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Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2022 às 13:11
- Atualizado há 2 anos
A advogada baiana Mila D'Oliveira, 34 anos, viveu uma situação difícil no final de semana quando, ao chegar a Salvador após uma viagem, sua cadeira de rodas não foi encontrada pela equipe da LATAM, responsável pelo voo. Ela chegou na noite de sábado (9) e usou o Twitter para amplificar sua denúncia. "A LATAM simplesmente esqueceu minha cadeira de rodas sei lá onde. Eu cheguei em Salvador e não tem minha cadeira. O nível de humilhação, de desrespeito disso, eu não tenho nem condições de falar agora", escreveu Mila.>
A cadeira foi devolvida ontem, conta Mila, mas não está no mesmo estado em que foi despachada. "Mas a cadeira visivelmente não estava do jeito que deixei. Uma pessoa do aeroporto me mandou uma foto, dizendo que tinham localizado. Eu vi que o pé estava solto. Estava com alguns cabos desconectados, que não autorizei deles desconectarem. Tudo é muito sensível, muito frágil, não tem necessidade de ficar desconectando. Não autorizei ninguém a mexer na cadeira. E ela já chegou diferente", conta.>
A cadeira motorizada é personalizada para o uso de Mila. "Quando sentei nela já senti, algo muito difícil mensurar, mas senti que ela está falhando. Como se ela estivesse hesitando um pouco. Como se fosse um delayzinho em caminhadas maiores", explica Mila.>
A advogada viajou com a família de férias para a Itália. "Esse era um dos meus maiores medos", diz."Esse caso não é isolado. As companhias aéreas estão constantemente quebrando cadeiras de roda, elas não tem cuidado, elas extraviam, elas danificam", conta."Tenho muito medo quando viajo de avião, menos pelo avião e mais por essas coisas", diz, afirmando que já passou por situações em que sua cadeira foi quebrada em viagens.>
"Eu pretendo tomar medidas judiciais, não só em relação ao conserto da cadeira, mas ao dano moral que aconteceu comigo. É muita humilhação você chegar em sua casa depois de 15 horas de voo, e você não ter algo que não é uma simples roupa, mala. É uma cadeira de rodas, é a maneira que eu estou na vida. Desde que eu tenho 4 anos eu uso cadeira de rodas, é como acesso todas as minhas coisas, como eu trabalho, como eu vivo minha vida".>
Mais cuidado Para Mila, é preciso que as companhias aéreas tenham mais cuidado ao transportar cadeiras de roda. "Precisam entender a cadeira como algo fundamental que ela é", diz. "Isso não pode ficar acontecendo o tempo todo", reforça.>
A advogada conta que ao comprar a passagem, informou que viajava com a cadeira de rodas e deu todos os detalhes pedidos. Mas ao chegar em Salvador, enquanto aguardava para ser retirada, percebeu uma demora maior. Depois, ela foi informada que a cadeira não estava no porão e estava sendo procurada. "Quando a gente compra uma passagem a gente indica que é uma pessoa com deficiência. Eu preenchi isso tudo, eu disse qual era minha deficiência, qual era minha cadeira. Não é como se eles não pudessem se preparar com antecedência, sabe?", questiona.>
Mila diz que os funcionários ainda ponderaram se ela poderia sair do aeroporto com a cadeira de rodas da empresa. "Não existe nada fluido, nada já feito, como seria com qualquer outro cliente. Tudo parece que é feito como se fosse uma grande exceção". >
No domingo, por volta de 10h, a empresa entrou em contato afirmando que a cadeira havia sido localizada no aeroporto de Guarulhos (SP). Uma mala de uma prima que viajou com Mila também foi extraviada e localizada em Guarulhos."A mala, a gente sabe que existe esse problema, são centenas de malas num voo. Mas uma cadeira de rodas não pode ser tratada da mesma maneira, porque não é algo que você consegue substituir facilmente. Nem se eles chegassem aqui com chegue de R$ 20 mil eu consigo comprar uma cadeira igual no mesmo dia ou na mesma semana. Uma cadeira que é adaptada à minha altura, meu tamanho", explica.Mila diz que ao devolver a cadeira, a empresa solicitou que ela assinasse um documento afirmando que a cadeira estava em estado perfeito, o que ela não fez. >
Em nota, a LATAM informou que "se sensibiliza e lamenta o ocorrido". "A companhia esclarece que não mediu esforços para localizar a cadeira de rodas da cliente, que estava retida na Receita Federal (alfândega) em Guarulhos, situação totalmente alheia ao controle da companhia. A LATAM reitera que prestou toda a assistência necessária à cliente e que a cadeira de rodas já foi entregue a ela", diz o texto.>