Pela democracia rubro-negra

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Correio me dá a ousadia de publicar esta coluna desde 2011. Naquele ano era só virtual, tratando exclusivamente de coisas do Vitória. Em 2012, o texto passou para o papel, uma vez por semana, circulando Bahia adentro com histórias das mais diversas, contando causos da vida e do jogo (o que dá mais ou menos no mesmo), abrindo o campo para economia, política e comportamento, tudo que, ao fim e ao cabo, o esporte é.  

Há sete anos, quando a coluna ampliou seu espectro de assuntos, as coisas do Vitória seguiram com espaço amplo, claro, e com um olhar voltado especialmente para o extra-campo, afinal, é sempre mais fácil marcar a bola, mas grande parte das jogadas se desenha antes do pontapé inicial.

A partir de 2015, as discussões sobre a democratização rubro-negra começaram a tomar mais fôlego entre torcedores e esta coluna seguiu o rastro. Com orgulho, posso dizer que muitos textos aqui publicados serviram de referência em reuniões da torcida e trechos chegaram a ser mencionados em assembleias dos sócios. Sim, assembleia dos sócios, aquela instância soberana (ou que deveria ser) da instituição.

Fato é que entre idas e vindas, arranjos, manobras de bastidores e cães raivosos que nunca quiseram largar o osso, a democracia chegou à Toca do Leão - não sem criar arestas, por óbvio.

O Esporte Clube Vitória tem uma lista imensurável de problemas, mas confesso que por algum tempo vivi a ilusão de que esta questão, a da democracia, já estava resolvida e pacificada. Imaginei que era só uma questão de tempo para a gestão democrática ser aperfeiçoada e os mecanismos de fiscalização e controle se solidificarem. Só um otário poderia crer nisso.

Hoje, despeço-me desta coluna com a triste sensação de que, graças aos caminhos que foram abertos pela própria luta democrática, o autoritarismo voltou a imperar no Vitória. Parece paradoxal, e é, mas a vida é isso. 

Com Paulo Carneiro à frente, o grupo que hoje rege as ações na Toca só assumiu as posições de comando porque a torcida (contra o desejo de muitos deles) batalhou por eleições diretas e formação proporcional do Conselho Deliberativo. Sem isso, dificilmente lá estariam, a começar pelo presidente.

Foram os sócios rubro-negros que, reunidos em assembleia geral, anteciparam o fim do mandato de Ricardo David e convocaram novas eleições. Estes mesmos sócios decidiram que, amanhã, deve ocorrer uma nova assembleia para reformar o estatuto do clube, que precisa sim ser aperfeiçoado para evitar desmandos.

Eis que estes sócios acabam de ser golpeados. Em manobra infame, o grupo que dá suporte a Paulo Carneiro agora expõe sua faceta despótica, tentando escantear uma decisão da soberana assembleia. Falam em votar um novo estatuto só em novembro, o que é nada mais que uma enrolação desavergonhada.

Torcedor do Vitória, não caia nessa! O que eles querem é simples: fazer com que o clube volte a ter donos. Amanhã tem assembleia. Qualquer coisa diferente disso é engodo.

Com este recado, tiro o time desta coluna.

Sei que é improvável, mas se o caro leitor ou a bela leitora sentir falta, sigo batucando coisas por aí, como na BBC ou na Piauí, e às vezes até em roteiros que vão parar num cinema aqui e acolá. Topamos pelo caminho!

Victor Uchôa é jornalista.