Pesquisa baiana confirma importância da 3ª dose da vacina contra covid-19

Trabalho de pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia foi aceito em uma das mais conceituadas revistas do mundo

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  • Priscila Natividade

Publicado em 4 de abril de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./Secom

A terceira dose de vacinação com a Pfizer produz uma resposta imunológica semelhante à que se verifica pouco tempo após a segunda etapa da imunização com Coronavac e AstraZeneca, é o que aponta o resultado de um estudo realizado por pesquisadores do Centro das Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal do Oeste da Bahia (CCBS-UFOB). Os resultados reforçam o papel das vacinas para ajudar o organismo a manter um bom nível de proteção contra a covid-19 – o que é mantido, restaurado ou até melhorado com a administração da terceira dose. 

A mesma pesquisa mostrou também que  as vacinas Coronavac e AstraZeneca protegem bem contra a covid, entretanto, indicam que há uma tendência de redução a quase zero dos níveis de anticorpos anti-covid-19 no sangue em um período entre quatro e seis meses após a administração da segunda dose vacinal. Jéssica Pires Farias é autora do trabalho (Foto: Divulgação) “O estudo contribui para confirmar a necessidade da terceira dose. Caso contrário, o status imunológico diminui bastante e pode abrir uma janela muito maior de oportunidades para o vírus. Cientificamente, demonstra a baixa longevidade de resposta imune baseada em anticorpos, algo comum para as plataformas vacinais utilizadas contra vírus respiratórios”, explica a biomédica doutoranda e autora do estudo Jéssica Pires Farias.

Reforços frequentes Outra constatação é de que a curta duração da resposta requer reforços mais frequentes, como no caso da vacina contra o influenza vírus, causador da gripe. O estudo discute a necessidade de reforços a cada quatro ou seis meses, como pontua o doutor e coordenador do trabalho biomédico virologista do CCBS-UFOB, Jaime Henrique Amorim. 

Ao contrário do que pensa muita gente, a magnitude da resposta de anticorpos é muito melhor nas pessoas vacinadas em comparação com aquelas que foram infectadas pelo coronavírus, aponta o estudo. Ou seja, mesmo quem teve covid deve respeitar o ciclo vacinal a fim de manter uma boa resposta imunológica ao coronavírus.   “Fizemos essa pesquisa antes do aparecimento da variante Omicron. Tais estudos irão ajudar na melhor formulação de políticas públicas de imunização, com base científica”.Relevância

A universidade baiana teve trabalho aceito para publicação na renomada revista cientifica Journal of Virology, da Sociedade Americana de Microbiologia. O estudo foi realizado a partir de amostras de soro coletadas de 210 indivíduos. Desses 63 (30%) eram do sexo masculino e 147 (70%), do sexo feminino, com idades entre 13 e 66 anos.

Os participantes tinham diferentes históricos de vacinação e de contato com o vírus causador da covid-19. Todas as amostras foram analisadas no Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores (LAIVE), do CCBS-UFOB. As amostras foram coletadas de indivíduos residentes na cidade de Barreiras, no Oeste do estado, no período de setembro a novembro de 2021, em parceria com a Vigilância Epidemiológica municipal.   Jaime Henrique Amorim é responsável pela coordenação da pesquisa (Foto: Divulgação) “Para chegar a esse resultado, medimos os níveis de anticorpos contra a covid-19 presentes no sangue de voluntários com diferentes perfis de imunização ou contato com a doença. O Journal of Virology é o mais prestigiado periódico científico da área de Virologia, dedicada ao estudo dos vírus. A publicação atesta a qualidade e a relevância do estudo”, acrescenta o coordenador, Jaime Henrique Amorim.

Até ontem, a Bahia registrou 11.502.835 pessoas vacinadas com a primeira dose, 10.523.584 com a segunda dose ou dose única e 4.887.976 com a dose de reforço. Do público de 5 a 11 anos, 810.700 crianças já foram imunizadas com a primeira dose e 170.120 já tomaram também a segunda dose. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), registra ainda 1.328 casos ativos de covid-19, além de mais três óbitos. Nas últimas 24 horas foram registrados 67 novos casos. Dos 1.534.051 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.502.997 já são considerados recuperados e 29.726 tiveram óbito confirmado.

Os próximos passos da pesquisa já estão em andamento, como destaca a autora do estudo Jéssica Pires Farias.“Estamos acompanhando a duração de resposta da terceira dose e o efeito da quarta dose. Além disto, estamos trabalhando para entender porque a variante Omicron causou epidemias num cenário de ampla cobertura vacinal”.O estudo é financiado majoritariamente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Também apoiam a pesquisa o Instituto Serrapilheira e o Consórcio Multifinalitario do Oeste da Bahia.