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Publicado em 16 de maio de 2019 às 08:00
- Atualizado há um ano
Difícil recordar a última vez em que o Vitória disputou a Série B sem ser um dos favoritos ao acesso, mas talvez tenha sido 2005. Naquele ano, só existiam duas vagas para a Série A, e uma era dada como certa para o Grêmio, que suaria muito mais que o imaginado para confirmar o favoritismo, no episódio épico lembrado como a Batalha dos Aflitos. A outra vaga ficou com o Santa Cruz. O rubro-negro acabou rebaixado.
A partir do ano seguinte, o Campeonato Brasileiro da segunda divisão também adotou o formato de pontos corridos e o acesso se abriu a quatro clubes. O Vitória jogou a competição cinco vezes, incluindo esta: 2007, 2011, 2012, 2015 e 2019. A história mostra que nunca foi fácil. Em 2007 e 2012, o Leão subiu em quarto lugar. Em 2015, em terceiro. Em 2011, terminou em quinto e não subiu.
O cenário em 2019 é mais preocupante porque envolve crise financeira e técnica. Nos outros rebaixamentos da década, o Vitória tinha suporte em pelo menos uma das duas frentes. Hoje, a limitação chega ao nível mais elementar, relacionada a pagamento de salários de atletas e funcionários. Para efeito de comparação, no início da década o clube chegava a quitar antes do dia 30 as obrigações com vencimento no quinto dia útil do mês seguinte.
Em tempo: a folha salarial no momento está em dia, mas tem sofrido atrasos desde o ano passado e, segundo constatações dos dois presidentes do clube em 2019 (o ex, Ricardo David, e o atual, Paulo Carneiro), a dificuldade financeira será uma constante até dezembro.
A falta de grana é sentida diretamente por quem vivencia o clube internamente, como dirigente, atleta ou funcionário do quadro operacional, e só costuma extrapolar os limites do centro de treinamento quando o copo transborda. Por enquanto, o Vitória vai segurando as pontas.
Já a falência técnica é diferente. Ela é vista jogo após jogo, seja pelo torcedor que assiste a todas as partidas ou pelo esporádico, que se desempolga na má fase. É cruel até no momento mais esperado por boa parte da torcida: o do anúncio da contratação de um jogador. Quem? Virou a pergunta padrão.
Dos nove jogadores contratados até agora pelo clube na gestão de Paulo Carneiro, só o centroavante Anselmo Ramon tem currículo considerável na Série A (de 2011 a 2013 no Cruzeiro). Ainda assim, a última boa temporada dele foi em 2016, na China. Aos 30 anos, chega como um jogador em busca de recuperar o espaço que perdeu ao longo da carreira.
Os demais reforços estão numa etapa anterior, na tentativa de se consolidar no mercado nacional. É o caso de Van, Dedé, Gabriel Bispo, Romisson, Marciel, Matheus Manga, Ítalo e Marcelo. Todos são apostas, e a maioria jamais jogou num clube de grande porte. O problema é que, no time atual, toda aposta apresentada é aguardada como salvador da pátria. Não é. Longe disso.
No papel, a Série B 2019 é um campeonato sem nenhum time do Sudeste de “camisa pesada”, o que teoricamente pode facilitar a vida do Leão. Por tradição, Vitória, Sport e Coritiba seriam favoritos. Por realidade, o Vitória não é. O time baiano tem um elenco de coadjuvantes e vive, enquanto clube, um momento de tentativa de reorganização. Mas muita água ainda vai rolar.
*Herbem Gramacho é editor do Esporte e escreve às quintas-feiras