Pai de vítima consola mãe de sequestrador: 'Dor dos dois lados'

"Como ser humano, fui ajudar", afirmou. Criminoso foi morto

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  • Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2019 às 20:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ricardo Cassiano/Ag. O Dia/AFP

O pai de uma das pessoas feitas reféns durante o sequestro de um ônibus que parou na Ponte Rio-Niterói por mais de três horas foi até a Delegacia de Homicídios de Niterói nesta terça-feira (20) e consolou a mãe do criminoso. Paulo César Leal, 54 anos, encontrou a mulher, que prefere não ser identificada, já no portão. Ela passou cerca de uma hora sendo ouvida e, segundo a polícia, passou mal."Como ser humano, fui ajudar, porque naquele momento a dor é dos dois lados. Eu não tenho poder de julgar nem falar qualquer coisa que seja boa. Só falei para ela ter calma e confiar. O que eu vou dizer para ela, de conforto? Não tem o que dizer", disse ao Uol.Diariamente, Paulo César leva a filha, a historiadora Raiane Leal, 24, até o ponto de ônibus. Ele deixou a filha no local por volta das 4h40, quando ela entrou no ônibus Alcantara x Estácio. Ainda de manhã, recebeu a notícia do sequestro de um ônibus, inicialmente pensando que não poderia ser o da filha, pelo horário. Mas ao tentar e não conseguir falar com Raiane, ele ficou preocupado. Ao assistir o caso na TV, acabou notando que se tratava, de fato, do ônibus em que Raiane estava.

"Senti uma aflição, uma coisa muito difícil. Tentei procurar me manter calmo, porque tenho minha outra filha e minha esposa. Eu tenho os problemas de coração, ela também. Tentei manter a calma, mas foi difícil", conta. Ele viu quando ela foi liberada. "Reconheci ela na hora em que saiu. No primeiro momento, a gente não quer acreditar. Mas a imagem passou mais uma vez e confirmei. Ainda não respirei, mas estou tentando".

Ele explicou sua motivação: "Como ser humano, fui ajudar, porque naquele momento a dor é dos dois lados. Eu não tenho poder de julgar nem falar qualquer coisa que seja boa. Só falei para ela ter calma e confiar. O que eu vou dizer para ela, de conforto? Não tem o que dizer", contou Paulo.

Ele diz que vai orar pela família de Willian Augusto da Silva, 24. "Infelizmente aconteceu isso com ele. Deus não quer isso para ninguém, mas naquele momento não tem o que fazer. A gente ora pelos familiares, pela mãe dele. Mas ainda bem que minha filha está bem",

Willian foi baleado quatro vezes. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Municipal Souza Aguiar, mas não resistiu aos ferimentos.