Pesquisa aponta melhoria da qualidade dos cafés brasileiros

A qualidade dos grãos foi favorecida pelas boas condições meteorológica

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  • Georgina Maynart

Publicado em 8 de janeiro de 2019 às 14:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Angeluci Figueiredo/Arquivo CORREIO

O café, uma das bebidas preferidas dos brasileiros, está cada vez melhor. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Cafépoint. Cerca de 68% das pessoas que participaram do levantamento afirmaram que a qualidade do café colhido em 2018 foi superior à de 2017. Cerca de 23% disseram que a qualidade permaneceu igual, enquanto apenas 9% consideraram a safra do ano passado pior do que a anterior.

De acordo com a pesquisa, a qualidade dos grãos foi favorecida pelas boas condições meteorológicas registradas durante o período de colheita. A pesquisa teve a participação de 282 produtores rurais de 143 municípios dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Bahia e Rondônia. Não por coincidência, os seis estados são os principais produtores do Brasil, e ajudam a manter o país como o maior produtor e exportador de café commodity do mundo.

Cerca de 93% dos produtores que participaram da pesquisa cultivam o arábica, enquanto 7% são produtores de café conilon.

A quantidade produzida também foi avaliada como positiva. Aproximadamente 84% dos cafeicultores obtiveram um volume de safra igual ou superior a 2017. Os números confirmam as estimativas e resultados apontados por outros levantamentos do setor. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra brasileira de café registrou um aumento de 33,2% entre 2017 e 2018.

“Os resultados foram muito satisfatórios, e condizentes com os concursos de qualidade que tem ocorrido, com safras sendo premiadas com valores recordes”, afirma Maciel Silva, assessor técnico da CNA.

Perfil do cafeicultor A pesquisa também confirma o perfil, já apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o porte dos cafeicultores brasileiros e a importância dos pequenos produtores para o desenvolvimento da cafeicultura no Brasil.

Cerca de 66% dos produtores de café mantem plantações com menos de vinte hectares, 22% tem entre 20 e 80 hectares, e 12% acima de 80 hectares.

Apenas 27% destes produtores rurais realizam a colheita mecanizada nas fazendas. Os outros 73% usam métodos manuais ou semimecanizados para retirar os grãos dos cafezais.

Muitos cafeicultores alegaram que a mecanização exige altos investimentos que dificultam a modernização do sistema. Assim, muitos ainda utilizam técnicas como a derriça manual, ou a derriçadora acoplada ao corpo, que exigem menores recursos financeiros. (Foto: Latitude 13/Divulgaçao) Comercialização Cerca de 64% dos produtores disseram que realizam a comercialização no momento da colheita, ou armazenam os grãos para escolher depois o melhor momento de venda.

Apenas 36% dos cafeicultores afirmaram realizar a venda futura da produção. Para os especialistas, o baixo número de comercialização através do mercado futuro é preocupante, pois coloca o produtor em posição de risco, ao não considerar as oscilações climáticas e sazonais do preço no mercado internacional. O comércio futuro é comum em outras commodities, como a soja. Nos contratos fechados através desta modalidade de negócio, tanto os produtores, quanto os compradores, se comprometem a comprar e vender determinada quantidade da safra em uma data futura, com um preço predeterminado. Muitas vezes os preços são estabelecidos antes mesmo da retirada dos grãos da lavoura.

Combate a pragas Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 88% dos produtores de café disseram que usam produtos químicos no controle de pragas e doenças, enquanto 12% afirmaram não usar este tipo de produto para proteger as lavouras.

Entre as pragas e doenças mais comuns, estão a ferrugem, o bicho mineiro, a broca-do-café, a mancha do olho pardo, cochonilhas e a phoma, doença que ataca as folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro.

“A pesquisa se torna um instrumento importante para nós, da Comissão Nacional do Café, por que ela traz os principais problemas vivenciados na safra. A pesquisa pode direcionar a gente para requisitar junto ao governo o registro de novos produtos, e a tomada de decisões que possam favorecer o produtor”, acrescenta Maciel Silva.

Setor em crescimento O café é a quinta maior commodity nacional, responde por 6% do faturamento total das lavouras brasileiras. Ano passado, o setor colheu a maior safra da história, quase 62 milhões de sacas de café, e faturou cerca de 25 bilhões de reais.

De olho neste mercado, os agricultores estão produzindo cada vez mais. A produção de café aumentou 88% entre 2005 e 2018.

Mas as oscilações de preços ainda são consideradas um problema. A saca do café comum encerrou o ano custando menos de quatrocentos reais, preço considerado ruim para o produtor, que assim não consegue cobrir os custos de produção.

Por isso, muitos cafeicultores estão priorizando o mercado internacional, aumentando a produção de cafés especiais. Mais valorizados no mercado externo, os cafés finos, como também são chamados, são capazes de triplicar o faturamento das fazendas. Eles exigem um sistema diferenciado de produção e colheita, desde a adubação até a separação manual apenas dos grãos maduros.

Muitos agricultores já enviam os melhores grãos para os consumidores de outros países, geralmente dispostos a pagar preços mais elevados pelo bom café brasileiro.