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Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2022 às 04:58
Pacientes com quadros mais graves de Covid-19 apresentam como principal sintoma a falta de ar, podendo evoluir para insuficiência respiratória. Dos pacientes infectados, cerca de 9 a 15% necessitam de ventilação mecânica invasiva. A infectividade do SARS-CoV-2, vírus causador da doença, é altíssima e sua transmissão ocorre por contato, gotículas e aerossóis, fato que gera uma grande preocupação diante de qualquer procedimento relacionado à manipulação das vias aéreas. Diante deste cenário, a pandemia iniciada há mais de dois anos resultou em uma pressão sem precedentes sobre a estrutura e os profissionais de saúde. A superlotação hospitalar, a escassez de leitos disponíveis de unidades de terapia intensiva (UTI) e a necessidade de aumento rápido do “pool” de ventiladores mecânicos foram problemas comuns a todos os países acometidos.
Todos esses elementos acarretaram grandes desafios para os cirurgiões torácicos, principalmente diante da grande demanda de procedimentos invasivos e da necessidade de adaptação técnica e profissional da especialidade à nova realidade. Evitar a contaminação da equipe nos períodos mais tensos não foi fácil. De todas as cirurgias realizadas pelos cirurgiões torácicos, a traqueostomia foi a mais frequente, já que se tornou uma importante estratégia para acelerar o desmame da ventilação mecânica e aumentar a disponibilidade de ventiladores e leitos de unidade intensiva para outros pacientes.
Além dela, as drenagens torácicas e a cirurgia de descorticação pulmonar também foram comuns, indicadas principalmente para tratamento de complicações pulmonares relacionadas à ventilação mecânica, sangramentos intratorácicos (devido a anticoagulação da maioria dos pacientes graves) e a infecções bacterianas sobrepostas a covid-19. Nos casos mais graves associados à falência pulmonar aguda, a despeito de todas as medidas clínicas, a instalação da ECMO (membrana de oxigenação extracorpórea) foi uma importante alternativa para o tratamento, realizado tanto por cirurgiões cardíacos como torácicos.
Além de ser responsável por tratar complicações agudas associadas à infecção pela covid-19, o cirurgião torácico atualmente lida com sequelas dos pacientes graves que sobreviveram. Foi nítido o aumento da incidência das doenças da traqueia, tais como estenose traqueal e fístulas traqueo-esofágicas, relacionadas à intubação prolongada, gravidade do quadro clínico, falta de estrutura adequada dos hospitais de campanha e sobrecarga do sistema de saúde. Esse cenário fica ainda mais claro e real no contexto do Sistema Único de Saúde.
É evidente que a pandemia sobrecarregou o sistema de saúde como um todo, tanta ao nível estrutural como de recursos humanos. Junto com os demais profissionais de saúde, o cirurgião torácico teve um papel fundamental no cuidado aos pacientes e no combate à pandemia.
Leandro Públio é cirurgião torácico e presidente da Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares ou Torácicos do Estado da Bahia (Cardiotórax).