Orai, irmãos da igreja rubro-negra: muita fé que o Vitória vai subir

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  • Paulo Leandro

Publicado em 17 de agosto de 2022 às 05:26

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Emissários do Vaticano, obreiros das pentecostais e até ogãs dos terreiros mais atuantes estão escalados pelo Papa Francisco, bispos alternativos, ialorixás e babalorixás para conhecer a religião mais firme e forte da mística Salvador.

Quem chega ao Templo do Manoel Barradas, na hora do louvor, logo percebe tratar-se de um culto, o jogo de bola virou fé e todos oram com fervor: Deus me livre não ser Vitória!

Só o Mistério Divino explica como o time condenado à terceira divisão tem tantos ardorosos fiéis com as mãos coladas numa mesma oração junto aos jogadores, no final das partidas, em harmonia plena ao Kosmo (mundo ordenado).

Os torcedores de clubes midiáticos ficam baratinados: “Esse lixo sem estrela nenhuma, como pode juntar tanta gente apaixonada, ainda mais naquela lonjura de Canabrava, nem linha de ônibus tem direito, tudo engarrafado, aquele chiqueiro...”

E mais: os satanases detratores da religião capaz de superar católicos, pentecostais, o povo do dendê e até budistas e a seicho-no-iê parecem não ter amor suficiente para perdoar seus jogadores, quando cometem imperfeições.

Os coirmãos, ninados na cantinela de serem os ultra-men, não guentam tomar uma porradinha, já querem a queda do presidente, a implantação da SAF, tira fulano, bota beltrano, e isso o time lá no G4 desde não sei quantas mil rodadas.

Os dizimistas (pagam ingresso) têm seus santos: o arqueiro Yuri, menino novo, com a idade dele eu ainda era repórter de cobrir Catuense, Fluminense de Feira, Atlético de Alagoinhas, Serrano e Itabuna pelo telefone para este mesmo Correio.

No entanto, o jovem mostrou tranquilidade de um veterano, ao substituir Dalton, um monstro tentacular, como um polvo, pegando tudo na vitória do jogo anterior, quando levou o terceiro amarelo. Lucas, um Arcanjo, em recuperação, é parte do grupo.

E este Marco Antônio, notem como ele aumenta de tamanho quando a bola o alcança do lado oposto da pequena área e ele, como girafa inteligente, estica o pescoção e toca onde o goleiro não chega.

Dionísio, deus do Vinho, só faltava jogar com Selenus, deus da Embriaguez, sim, pois os gregos tinham uma divindade para beber e outra para o efeito da bebida, mas no caso do meia rubro-negro, quem fica “bêbo” com suas jogadas é o adversário.

Marcello Góis, orgulho das categorias de base do Centro Universitário da Bahia - FIB (tenho dois textos para lhe entregar), e Anderson Matos, revelação da Unijorge, sabem melhor representar nas suas narrativas estes fenômenos difíceis para o idoso dizer.

Dão sorte ao Vitória os comentários de Nicanor, conquistando cada vez mais ouvintes, telespectadores e viciados em internet, fazendo um duo maravilhoso com Silvio Mendes. É só ligar na dupla e, na mesma hora, o Leão cresce em campo!

Para quem curte as imagens geradas pelo rádio (engana-se quem acha a televisão “realista”), temos os gols de Rafinha, Luidy, Eduardo, Tréllez, entre outros ungidos pelo Negô super-colorido: sim, as palavras produzem jogo mais animado.

Esse Vitória do novo São João (Burse) saiu do zero ponto para entrar no G8 na última rodada. Voltemos, irmãos, as preces para nossa Medina, quatro vezes ao dia, curvemos nossos corpos na direção do Manoel Barradas e fé, muita fé no acesso!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.