Paródias baianas do Met Gala viralizam nos EUA; até Kim Kardashian compartilhou

Dum Ice e John Drops bombaram com versões esculhambadas de desfile extravagante

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  • Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2021 às 06:03

- Atualizado há um ano

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Reprodução/Instagram Se você chegar num ponto de ônibus em Salvador e falar, mesmo que baixinho, “Met Gala”, vai receber olhares de reprovação, afinal, a gente usa muito palavrão, mas raramente se rebaixa a tal nível. E se gritar “Met Gala!” lá em Narandiba, aí o povo já vai olhar para a porta do Juliano a fim de confirmar que esqueceram ela aberta.

Bom, eu não vou explicar o motivo desse estranhamento à sua pessoa, até porque a coluna é mais para locais e iniciados – pergunte a qualquer baiano, que não tô aqui pra falar de Cine Privé, muito menos de Sessão de Gala. Vim no embalo de um dos assuntos mais comentados da semana: o desfile do tal Met Gala, em Nova York, e toda a extravagância que lhe é peculiar.

Esse rolê já rola dos tempos, organizado pela Vogue America, mas confesso que só me atentei por agora, com a presença de Anitta e toda a repercussão em memes, da qual a Bahia nunca fica de fora. O melhor exemplo foi um vídeo do humorista Dum Ice, que gravou uma paródia da tal festa no Alto do Coqueirinho, e acabou viralizando até nos States. 

“O pessoal dos Estados Unidos tá tudo postando esse vídeo. Eu fico só recebendo os prints”, contou ele à coluna, celebrando os risos e elogios de muitos famosos brazucas, mas também de people da gringa, como a atriz e comediante americana Amanda Seales, estrela da HBO.

Na gravação, feita na rua onde mora, Dum Ice aparece desfilando com “looks” muito doidos feitos com colchão velho, pedaço de pano rasgado, burca improvisada, banquinho e até guarda-chuva na cabeça.“Eu tava em casa assistindo e falei: ‘por que esse pessoal tá todo mundo coberto assim?’ Aí pensei, ‘rapaz, vou fazer do meu jeito’. Eu tava fazendo a reforma lá de casa, então, tudo já tava lá fora. Tinha fogão, cama... Aí eu pensei em me vestir de tudo aqui e fazer o Met Gala do jeito que estou vendo”, explicou o comediante.Em papel coadjuvante, fazendo a plateia animada do Met Gala baiano, aparece o vizinho de Dum, Seu Lula. “Eu cheguei pra ele e falei: ‘Lula, bate palma toda vez que eu passar’. Acho que nem ele entendeu”, relatou. Anitta no Met Gala e John Drops: "Look: quando to com dor de barriga, mas mesmo assim quero ir pro rolê" (Reprodução/Instagram) Outro que também bombou (aqui e lá fora) com as versões estragadas da extravagância de estrelas como Kim Kardashian, Billie Eilish e Lil Nas X foi o publicitário e influenciador baiano John Drops, que tem ainda mais penetração no mundo das moda e celebridades.

Fã incondicional de Kim, ele foi "notado" por ela pela primeira vez após lançar o pastiche do look esquisito (fotos abaixo) que ela meteu no Met Gala. "Meu trabalho, que comecei na cozinha da minha casa em Salvador, ser reconhecido pela Kim, é mostrar que estou no caminho certo. (...) Obrigado, Kim Kardashian. Você não tem ideia o gás que você deu, para aquele menino que te acompanha desde 2009, sobre o que é realizar sonhos", declarou John, após a imagem ser repostada nos stories da Pelé das influenciadoras. Kim Kardashian no Met Gala e a versão de John Drops (Reprodução/Instagram) Kim Kardashian compartilhou versão de look feita por baiano (Reprodução/Instagram) Colé de merma desse Met? Não consegui falar com John, o que é uma pena, mas tal desencontro concedeu-me a honra de ter os comentários da minha querida colega de CORREIO, Gabriela Cruz, nesta coluna. Jornalista especializada em Moda e, portanto, craque do riscado (que o diga o Afro Fashion Day), pedi que ela me explicasse com mais profundidade o que é e qual é a do Met Gala.

“O evento nada mais é do que o baile de gala mais exclusivo e extravagante do mundo. Este ano, depois da edição de 2020 ter sido cancelada e a festa de 2021 adiada, o evento finalmente ocorreu, marcando a abertura da exposição anual de moda do Costume Institute, galeria destinada à moda que fica dentro do Metropolitan Museum, em Nova York, onde a festa acontece”. Massa. E o que mais?

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“A cada edição, o evento celebra o tema da mostra do Costume Institute daquele ano, direcionando as escolhas para o traje da noite, já que os convidados devem escolher seus figurinos para combinar com a exposição. O objetivo da festa é arrecadar fundos para o tradicional museu e se tornou, desde sua criação, em 1948, um fenômeno pop que atrai a atenção global”. Saquei. Mas se eu juntar uma grana dá pra colar?“Os ingressos para a festa custam tanto quanto um carro novo, mas estar nela é uma chance de os estilistas mostrarem suas criações no corpo de celebridades como Kendall Jenner, Rihanna, Billie Eilish, Lady Gaga ou Rosé, do Black Pink, e ainda ajudar uma boa causa”. Deixa quieto. Já vi que não é pra quem ganha em real. Ou é?“Esse ano, Anitta se juntou ao time de estrelas que desfilaram pelo red carpet do evento, acompanhada do designer de calçados brasileiro Alexandre Birman, que a convidou para o baile. A cantora teve o look – um vestido sexy assinado pelo designer queridinho do povo Peter Dundas – escolhido por ninguém menos que Anna Wintour, a toda poderosa editora-chefe da edição americana da revista Vogue e diretora de conteúdo global da Condé Nast. Ela é presidente do evento desde 1995, assumindo sua liderança anual em 1999”. Espero que Paulo Carneiro não tenha a mesma longevidade no cargo. Mas, sim, vi uma galerinha falando mal da brincadeira. Por quê?

“Muitos podem criticar o evento, que de fato poderia ter um tom mais político ou de protesto, aproveitando o excesso de mídia dispensado em sua cobertura. Mas é inegável sua importância para a moda, mesmo em sua forma mais excêntrica. Afinal, a roupa é também um jeito de comunicar o que queremos, pensamos e validamos. E quando usada por gente com milhões de seguidores nas redes sociais ganha uma outra dimensão que vai muito além do estilo de cada um”. Perfeito, Gab! 

Confesso que ensaiei entrar numa discussão mais aprofundada sobre a capacidade dos baianos de lançarem moda aqui e lá fora, antes e agora. Apenas em aspectos carnavalescos, dá para citar o axé, o trio elétrico e o shortinho gera samba como coisas que pegaram; ou a bandana de Bell, as caxirolas de Brown como coisas flopadas. Vou estudar melhor o assunto, embasar melhor o argumento e volto a qualquer momento com novas informações.