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Da Redação
Publicado em 16 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
O torcedor do Vitória mais atento aos bastidores sabe que, essa semana, uma discussão tomou conta do Conselho Deliberativo rubro-negro: simplesmente antecipar as eleições para todas as instâncias do clube (previstas inicialmente para setembro) ou, além de antecipar, fazer uma necessária atualização do estatuto?>
Havia uma reunião do conselho marcada para a noite de ontem, onde tal debate entraria na roda. Estava previsto que entrasse em votação a mudança mais abrangente, mas esta página precisava chegar na gráfica antes que uma decisão estivesse tomada.>
Há, entretanto, uma afirmação que pode ser feita sem vacilo, seja lá qual tenha sido o desfecho da reunião: neste momento, o Vitória é um clube sem presidente.>
Alguém pode vir de lá argumentar que Ricardo David ainda é o mandatário rubro-negro, mas é bom prestar atenção: David foi um presidente ruim desde o dia em que assumiu. Agora, ele é apenas um presidente decorativo.>
Devo celebrar, porém, que o dirigente parece enfim ter reconhecido a sua (nula) representatividade no Vitória, optando por manter-se enfurnado no momento em que o clube atravessa umas das piores crises institucionais da sua história.>
O outrora falador cheio de ideias virou um vulto constituído apenas do próprio orgulho: recusou-se a renunciar, mas, ao mesmo tempo, é tão somente uma testemunha das articulações que fervilham a seu redor.>
Que fique claro: não desejo de forma nenhuma que David resolva agora cravar as unhas no cargo – o inverso é verdadeiro. Faço apenas a constatação de que o futuro do Vitória passa na frente dos olhos de todo mundo sem que o presidente (de direito) bote a cara na rua, nem mesmo para falar do (terrível) time que vai a campo.>
No vácuo em que meteram o Vitória, a voz que sobrou foi a do atual presidente do Conselho Deliberativo, Robinson Almeida, alçado ao posto um dia desses porque o ex-presidente do órgão também pulou fora do barco à deriva – há coletes salva-vidas para a torcida?>
Quando o Vitória caiu para a Série B, no final do ano passado, defendi aqui que, em nome do equilíbrio institucional, Ricardo David ficasse no cargo até o final do seu mandato, por mais catastrófico que este fosse – e é. Admito que aquele foi um erro bestial.>
Se tivesse ido embora no final do ano, Ricardo David não teria feito mais bobagens com a caneta na mão e o clube talvez não estivesse agora no meio de um impasse estatutário que, ao fim e ao cabo, só existe porque todos querem vê-lo bem longe da Toca do Leão (dentre outros interesses não unânimes e inconfessáveis, claro). >
Sem Ricardo David, possivelmente agora o estatuto fosse atualizado com menos sobressaltos, já que a antecipação das eleições não estaria em jogo. Ou seja, até nisso ele atrapalha.>
Um amigo me contou que, num grupo de WhatsApp, um sádico propôs uma enquete cruel. “Qual a gestão mais mal amanhada?”, questionou. E completou: “A do Vitória ou a do governo Bolsonaro?”. Naquele microcosmo, ganhou a do Vitória.>
Por aí você já tira.>
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados>