Parada Gay de Salvador pede respeito e celebra a Amazônia

Realizado pela primeira vez no Dique, evento dividiu opiniões sobre o novo local

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  • Fernanda Meneses

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 22:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO

“Mesmo que não me aceite, me respeite”. Foi essa uma das frases mais ditas neste domingo (22), durante a 18ª edição da Parada LGBTQ+ de Salvador que foi realizada pela primeira vez no do Dique do Tororó e teve como tema ‘Stonewall 50 anos, GGB 40: Resistência mais do que nunca!’.

Todas as outras edições do evento foram realizadas no Campo Grande e fazia o percurso já conhecido do Carnaval, passando pela Av. Sete de Setembro e retornando pela Rua Carlos Gomes. “Está babado, está fechação, mas o lugar podia ter sido melhor”, afirmou, em meio à multidão, o estudante universitário Ícaro Ataíde, 21 anos, sobre a mudança do local que não agradou alguns dos presentes.

A mudança de lugar da Parada 2019 se deu pelas reformas que estão acontecendo no bairro do Campo Grande. Para a Miss Subúrbio Gay, Amanda Magra, a mudança tirou o foco do evento. “Eu preferia mil vezes que fosse na Barra! Aqui, eu acho que abafa o que é a Parada Gay de Salvador. Tira o foco e a visibilidade”, declarou Amanda. O trânsito no Dique e localidades próximas foi alterado para uma melhor mobilidade de quem estava indo para o evento.

Os amigos Eric de Menezes, 19, e Plínisson Luís, 18, curtiram o novo local. “Eu achei aqui mais apertado, mas está ótimo”, afirma Plínisson. “O dia de hoje é celebrar aquilo que mais a gente teme e o que mais a gente tem que mostrar”, declarou, a estudante técnica em radiologia Daiane Oliveira, 22, que stava alí pela luta e diversão que o dia proporcionou.

A animação musical contou com dez trios, tocando músicas desde o pagodão baiano, passando pelo pop, até clássicos da disco music, como I Will Survive, musica considera hino da comunidade LGBTQ+. Um dos trios que mais levou gente, foi o trio da cantora e ex-vereadora Léo Kret.

Em cima do trio da cantora, que esse ano estava com o tema Amazônia, estavam as drags Ninha Problemática e Miguela Magnata, além das bandas A Dama do Pagode e a banda Bate Staka.

Segundo Léo Kret, o tema escolhido é para chamar a atenção aos problemas enfrentados pela Amazônia e o dia de ontem foi mais um dia para reafirmar a importância da comunidade. “Nós precisamos estar manifestando as nossas vontades, indo atrás de nossos direitos e é por isso que o tema do meu trio hoje é a Amazônia, porque, assim como os LGBTs, está sofrendo. Porque eles querem que a gente suma, mas nós não vamos ser destruídos porque somos o oxigênio para muita gente”, afirmou a cantora.

Apesar de toda festa para comemorar os 18 anos da Parada, um dos criadores do evento e Presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, 51 anos, não estava presente por problemas de saúde. Em um comunicado feito em uma das suas redes sociais, Marcelo revelou que está com câncer no sistema linfático. “Descobri um tipo de câncer linfático". Em um desabafo, o Marcelo lembrou que sobreviveu a um "AVC dramático" e confessou sentir medo de "voltar a ser como era antes", "de dormir e não acordar mais" por causa do câncer.  

*Sob supervisão da editora Doris Miranda