Os Carnavais de Moraes: ouça todos os episódios do especial sobre o mestre

Série documental em podcasts recontou a história de Moraes Moreira na folia

  • Y
  • Yasmin Oliveira

Publicado em 20 de fevereiro de 2021 às 04:00

- Atualizado há 4 meses

Moraes foi o homenageado do Correio Folia em 2021 Crédito: (Divulgação)

Contar a história dos Carnavais de Moraes é contar a história da própria folia nos últimos 45 anos. Do chão da praça, o baiano de Ituaçu, que nos deixou em 13 de abril de 2020, subiu o caminhão e tornou-se o primeiro cantor do trio elétrico.

Mas, inquieto, foi além: promoveu o encontro da guitarra com o ijexá, criticou a comercialização da festa pela Axé Music, irritou-se, exilou-se no Recife por sete anos e retornou para mostrar que tinha razão: o Carnaval é do povo e não precisa de cordas.

Moraes foi o homenageado do Correio Folia de 2021. Além de matérias especiais, o veículo produziu uma série documental em podcasts, que detalha em décadas a trajetória do mestre no Carnaval e todo o legado deixado por ele.

A série de podcasts se chama Os Carnavais de Moraes e está disponível em cinco episódios, em todas as plataformas

O repórter Vitor Villar pesquisou a carreira de Moraes e ouviu parceiros de vida e obra, como os músicos Armandinho, Paulinho Boca de Cantor, André Rio, Luciano Magno e Davi Moraes. Além deles, o antropólogo e compositor Antônio Risério e o historiador Rafael Rosa.

Você poderá acessar os episódios aqui mesmo no site do Correio* no seu aplicativo favorito de podcasts: no Spotify, no Deezer, no Apple Podcasts ou no Google Podcasts.

No primeiro episódio, contamos como Moraes revolucionou o Carnaval baiano logo em seu primeiro ano na folia. Ousado que só, pegou um microfone ‘proibido’ por Dodô e tornou-se o primeiro cantor do trio elétrico.

Mas, por que isso alterou não só a festa, mas os rumos de todas as canções do Carnaval? Aliás, como o Novo Baiano foi parar em cima do trio de Dodô & Osmar? Por que até 1975 o trio ainda não tinha quem cantasse? Como era a festa naquela época?

No segundo episódio, lembramos como Moraes adaptou a levada do ijexá, ritmo típico dos blocos afro, para a guittara e para o trio elétrico. Um feito que está entre os mais importantes da história da música baiana, e algo que Caetano, Gilberto Gil e outras lendas buscaram por tantos anos.

A levada do ijexá na guitarra também mostra um novo Moraes Moreira e um novo Carnaval da Bahia. Uma festa em que os blocos afro ressurgiam e conquistavam seu espaço. E um artista incansável, que se encantou com o que Ilê Aiyê, Badauê e outros afoxés produziam e entendeu que aquele era a origem, o coração e a eternidade da folia baiana.

Nesse terceiro episódio, falamos da criação do maior hino do Carnaval da Bahia: a música Chame Gente. Mas, também, do efeito da grande industrialização da festa que acabou, pouco a pouco, irritando Moraes. O mestre tornou-se o maior crítico das cordas e dos camarotes. O efeito, por fim, foi afastá-lo da folia.

Mas como a indústria do Axé Music foi se construindo? Quais foram os primeiros sinais de que artistas tradicionais, como Armandinho e os blocos afro estavam perdendo espaço? Qual foi a gota d'água para que Moraes desistisse de Salvador?

Nesse quarto episódio, falamos do período de exílio de Moraes no Carnaval do Recife, que teve seu momento mais crítico nos anos 2000. Cada vez mais irritado com os rumos da folia em Salvador, cujos circuitos estavam loteados pela indústria do Axé Music, o mestre ficou por sete anos se apresentando apenas em Pernambuco.

Mas a relação de Moraes com o Recife é muito mais profunda que isso. Amante do frevo desde menino, quando escutava rádios do estado vizinho, ele é considerado 'o mais pernambucano entre os baianos' e é respeitado por todos os maestros do ritmo centenário. Por que a ligação de Moraes com o Recife é tão grande?

Nesse quinto e último episódio, tratamos do retorno do músico ao Carnaval de Salvador, a partir de 2010, após sete anos de exílio no Recife. E o melhor: num trio pipoca, como ele sempre desejou e lutou para conquistar. De volta, o mestre encontrou uma nova fase da festa: a indústria do Axé Music começava a perder força e o folião passou a exigir que as cordas fossem retiradas dos trios.

Tratamos também dos seus derradeiros Carnavais, que contaram com uma obra do destino. Nos seus três últimos anos, Moraes se apresentou na Praça Castro Alves. Sim, naquele mesmo chão que presenciou toda a sua obra: o viu despertar para a folia, tornar-se o primeiro cantor do trio, arrastar multidões, apresentar clássicos para a eternidade. Enfim, da Praça à Praça, Moraes fez a história.

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O Correio Folia é uma realização do jornal Correio com o apoio da Bohemia Puro Malte e da Drogaria São Paulo. A transmissão é da ITS Brasil e E_Studio.

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Por que contar a história de Moraes Moreira no Carnaval é contar a história do próprio Carnaval?

Além de todos os seus dons musicais, tão conhecido por sua participação nos Novos Baianos e por sua carreira solo, Moraes Moreira tinha o dom de revolucionar o Carnaval.

Em sua primeira participação num trio elétrico, em 1975, foi ousado: pegou um microfone que era ‘proibido’ por Dodô e cantou. Foi assim que a voz subiu o caminhão pela primeira vez em 25 anos, lançou inúmeras estrelas desde então e a festa mudou de cara.

Mas não parou por aí. Graças à ajuda dos seus ex-parceiros de Novos Baianos, participou do primeiro grande encontro de trios na Praça Castro Alves. Continuou divulgando e defendendo a história do Carnaval e do trio pipoca ao longo dos anos 80.

Ousado, realizou o sonho de Caetano Veloso e de Gilberto Gil ao adaptar o ritmo do ijexá para as cordas e, consequentemente, para o trio elétrico. Ao unir o ritmo dos blocos afoxés e o som eletrizado, lançou com Chame Gente o hino e a imagem que a partir dali todo o mundo teria do Carnaval da Bahia.

Mas também teve espaço para irritação. Moraes sempre foi crítico da comercialização do Axé Music, das cordas e dos camarotes que se espalhavam por Salvador. Irritou-se tanto que trocou a Bahia por Pernambuco, num exílio que atravessou a década de 90 e os anos 2000.

Mas, antes de se despedir de um dos seus maiores nomes, o Carnaval tinha que fazer as pazes com Moraes Moreira. Em 2010, o herói retornou às ruas de Salvador, num trio pipoca, como ele gostava, e saboreando um novo momento da folia, já com o sumiço progressivo das cordas.

Ou seja: Moraes sempre teve o Carnaval como parte de si, e a ele retornou na hora certa para resgatá-lo. Despediu-se em 22 de fevereiro de 2020, na Praça Castro Alves, a origem de tudo.

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