Paul McCartney: na estrada aos 80

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  • Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2022 às 10:30

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Foto: Divulgação Na sua mais recente vinda ao Brasil, em 2019, Paul McCartney disse que achava que o sucesso dos Beatles só duraria uns 10 anos. Mas o impacto da obra dos quatro rapazes de Liverpool continuou e continua se expandido muito além da sua previsão.

“Quando eu era um rapaz, qualquer pessoa com 40 anos parecia um vovô. Era como as coisas funcionavam. Mas aqui estou eu agora, ainda fazendo turnê”, disse Ringo Starr numa entrevista em 2015.

O próprio Paul achava, na juventude, que um roqueiro não passaria dos 25. Depois, achou que não passaria dos 30, até perceber que, na verdade, não havia limite e nem impedimento nenhum para seguir com sua carreira.

Hoje, Paul McCartney completa 80 anos. Na semana que vem, será o artista mais velho a encabeçar o Festival de Glastonbury, na Inglaterra.

Em Liverpool, a Mathew Street foi renomeada temporariamente como McCartney Street, em homenagem aos 80 anos de Macca. É lá que fica o lendário Cavern Club, onde os Beatles começaram. Além da mudança do nome da rua, vários eventos na cidade natal dos Fab Four vão celebrar o aniversário de Paul.

Há dois dias, ele ouviu os parabéns antecipados no palco do estádio MetLife, em East Rutherford, na grande Nova York. Foi no encerramento da fase americana da sua “Got Back Tour”, seu retorno aos palcos após o início da pandemia, numa turnê que deve novamente rodar o mundo.

Na nova turnê, Paul faz um dueto virtual com John Lennon em “I’ve got a feeling”, usando a gravação da última apresentação da banda, o famoso “Rooftop Concert”, em 1969, mostrada recentemente na minissérie documental “The Beatles: Get Back”. Com o áudio dos vocais de John, e sua imagem aparecendo no telão, os dois voltam magicamente a cantarem ao vivo, o que não acontecia desde aquela apresentação no terraço da Apple. Imagem: Reprodução O ano em que Paul nasceu, 1942, é um talismã na história da música. A quantidade de futuros grandes artistas musicais que nasceram naquele ano, enquanto o mundo era tomado pela guerra, seria sentida como um estrondo a partir dos anos 60.

Canhoto num ambiente em que os instrumentos são feitos para destros, Paul viu num baixo Hofner, um instrumento de curvatura simétrica, a melhor saída para driblar a desadequação. Sem saber, criara ali uma imagem de si mesmo com seu instrumento que se tornaria célebre.

Poucos dias após o lançamento do disco “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, Jimi Hendrix, o outro canhoto da Geração 42, tocou a faixa de abertura do disco pela primeira vez ao vivo.

No intervalo de uma apresentação de Hendrix, “Garota de Ipanema” começou a tocar no salão. Paul então, como num reflexo, olhou para Lizzie Bravo, a garota carioca que foi para Londres e conheceu os Beatles.

“The fool on the hill” foi a tentativa de Paul de fazer algo próximo à Bossa Nova, tão em voga nos anos 60. “Kreen-Akrore”, de seu primeiro disco solo, é sobre uma tribo indígena brasileira que se escondia do contato exterior.

“How many people”, de 1989, é dedicada à memória do ambientalista Chico Mendes, assassinado no ano anterior. “Back in Brazil”, de 2018, que ganhou um videoclipe filmado em Salvador, é a homenagem de Paul ao país que ficou tão presente em sua vida, principalmente a partir de 2010, quando passou a fazer shows por aqui com frequência.

A longevidade faz Paul viver para ver o próprio legado. Seu passado sempre presente, como no título da música “My ever present past”, o impulsiona para o futuro, e ele segue na estrada aos 80.

Em “Women and Wives”, a canção mais bonita do disco McCartney III, que ele gravou durante a pandemia tocando todos os instrumentos, Paul canta que continua perseguindo o amanhã. Na fantástica “Live and let die”, contrariando o título, ele canta: “viva e deixe viver”.

*Lucas Fróes é jornalista.