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Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Eu não quero de maneira alguma questionar a necessidade do recurso do árbitro de vídeo no futebol. A tecnologia era fundamental para corrigir as injustiças no esporte mais popular do planeta, sobretudo no Brasil, onde nos acostumamos a lidar com erros de vários tipos por parte da arbitragem. O que não dá para fazer é fingir que está tudo bem. Não, não está. Se é certo que o VAR ajudou a reduzir em larga escala os erros capitais, certo também é que os jogos estão ficando muito tempo parado.
O Bahia foi um dos beneficiados pelo árbitro de vídeo na rodada do fim de semana do Campeonato Brasileiro. Além de ratificar a decisão do árbitro de campo de expulsar Felipe Melo por uma ação violenta e desnecessária em cima de Lucca, o VAR foi fundamental para que os dois pênaltis convertidos por Gilberto fossem assinalados. O problema é que entre ser acionado pela cabine e decidir se iria ou não ao monitor, Igor Junio Benevenuto demorou uma eternidade.
Está aí algo que não consigo entender. Se os profissionais da cabine detectam um lance suspeito, como o toque de mão de Diogo Barbosa ou a falta de Luan em Arthur Cayke, por que tamanha demora em solicitar que o árbitro se dirija ao monitor? Benevenuto levou mais tempo decidindo se iria checar o lance do que o analisando de fato. Enquanto isso, ficou suscetível a todo tipo de pressão de atletas das duas equipes, enquanto era observado por dezenas de câmeras de transmissão.
A demora foi tanta que a partida teve cinco minutos de acréscimo no primeiro tempo e dez no segundo. Foram 15 minutos só de acréscimo! É inconcebível por diversos motivos, entre eles a perda de fluidez do jogo e de concentração dos atletas. Tricolores e palmeirenses ficaram visivelmente nervosos, e a qualidade de uma partida que começou interessante caiu brutalmente. Quanto aos torcedores, deu tempo de comprar uma cervejinha, dar um pulo no banheiro, pagar uma conta no celular ou escolher a refeição através de um desses aplicativos que estão na moda.
A experiência do árbitro de vídeo na Inglaterra, que entrou em vigor no último fim de semana, serviu para desmoralizar o uso da tecnologia no Brasil. Enquanto por aqui se leva três, quatro ou cinco minutos para checar os lances, os ingleses o fizeram em menos de um minuto. Mal há quebra no ritmo de jogo. Lá, sim, é colocada em prática a ideia de “interferência mínima, benefício máximo”, conceito que está muito longe de ser experimentado no Brasil.
Outro ponto que me incomoda é o pouco valor que tem se dado à interpretação do árbitro de campo. Em lances em que ele está próximo e tem ampla visão da jogada, deveria valer sua interpretação. Se ele viu determinado lance no calor do momento, por que chamá-lo ao monitor para fazer uma reinterpretação em câmera lenta?
Foi isso que aconteceu no segundo pênalti marcado a favor do Bahia. Que fique claro: eu achei pênalti. Mas o árbitro não. Ele estava perto e tinha ampla visão do lance. No calor do momento, considerou normal a jogada. Só com o auxílio do VAR marcou o pênalti. Não me parece a melhor forma de usar a tecnologia em prol do futebol.
Rafael Santana é repórter do globoesporte.com.