Os Carnavais de Moraes: anos 80 e a levada do ijexá na guitarra de Moraes

Ouça o 2º episódio da série de podcasts do Correio sobre o legado de Moraes Moreira

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  • Vitor Villar

Publicado em 13 de fevereiro de 2021 às 17:00

- Atualizado há um ano

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Moraes Carnaval Moreira. Assim também era chamado o baiano de Ituaçu, que nos deixou em 13 de abril de 2020. Fora todo o legado deixado para a música brasileira, Moraes ajudou a construir a história do Carnaval.

Moreira é o homenageado do Correio Folia de 2021. Além de lives e matérias especiais, o Correio* está lançando uma série documental em podcasts, que lembra em detalhes a trajetória de Moraes no Carnaval e o legado deixado por ele para a festa.A série documental de podcasts se chama Os Carnavais de Moraes.Será uma série de cinco capítulos, que então sendo publicados desde sexta-feira (12) até quarta-feira (17) aqui, no site do Correio. Você também poderá acessar os episódios no seu aplicativo favorito de podcasts: no Spotify, no Deezer, no Apple Podcasts ou no Google Podcasts.

Afinal, contar a história dos carnavais de Moraes é contar a história da própria folia nos últimos 45 anos. Em seu primeiro ano, Moraes tornou-se o primeiro cantor do trio elétrico. Em sua obra, promoveu o encontro da batida afro com a guitarra e lançou a imagem conhecida do Carnaval em todo o mundo. Mas também criticou a comercialização da festa, irritou-se, exilou-se e voltou para mostrar que tinha razão: a rua e o trio são do povo.

>> Perdeu o primeiro episódio? Clique aqui para ouvir sobre a estreia de Moraes no trio elétrico

>> Já está disponível o terceiro episódio, sobre Chame Gente e a crítica de Moraes à Axé Music

>> O 4º episódio fala do período de exílio de Moraes no Carnaval do Recife e seu amor pelo frevo

>> O 5º episódio trata do retorno de Moraes à Bahia e dos seus últimos Carnavais na Praça

Segundo episódio

Nesse segundo episódio de Os Carnavais de Moraes, lembramos como o músico adaptou a levada do ijexá, ritmo típico dos blocos afoxé, para a guitarra e, consequentemente, para o trio elétrico.

A criação de Moraes, no início do anos 80, é um feito que está entre os mais importantes da história da música baiana. Algo que Caetano Veloso, Gilberto Gil e outras lendas buscaram por tantos anos.

Dessa levada, surgiram clássicos como Eu Sou o Carnaval, E Assim Pintou Moçambique, Chão da Praça, Grito de Guerra entre outras canções que mudaram o rumo do Carnaval.

A levada do ijexá na guitarra também mostra um novo Moraes Moreira e um novo Carnaval da Bahia. Uma festa em que os blocos afro ressurgiam e conquistavam seu espaço.

E um artista incansável, que se encantou com o que Ilê Aiyê, Badauê e outros afoxés produziam e entendeu que aquele era a origem, o coração e a eternidade da folia baiana.

O Correio Folia é uma realização do jornal Correio com o apoio da Bohemia Puro Malte e da Drogaria São Paulo. A transmissão é da ITS Brasil e E_Studio.

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Mas... O que é "podcast"?

Podcast é um programa de áudio, igualzinho a um de rádio. A diferença é que você pode ouvir quando, como e onde quiser. Pode ser no celular, no computador ou na TV. Se quiser, você pode pausar, voltar, adiantar ou pular os trechos, se preferir.

Para ouvir, basta tocar no player acima. Ou, se preferir, basta clicar nos links para ouvi-lo no Spotify, no Deezer, no Apple Podcasts ou no Google Podcasts. Também é possível buscar os episódios diretamente nos aplicativos.

Os Carnavais de Moraes

O repórter Vitor Villar pesquisou a carreira de Moraes e ouviu parceiros de vida e obra, como os músicos Armandinho, Paulinho Boca de Cantor, André Rio, Luciano Magno e Davi Moraes. Além deles, o antropólogo e compositor Antônio Risério e o historiador Rafael Rosa.

Por que contar a história de Moraes Moreira no Carnaval é contar a história do próprio Carnaval?

Além de todos os seus dons musicais, tão conhecido por sua participação nos Novos Baianos e por sua carreira solo, Moraes Moreira tinha o dom de revolucionar o Carnaval.

Em sua primeira participação num trio elétrico, em 1975, foi ousado: pegou um microfone que era ‘proibido’ por Dodô e cantou. Foi assim que a voz subiu o caminhão pela primeira vez em 25 anos, lançou inúmeras estrelas desde então e a festa mudou de cara.

Mas não parou por aí. Graças à ajuda dos seus ex-parceiros de Novos Baianos, participou do primeiro grande encontro de trios na Praça Castro Alves. Continuou divulgando e defendendo a história do Carnaval e do trio pipoca ao longo dos anos 80.

Ousado, realizou o sonho de Caetano Veloso e de Gilberto Gil ao adaptar o ritmo do ijexá para as cordas e, consequentemente, para o trio elétrico. Ao unir o ritmo dos blocos afoxés e o som eletrizado, lançou com Chame Gente o hino e a imagem que a partir dali todo o mundo teria do Carnaval da Bahia.

Mas também teve espaço para irritação. Moraes sempre foi crítico da comercialização do Axé Music, das cordas e dos camarotes que se espalhavam por Salvador. Irritou-se tanto que trocou a Bahia por Pernambuco, num exílio que atravessou a década de 90 e os anos 2000.

Mas, antes de se despedir de um dos seus maiores nomes, o Carnaval tinha que fazer as pazes com Moraes Moreira. Em 2010, o herói retornou às ruas de Salvador, num trio pipoca, como ele gostava, e saboreando um novo momento da folia, já com o sumiço progressivo das cordas.

Ou seja: Moraes sempre teve o Carnaval como parte de si, e a ele retornou na hora certa para resgatá-lo. Despediu-se em 22 de fevereiro de 2020, na Praça Castro Alves, a origem de tudo.