agora não para de falar nem quando dorme. Já forma argumentos pra te convencer que ele precisa comer um chocolatezinho depois do almoço de domingo. Claro, sem esquecer da habilidade nata de manipular celulares, tablets e tudo que for tecnológico e porventura cair em sua mão.

Quando paro pra fazer minhas autocríticas como pai para que Bento cresça bem, fico frustrado com minha lentidão. Sinto que não estou crescendo tão rápido quanto meu filho. Por vezes, me pego nervoso com uma indisciplina ou qualquer peraltice própria de um garotinho de meros 3 aninhos. Ele é um bebê ainda! Como posso ficar nervoso com ele? Sinto cada parte do meu intelecto e emoção serem esticados cada vez que sou colocado à prova com uma birra interminável de 5 minutos. Como um ser tão pequenino consegue nos desestabilizar tanto assim?

Bento tem olhos grandes e um olhar forte. Eu adoro parar de frente pra ele e permitir ser transformado pela luz dos seus olhinhos. Puxou a força e a ternura do olhar da mãe. Há alguns dias, depois de um dia difícil, eu estava sentado na sala de casa observando-o brincar com sua Patrulha Canina, quando seus olhos se encontraram com os meus. Meus olhos marejaram e ele, como se tivesse recebido um missão divina, veio na minha direção com um sorrisinho gostoso no canto da boca, me abraçou e disse: "Eu amo você papai!"

Até hoje eu não sei de verdade a resposta sobre o que eu vou ser quando crescer… Sinceramente?! Tanto faz. O dilema ficou maior: O que eu vou ser quando meu filho crescer?