Órfãos da copa: população de Salvador volta à rotina e muda torcida para a final

Mundial termina domingo (15)

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  • Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2018 às 13:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: CORREIO

Às vésperas da final da Copa do Mundo, que acontece neste domingo (15) entre as seleções da França e da Croácia, a Avenida Sete de Setembro, umas das mais importantes para o comércio de Salvador, já não estampa mais as cores da bandeira. Os enfeites em verde e amarelo, agora, ficaram por conta dos detalhes do cotidiano.

Em plena sexta-feira 13, a superstição parece não ter atrapalhado a rotina do local. O comércio funcionou normalmente, com barracas de frutas, ambulantes variados e muito barulho dos veículos que passavam pela avenida.

Em meio a tudo isso estava Jorge Eduardo, 56 anos, que vende água de coco em um carrinho  - adivinhem de que cor? Verde e amarelo. “Como é inverno, as pessoas não querem muito beber água de coco. Aí, eu resolvi vender camisa da seleção durante a Copa. Fiz duas viagens para São Paulo e lucrei muito. Se o Brasil tivesse ido para a final, minhas camisas teriam esgotado”, contou. Foto: CORREIO E, mesmo com o Brasil fora da Copa, eliminado nas quartas de final pela Bélgica, as pessoas continuam usando acessórios e roupa da seleção. É o caso do estudante Kauan Araújo, 14, que vestia a camisa 10 de Neymar e um relógio amarelo para combinar. Para ele, foi “barril” o Brasil não ter chegado à final. “Foi horrível. Vou sentir muita falta dos jogos. Mas, agora estou torcendo para a França”, confessou.

E esse detalhe é muito importante. Em 60 minutos de bate perna pela Avenida Sete de Setembro, das 35 pessoas ouvidas pelo CORREIO, 29 disseram que vão reforçar a torcida francesa neste domingo.

A Croácia, no entanto, pode contar com a torcida do ambulante Djalma dos Santos, 68. Louco por futebol, o vendedor de DVD não tira a amarelinha do peito, mas vai abrir uma exceção na final. “A Croácia está com uma equipe preparada e, se não deu Brasil, que eles possam levar a taça”. Ele ainda contou que gosta muito de futebol e torce para que, em 2022, Neymar volte a campo 100% recuperado da contusão, que, segundo Seu Djalma, foi um dos motivos que impediram o atacante de jogar com perfeição.  Foto: CORREIO Na contramão Se o comércio na Avenida Sete, que fechava em dias de jogos da seleção brasileira, voltou a funcionar normalmente, “retomando o ritmo e as vendas”, de acordo com o vendedor de roupas Luiz Gonçalves, as lojas de eletrodomésticos que funcionam na região sofrem com a perda nas vendas de televisores.

O vendedor Anderson Luiz, 26, que acompanhava todos os jogos da Copa nas TVs da loja onde trabalha, conta que a procura pelos equipamentos teve queda acentuada, ainda com o Brasil disputando o mundial. “Quem quis comprar, comprou até o início da Copa”, disse. Ele também explica que a loja ainda não decidiu se vai fazer alguma promoção para voltar a aquecer as vendas. E, como o bom humor não se pode perder nunca, o que mais deixa Anderson preocupado é que “em 2022 eu já vou ter chegado aos 30”, assumiu ele, referindo-se à idade.

França para os franceses? Se você acha que em Salvador é só “allez le bleu” está muito enganado. Na Aliança Francesa, a casa dos azuis na capital baiana, tem torcida para a Croácia. Miguel Santana, 65, que trabalha há 45 no local, não esconde a ansiedade por uma vitória croata. “Podem dizer que é rancor de 1998, mas eu nego. É só vontade de ver a Croácia, que não tem título, levar essa Copa”, disse.

Já Hanae Ryst, que é secretária do Consulado Honorário da França em Salvador, e mora há cinco anos na capital baiana, explica que, apesar de amar o país onde nasceu, não criou expectativas para a final, porque não gosta de futebol. “Seria até bom se a Croácia ganhasse, ajudaria o país deles. Mas, eu não posso torcer contra a França”.

Domingo vai ter reunião francesa em três pontos principais de Salvador: na Aliança Francesa, que fica na Ladeira da Barra, na Pousada Noah Noah, no Farol, que tem um francês como proprietário, e no bar Caminho de Casa, no Itaigara, onde a comunidade francesa marcou um encontro. E, quando o relógio marcar meio-dia de domingo, Salvador vai ficar dividida entre o azul e branco e o quadriculado vermelho.